12 - Primeira Semana de Aula

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A rua estava repleta de escuridão, ao longe ouvia-se um choro alto de dois bebês vindo de uma casa sombria e sem vida. De repente o choro parou. Saiu daquela mesma casa um homem encapuzado, tinha dois pacotinhos nos braços enrolados num lençol vermelho e dourado.

— Calma, vocês vão ficar bem — Ele guinchou para as crianças — O Lord foi embora agora, mas ele vai ficar contente em vê-los quando voltar... Sim, ele vai ficar contente comigo ao ver que eu, apenas eu, os protegi...

Cygnis olhou confusa o seu redor. Sentia que conhecia o lugar, mas não fazia ideia de onde estava ou quem era aquele homem, mas o seguiu alguns passos antes de sua vista enturvar e o cenário começar a mudar. Se deu conta naquele instante. Estava sonhando.

Sua vista voltou ao normal, mas não tinha nada mais para ver além de escuridão, tudo ao seu redor era negro e gelado. Sentiu um arrepio subir a espinha, e achava que estar sozinha naquele lugar o deixava ainda mais assustador, até perceber que não estava sozinha. Ouvia alguém fungando baixinho, ele parecia murmurar também mas ela estava muito longe para entender.

— Oi? — Disse, sua voz estridente e assustada ecoou por todo lugar — Tem alguém ai?

Olhava tudo a sua volta, mas não via ninguém, estava muito escuro. Os murmúrios pareciam aumentar a cada passo que ela dava, queria parar, ou dar a volta e ir para o mais longe da voz possível. Mas ela não conseguia parar, seus pés não obedeciam os seus comandos e a levavam para cada vez mais perto da voz.

— Sim, senhor — A voz dizia baixinho, fazendo o coração de Cygnis disparar — Não vou te decepcionar dessa vez, senhor... Eu trazê-la a você, eu prometo... Eu prometo... Por favor, não, senhor... Senhor?

Então os murmúrios pararam.

Cygnis também parou de andar. Seu coração desacelerou e uma leveza caiu por todo lugar. Mas não durou muito. Não durou nada. Uma risada macabra e estridente ecoou por todos os lados da escuridão. Um desespero invadiu o corpo de Cygnis, ela tentou correr, mas uma dor forte no coração a fez cair de joelhos. Algo parecia apertar seu coração tão forte que sua vista embaçou e ela achou que seu coração fosse explodir. Lágrimas caíram de seus olhos e ela gritava, implorando para que a dor fosse embora e ela finalmente acordasse daquele pesadelo.

A risada se transformou em frases que ela não conseguia entender por causa da dor, e as frases vinham junto com passos, calmos e curtos, mas que ecoavam por todo local. Até tudo parar. Até a dor. Cygnis olhou para cima devagar, sua vista embaçada por causa das lágrimas, mas ainda assim ela teve a certeza que viu alguém de turbante roxo virado de costas para ela. Dois flashes de luz verde a cegou por um instante, escutou um grito e acordou.

Ela estava no chão ao lado de sua cama, suava frio e o coração batia descompassado. Seu estômago se revirou e ela levantou correndo para ir ao banheiro, onde vomitou todo o jantar. Desejou novamente que tivesse ido para Grifinória ou que seu irmão tivesse ido para Sonserina, porque tudo que queria era que ele estivesse ali com ela. Ela pensou em sair e ir procurar por ele, mas não fazia a menor ideia de onde ficava a Comunal da Grifinória e mesmo se achasse, ela poderia ter uma senha, como a Comunal da Sonserina. Então ele se lembrou do caderninho que Cygnus emprestou a ela, não era ele, mas devia servir para acalmar seu coração acelerado e a sensação ruim depois de um pesadelo.

Voltou ao quarto e sentou-se na cama, os lençóis de seda verde eram muito confortáveis e deixavam uma sensação boa, pegou o caderninho e o folheou calmamente. Muitos dos desenhos foram ideia dela, tinha também alguns auto-retratos de Cygnus com ela, e alguns com Aaron também, na frente de casa ou da varanda. As lembranças dos três em casa se divertindo, junto com o barulho baixinho das criaturas no lago foi a acalmando, até que se aconchegou no meio dos travesseiros e nem percebeu quando fechou os olhos e acabou dormindo novamente.

Anseris - Os Gêmeos Esquecidos『1』Onde histórias criam vida. Descubra agora