Vigésima Hora

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    Entramos no carro calados. Meu coração dói e não quero pensar muito no amanhã que se aproxima. Sei que, com ele vem também a nossa separação, e isso, é inevitável.

     Finalmente chegamos ao apartamento depois de uma noite agitada. Ja são 4 da manhã, e ambos estamos exaustos. Eu, porém, estou ansioso para relaxar e descansar, quem sabe abraçadinho com ela.

— Ufa, finalmente em casa! Estou tão cansado... Acho que vou cair na cama e dormir por uma semana inteira!

— Espera aí, Hobi! Você tem a vida toda pra dormir. Eu tenho uma ideia ótima para relaxarmos de verdade! - Um sorriso nasce em seu rosto e com ele vem aquele olhar de ideias mirabolantes que costumo ver no rosto do Jungkook. — Sessão de cinema com o filme "Invocação do Mal"! Imagina só, a adrenalina vai nos dar um bom empurrãozinho para a insônia!

—  O quê? "Invocação do Mal"? - Só de ouvir isso já fico apavorado. — Você sabe que eu morro de medo desse tipo de filme, Duda! Não acho uma boa ideia...

— Ah, vai ser divertido!  E além disso, você tem que enfrentar seus medos, não é?

— Tudo bem, mas se eu tiver pesadelos depois, a culpa é sua! - Por que toda brasileira é  apocalíptica?

— Prometo que farei um acordo contigo, Hobi. Se você dormir bem depois deste filme, eu te faço um café da manhã delicioso amanhã. O que acha?

— Esse acordo só vale a pena se você for o café da manhã. - Digo rindo.

— Por mim está mais que combinado.

— Perfeito então. - Começo a tremer.

      Duda coloca o filme para rodar e, conforme a história se desenrola, já começo a ficar tenso. Minhas mãos suam e me encolho a cada susto. Duda, por sua vez, se diverte com a minha reação.

— Ai! Duda, você viu aquilo? Quase pulei do sofá! Porque alguém vai entrar numa casa se nem o cachorro quer?

— Calma, Hobi, é só o começo! Espere para ver as partes realmente assustadoras.

— Como você é  má  comigo.

       A safada me da apenas um sorrisinho e volta a atenção a tela. Conforme o filme avança, vou ficando cada vez mais agitado. Porém, ao mesmo tempo, não consego tirar os olhos dele.

— Duda, eu acho que não vou conseguir tirar isso da minha cabeça! Misericórdia! Qur menina estranha. Por que tem sempre que ter uma menina esquisita? Essas cenas são muito intensas! Yeahhh! O que é  aquilo em cima do armário!

— Confie em mim, Hobi. No final, tudo vai ficar bem. Apenas respire fundo e imagine unicórnios dançando no arco-íris para acalmar seus nervos! - Ela só pode estar tirando uma com a minha cara.

— Unicórnios dançando no arco-íris? Sério mesmo, Duda?

— É uma técnica infalível! Funciona todas as vezes!

— Unicórnios, Unicórnios, UNICÓRNIOS! Duda, essa música sinistra está me deixando arrepiado. O que eu estou fazendo aqui? Eu vou pular essa parte. Me dá esse controle aqui Dud's.

— Respira fundo, Hobi,  nem é tão assustador assim. Tudo bem que a coisa toda é  baseada em fatos reais, mas...

— É  bom você me dar uma boa recompensa depois disso aqui. - Pulo uma boa parte do filme. Nem me importo com a cara feia que ela faz.

      Aos poucos, a tensão aumenta conforme nos encaminhamos para o fim e estou  completamente grudado em Duda. Achei que pior do que estava não podia fica, isso até aquela bruxa vomitar na boca de alguém. Dou um pulo tão grande que até ela se assusta ao meu lado.

— Yeahhh! Ai meu Deus! Duda, eu não posso continuar assistindo. Esse filme é pavoroso! Credo! E nojento.

— Ah, Hobi! Você está exagerando. É só um filme, tudo é falso. E era só uma gosminha. Nunca viu o exorcista? - Me limito a balançar a cabeça em uma clara negativa. De repente tenho a sensação de ter algo nos espreitando e olho por cima do ombro.

— Tem certeza? Parece que o armário está se movendo! Por que fui dar ouvidos ao Namjoon e comprar esse armário velho? Agora todas as vezes que olhar para ele vou achar que aquele guri está aí dentro.

— Ou a mãe dele.

— Dud's isso não tem graça. Aquela velha é  ainda pior. - Duda começa a rir.

— Amor, é só a sua imaginação. O armário está quietinho, viu?

     Após muitos sustos e com certeza uma cueca a menos no armario, o filme finalmente acaba. Mas ainda estou apavorado, vendo perigo em tudo ao meu redor.

— Duda, tem alguém atrás de mim? Sinto uma presença sinistra! - Ela me abraça com carinho.

— Não, meu bem,  só estamos nós dois aqui. Ninguém vai te machucar, eu prometo. - Duda desce sua destra por minha nuca e vai percorrendo lentamente minhas costas.

—Obrigado, Duda. Você sempre sabe como me acalmar.

— E eu sempre estarei aqui para te proteger, não importa o quão assustado você esteja. Mesmo que não seja fisicamente, vou estar com você.

     Nesse momento, Duda me puxa para um beijo apaixonado. Sinto seus dedos brincarem com meus cabelos. Um arrepio cheio de significado percorre meu corpo. Findo o beijo e sinto um nó se formar em minha garganta. Quero muito dizer o que sinto.

— Duda eu...

— Eu sei. Eu também. - Ela não deixa que eu termine. — Agora vamos esquecer os sustos e aproveitar o resto do tempo juntos.

—  Muito bem! Eu acho que agora vou precisar de um colchão anti-monstro embaixo da minha cama e uma certa brasileirinha em cima dela. - Agarro sua cintura e beijo o contorno de seu pescoço.

— Será um prazer. Mas, eu tenho uma ideia melhor. 

— Hmm, outra ideia mirabolante como essa é eu vou parar no hospital.

— Bobo. Quero nossa sessão de fotos particular. Posso ser a bióloga sexy se você quiser. Ou qualquer outra coisa. Use a imaginação.

— Menina má e safadinha. Adorei a ideia. Vejamos... por onde devo começar?

— Que tal se eu ficar mais a vontade? ‐ Duda me empurra, me fazendo sentar novamente. — Esta com sua câmera aí? Acho que não vai querer perder o show. Vai? - Ela começa a retirar as meias. Por sorte sempre tenho uma polaroide por perto. 

— Devo tirar as minhas também? - Pergunto, deixando que comande o momento.

— A suas eu mesma arranco depois.

     Por que precisa estar vestindo tantas peças? Pensando bem... assim fica muito mais divertido.

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