Capítulo 11, Toda magia tem seu preço.

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彡★ Capítulo 11, Toda magia tem seu preço:

Por um milissegundo, achei que estava morta. Tudo estava escuro, minha cabeça rodava. Tentei me agarrar a algo, mas minhas mãos não encontravam nada. Aos poucos, o breu começou a clarear e, novamente, me vi na sala branca. Suspirei. Isso só podia significar uma coisa: o que aquele ser queria comigo dessa vez? E por que demorou tanto para aparecer?

Senti um misto de incredulidade e frustração. Por que eu estava ansiosa para vê-lo de novo? Talvez fosse apenas a vontade de sair dali, mas no fundo, eu sabia que ele era a causa de todo esse problema. Mesmo sem querer vê-lo, sabia que era necessário.

Levantei o olhar, com os braços cruzados e provavelmente uma expressão emburrada. Eu queria encontrá-lo, mas só para arrancar todas as respostas possíveis e impossíveis dele. Para minha surpresa, ele estava próximo, sentado em uma cadeira, a poucos metros de mim. À sua frente, havia uma mesa branca, com doces, xícaras e um bule, como se estivesse esperando convidados para uma grande festa do chá — algo que lembrava o Chapeleiro Maluco e sua lebre à espera de uma garota loira.

— Ei! — gritei, irritada, querendo que ele percebesse toda minha raiva. No entanto, ele apenas pegou uma xícara, despejou o conteúdo do bule e tomou um gole, como se fosse uma iguaria. Não me deu a menor atenção.

— Eu não te entendo! — continuei, ainda mais indignada. — Uma hora você invade minha mente e fala coisas sem sentido. Outra, me manda pegar um livro e, de repente, estou presa em um conto de fadas!

Ele levantou a cabeça, afastando seus lábios pálidos da xícara e me encarou diretamente com aqueles olhos bicolores estranhamente fascinantes.

— Venha tomar um chá comigo — ele disse calmamente, indicando uma cadeira que, até então, não estava ali.

— Eu não quero chá! Eu quero respostas! Não aguento mais essa loucura!

Ele continuou parado, apontando para a cadeira, sem ceder, como se não fosse falar nada até que eu obedecesse. E, como uma criança birrenta, acabei cedendo.

— E agora? Vai me responder?

Sem pressa, ele levou a xícara aos lábios mais uma vez e, então, falou:

— Você nem ao menos vai perguntar meu nome?

Não esperava por essa pergunta, e acho que nem ele esperava pela minha reação, pois arqueou as sobrancelhas em uma expressão divertida.

— Oi? — indaguei.

— Meu nome, você não quer saber?

— Por que isso seria relevante agora?

— Não tenho pressa — ele sorriu, exibindo os dentes e seus caninos extremamente afiados. Ele não cederia facilmente. Bufei, sendo quase morta por um Ifrit não ajudava em nada meu humor.

— Qual é o seu nome? — perguntei, contrariada.

— Luar — ele respondeu animado, como se o nome fosse motivo de grande orgulho.

— Bonito nome — falei sinceramente.

— Obrigado, foi ela quem me deu. Ela tinha um gosto excelente, e me lembra tanto você... — ele parou de repente, apoiando os cotovelos na mesa e segurando o rosto com as mãos, seu olhar distante, quase sonhador.

Essa não era a primeira vez que ele mencionava "ela". Notei o quanto ele se referia a essa pessoa com frequência, como se eu devesse saber quem era.

— Desculpe, quem é... "ela"?

O feiticeiro e o deserto.Onde histórias criam vida. Descubra agora