Memórias De Uma Garota Gótica

25. Viver? Ou Não? 2

Mesmo com tanta ajuda, ela se sente culpada por tanta gente não ter acesso a essas coisas e sofrerem do mesmo jeito que ela sofreu. Imaginava cenários que ela vivia em condições precárias e não soubesse o que fazer nesse tipo de situação.

Pensamentos de simulações eram os que atingiam a psique, além dos pensamentos de morte. A compulsão dela durou até mais ou menos o meio do ano, alternando para Mingau de farinha láctea, Pasta de amendoim e suco.

Era muito restritivo as escolhas dela. Na parte racional do cérebro dela, não queria comer da forma que comia, não queria viver da forma que estava vivendo e queria somente passar o tempo mais veloz possível e buscar alguma solução para tudo isso.

Ela não visitou seu pai de forma alguma, porque somente tem lembranças depressivas dele e dos pais dele. A sua avó era uma pessoa bem reclamona e melancólica, seu avô era um ignorante e falava mal da vida alheia.

O seu pai ficou sendo uma pessoa ainda mais frágil, sensível, acabado, sem previsões para o futuro. A garota nunca viu seu pai como motivo de sentir orgulho.

Ela sempre via seus defeitos e uma corrente no seu próprio pescoço quando observava seu pai.

Sua irmã chegou dos Estados Unidos nesse ano. Depois de anos sem ver ela, a garota estava ansiosa para conhecer novamente sua irmã e mostrar o quanto ela cresceu e evoluiu. Sua irmã mudou e muito de personalidade.

Agiu de forma consumista, autoritária e manipuladora com a sua mãe, o que chateou e muito a sua irmã mais nova. A garota gótica via sua irmã como salvadora.

Pensava que ela iria ajudar a sua irmã gótica e reerguê-la. Porém foi tudo por água abaixo. Elas se distanciaram e ficaram cada um no seu canto, deixando a garota gótica mais triste e desesperançosa por tudo.

Sua irmã passou por muitas provas psicológicas também. Parecia que nada tinha solução. Sua mãe era uma pessoa muito agitada e ansiosa, sua irmã uma grossa e bruta no momento. A garota não tinha mais ninguém da família para recorrer.

Ela chorava todas as noites. Dia após dia, nada animava ela. Ela sempre pensava o porquê tudo isso aconteceu da maneira que foi? Ela irá suportar toda essa dor e sofrimento? Morria de medo de que tudo que ela pensasse de negativo se concretizasse.

E isso está até os dias em que esse livro está sendo escrito. Nada muda. A vontade de deitar-se e tentar dormir é maior. As vezes nem dormir dá...

Antes de terminar essa parte, vale a pena ressaltar que ela nem mais parecia gótica. Engordou novamente, o cabelo ficou bagunçado, cresceu algumas espinhas, a boca ficou muito ressecada, deixando impossível ela voltar naquela época novamente.

Ela não era mais gótica. Apenas tinha uma alma de garota gótica.