Love Never Dies

Capítulo 04 - If we should die tonight we should die together

1917, França, Champagne

Primeira Guerra Mundial

O homem fardado caminhou até o pequeno grupo de pessoas que haviam ali, atraindo a atenção deles.

- Recebemos informações de que o exército russo está chegando. - Falou sério, encarando as pessoas ali. - Recomendamos que vão até o abrigo que fica ao sul da floresta antes que a noite caia e estarão seguros. - Alguns assentiram, pegaram seus poucos pertences e começaram a caminhar na direção que o soldado indicou. - Senhora, recomendo que vá com seus companheiros. É perigoso... - O soldado tentou alertar uma morena que saía daquele meio, seguindo na direção oposta às pessoas.

- Não pode me impedir. - Foi tudo o que ela disse antes do homem largar seu braço e ela lhe lançar um olhar feio antes de apertar o passo em direção a única coisa que lhe importava.

Caminhou rapidamente ao sair da clareira onde os abrigados ficavam e passou pelas árvores que havia memorizado tão bem nos últimos seis dias, sentindo o cheiro úmido da chuva que havia caído na noite anterior e deixado o solo com aquele cheirinho agradável de terra molhada. Por outro lado, a lama que se acumulava era uma merda.

- Camila! - Chamou, vendo a menina colhendo algumas frutas.

- Laur? - Ela parecia um pouco assustada ao ver a mulher ali, já que na noite anterior mesmo Lauren havia dito que gastar tempo colhendo frutas era inútil, já que provavelmente elas teriam que mudar de abrigo de novo e de novo até essa que essa maldita guerra acabasse.

A pior parte de tudo isso era que ela não tinha mínima ideia do que iria fazer quando a guerra acabasse. Sua família toda havia morrido durante um ataque que houve a sua vizinhança e ela odiava ter sobrevivido, mas por outro lado ficava satisfeita por não deixar Camila sozinha - que, por sinal, também havia perdido a família enquanto eles fugiam para um maldito abrigo.

Mulheres independentes vivendo e se sustentando sozinhas naquela época nunca tinham vez.

Lauren achava esse tabu a coisa mais idiota do mundo e sinceramente detestava a sociedade e a época em que vivia. Mas não é como se ela tivesse opção ou ao menos voz. A única coisa que ela sabia era que estaria em algum lugar com Camila - não que ela tivesse reais esperanças de sair viva daquela guerra. Mas se saísse, passaria o inferno, lutaria contra quem fosse apenas para ficar com Camila, já que ela era a única coisa que lhe restava.

Talvez mesmo se seus pais estivessem vivos, Lauren ainda teria apenas a Camila como pessoa presente em sua vida. Eles morreram sem saber do relacionamento das duas e Lauren teria morrido junto se - adivinhem - não estivesse muitas ruas depois da de onde morava, visitando Camila. Se ela estivesse em casa, certamente teria morrido com eles - ninguém sobreviveu.

Ela não podia imaginar como seria se eles tivessem descoberto. Quer dizer, era uma época extremamente conservadora e, como sempre há extremos, seus pais conseguiam ir ao limite do conservadorismo. Lauren não tinha reais esperanças de que sua relação com eles fosse ser boa caso ela revelasse o seu romance secreto. Além de tudo, em algum momento, sendo de fachada ou não, um homem teria que entrar na jogada, para que uma das duas - ou as duas - se casassem e pudessem se manter estáveis enquanto continuavam se encontrando.

Porque não, sob nenhuma hipótese deixar Camila era uma opção e ela estava tendo o gosto amargo embaixo da língua do desespero por encontrá-la e levá-la para um lugar seguro. Se alguma coisa acontecesse a Camila - e que Deus a livrasse dessa afirmação - ela estaria perdida. Seria apenas mais uma alma no meio de tantas implorando para ser levada, para ser retirada do enorme sofrimento que era estar sozinha.

Porque quando se perde tudo - literalmente tudo - não há mais porque se agarrar a falsas esperanças. De qualquer jeito, as coisas iriam ser difíceis, mas ela poderia suportar tudo por Camila. Se ela soubesse que, de alguma forma, elas iriam terminar isso tudo juntas, ela suportaria qualquer coisa - até mesmo o maldito inferno.