XXXI (final)

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Pelo que pareceram meses (mas, na verdade, foram duas semanas), fiquei preso dentro da casa de Amy, sendo seguido por Sonic constantemente. Meu desejo de sair era controlado por ele, que não me permitia fazê-lo por "estar doente".

- Por favor - repetia diariamente, sendo ignorado pelo azulado -, eu tô bem!

Claro, ele não estava nem aí. Eu já conseguia caminhar, correr, saltitar, qualquer coisa. Mas eu não podia sair porque tinha hematomas pelo corpo. Nas palavras de Sonic, eu ficaria dentro de casa até estar cem por cento curado.

E, quanto mais queremos uma coisa, mais longo o tempo de espera se torna.

Meu único desejo era correr para fora daquele lugar, em direção ao meu destino. Mas nem isso eu podia.

E hoje, finalmente (FINALMENTE), fui liberado. Acordei tão feliz, todo animado, recebendo um delicioso café da anfitriã da casa. Sonic, também, ficava correndo à minha volta, um sorriso grande no rosto. Na última semana, conversamos sobre o que queria fazer após estar livre, e ele concordou de prontidão, apesar de achar estranho tanta empolgação.

Depois de comer e me arrumar, dirigi junto a Sonic até minha casa, que não estava repleta de pó como imaginei porque Amy e Blaze faziam questão de limpá-la para mim (e eu tenho até medo de descobrir o que elas faziam aqui sozinhas). Rapidamente, trotei até o quarto, respirando fundo antes de pegar uma latinha com desenhos esquisitos em volta e retirar todo o dinheiro lá de dentro.

- Eu não acredito que você vai realmente fazer isso... - balbuciou o azul, me mirando da porta. Eu sorri com suas palavras, assentindo brevemente com a cabeça em concordância. - Você é incrível, sabia?

- Você é ainda mais por não ficar enciumado ou bravo por isso.

Adicionando o dinheiro a um envelope, guardei-o no bolso do casaco, me preparando mentalmente pelo que viria a seguir.

- Eu aprendi com você a perdoar. - O azul parou às minhas costas, fazendo uma leve massagem em meus ombros tensos. - Mas ainda acho você muito doido por gastar toda a sua economia de anos com ele.

- Só estou indo atrás do meu destino de uma vez por todas - falo calmamente, virando o rosto em sua direção. Sonic me devolveu o olhar com um sorriso, deixando um selar carinhoso em minha bochecha, próximo aos lábios.

- E a gente só dificultou isso o tempo inteiro.

Não queria ter de concordar com ele, mas ele estava mesmo certo. As coisas só aconteceram daquela maneira porque foi o jeito que ele e Silver escolheram de piorar a vida de todos. Será que, se nada disso tivesse ocorrido, teria sido tudo muito mais fácil? Menos catastrófico?

- Mas vamos dar um fim à guerra agora mesmo - penso alto, sorrindo determinado ao sair do quarto, ainda sendo seguido de perto pelo ouriço.

- Que guerra? - Ao invés de respondê-lo, continuo meu caminho até o carro, confiante. Ao adentrá-lo, esperei por Sonic, que ao fechar a porta e pôr o cinto de segurança, mostrou-me um joinha com o polegar. - Ok, Shadow! Vamos a isso!

𖤜

Eu não podia acreditar que havia mesmo feito aquilo, minha mente divagando enquanto esperava pela saída de Silver da prisão. Meus olhos estavam colados ao grande portão que separava o mundo da cadeia, esperando nervosamente que ele abrisse a qualquer momento. Sonic estava ao meu lado, também aguardando, mas ao contrário de mim, este parecia mais calmo.

Não demorou muito para Silver sair lá de dentro, mas pareceram anos de espera tortuosa. Foi impossível não me mover, ambos correndo um na direção do outro. Quando próximos o suficiente, nos abraçamos como nunca antes, um abraço de urso digno de séculos sem nos vermos. Até mesmo o elevei ao ar, girando-o em meus braços.

Os Mil e Um Você (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora