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Krist sabia que ainda levaria algum tempo até que Neo voltasse. Ele estava agitado e não conseguia ficar parado em um único lugar. Rodou a sala, pensando em tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. Como sua vida tinha mudado tanto em tão pouco tempo? Ele agora estava assustado, traumatizado e com raiva. Ênfase na raiva.

Krist caminhou até a janela e observou a rua. Não era uma rua muito movimentada, mas ele foi surpreendido ao ver que Gawin estava passando por ali novamente. Se ele queria descobrir o que o garoto fazia ali, ele precisaria segui-lo. Krist vestiu um casaco, colocou os óculos de sol – como se isso fosse proteger a sua identidade – e saiu de casa.

Gawin caminhava tranquilamente, daquele mesmo jeito que ele adentrou a escola em seu primeiro dia. Krist lembrava perfeitamente de olhar para a expressão do novo aluno e se assustar com a atitude tranquila e concentrada dele, como se nada o abatesse. Ele sentiu um certo misto de curiosidade e medo daquele menino. E se ele fosse o assassino? Mas ele era novo na cidade, como poderia estar por trás das duas mortes? E por que Krist tinha tanta certeza de que as coisas ainda não haviam terminado?

Ele se perdeu em seus pensamentos e percebeu que Gawin havia sumido de sua vista. Krist caminhou a passos rápidos, tentando encontrar aquele a quem ele perseguia. Assim que passou pela casa seguinte, alguém segurou o seu braço e Krist gritou. Era Gawin.

"Por que você está me seguindo?", Gawin perguntou, a voz indiferente.

"Eu não estou te seguindo", Krist mentiu. O que ele poderia dizer afinal? Não iria admitir, ainda mais tendo sido flagrado naquela situação vexatória.

"Então você estava me procurando aqui na rua apenas por que me acha bonito, é isso?", Gawin retrucou. Por algum motivo, aquela fala deixou Krist corado.

"Você não é nem um pouco humilde, não é?" Foi o que Krist pensou para não ficar em silêncio. Ele não iria admitir que estava seguindo Gawin, mas também não iria elogiar a beleza do rapaz, mesmo que ele concordasse que Gawin era basicamente um dos meninos mais bonitos do seu colégio.

"Apenas para de me seguir. Estou te avisando."

E dizendo isso, Gawin começou a andar. Krist já estava se preparando para dar meia volta, quando percebeu que Gawin tinha parado. Sem qualquer motivo, o garoto simplesmente disse:

"A propósito, você fica muito fofo quando está corado."

Krist pensou em rebater aquela provocação, mas Gawin já tinha voltado a se mover. Ele não tinha ficado corado! Quem aquele garoto pensava que era?

Frustrado, Krist começou a voltar para a sua casa.

Alguns minutos depois, já sentado no sofá, Krist pensou em, talvez, ligar para a mãe dele. Apenas para se certificar de que não havia nada de errado. Mas, por fim, resolveu não o fazer. Sua mãe poderia ficar preocupada caso ele ligasse, ainda mais depois do duplo homicídio que tinha acontecido. Se ela tinha viajado, deveria ter um motivo muito forte para isso. Sua mãe jamais lhe deixaria sozinho depois do que havia acontecido, especialmente naquela época tão difícil para eles.

O telefone de Krist tocou. Era First.

"Ei, amigo, você está bem?", First perguntou.

"Estou sim. Aconteceu algo?"

"Eu vi você passando aqui pela frente de casa. Você parecia chateado."

"Eu pensei ter visto uma coisa, mas não era nada demais. E você? Está sozinho em casa?"

"Estou. O Khao estava aqui comigo, mas acabou de sair."

"Foi bom ele ter ido assim mais cedo. Não é seguro ficar andando pelas ruas com um assassino à solta", Krist não conseguiu se conter. Tinha horas que ele acreditava que as mortes podiam ser apenas coincidência, mas às vezes um medo irracional se apoderava dele.

THE KILLER - VERSÃO PTOnde histórias criam vida. Descubra agora