Me triturou.

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Tamaya

Estava ficando sem saber o que fazer, o meu limite havia ultrapassado a linha do perigo e eu só queria continuar ultrapassando-a.

Entrei em minha casa a duzentos por segundo, o coração acelerado demais, desbocado por tantos acontecimentos que estavam rolando durante toda essa semana.

E cada dia mais, sentia como se tivesse traindo as minhas mães, a confiança gigante que elas tem sobre mim.

Deixei a chave sobre o chaveiro na parede, com o maior cuidado possível, ainda era de manhãzinha, e sabia que as minhas mães permaneciam dormindo. Não queria despertá-las, pois, não queria nenhuma pergunta a essas horas da manhã. Ainda mais por não gostar de mentir ou omitir coisas de Lis e Margot.

Subo as escadas, seguindo reto no corredor que dá em direção ao meu quarto, entro no mesmo sentindo um nó na barriga, mas também, com um sorriso idiota no rosto. Esther Campbell me deixou sem rumo. Literalmente. Estou ajoelhada diante dessa maldita víbora filha da puta.

Retiro meus coturnos dos pés e jogo meu cropped no cesto de roupa suja. Tiro minha calça e corro vestir meu pijama, ainda dá tempo de tirar uma soneca, sei que mereço, depois de tantas horas de sexo e apenas duas horas dormidas. Esther choramingou, mas me disse precisar voltar cedo, porque tinha uma reunião importante em sua empresa. E apesar de querer matá-la, não iria prejudicá-la.

Após me trocar e deitar-me na cama, consigo fechar os olhos e sinto como se estivesse nas nuvens. Me sinto perdidamente feliz depois da nossa noite, foi algo único e eu jamais, realizei algo tão grandioso assim a alguém. Me sinto anestesiada. E pior, algo que pode me destruir a cada segundo que ultrapasso essa linha do perigo, me sinto viciada em Campbell. Só quero voltar e repetir tudo de novo, de novo e de novo. É como se eu não pudesse parar de beijar aquela boca tão bonita, como se eu não pudesse deixar de tocá-la e acariciá-la. Senti-la em contato comigo, é uma necessidade. Preciso tanto, que chega a sufocar o meu coração. O meu peito chega a doer.

Me viro, dando de frente com a parede, fecho os meus olhos e ainda posso sentir o sorriso idiota no rosto. Mas tudo muda quando, a porta se abre e ouço passos se acercarem da minha cama. Me viro com tudo, sentado-me sobre a cama ao ver Margot sentando sobre a mesma também.

Sinto que meu peito explodirá.

— Posso saber por que você foi para a nossa casa de Santa Bárbara escondido? — meu coração trava.

Minha respiração fica impossível de controlar. Não posso lidar com tudo isso, não agora, não sei como continuar escondendo coisas das minhas mães, mas sei que, agora não é um bom momento para contar nada, nada mesmo.

Mordo o interior da minha bochecha, sentindo que meu coração continua travado dentro de mim. Não consigo engolir a saliva.

— A-Ah — gaguejei — Só precisava relaxar um pouco — menti.

Margot eleva uma sobrancelha, desconfiada. O sorriso pequeno surge em seu canto da boca, me indicando que não, ela não acreditou em mim.

— E você acha que me engana com esse papo furado? — ficou seria, me analisando.

Bufei, ajeitando melhor meu corpo sobre a cama.

— Mãe, eu só queria tomar um ar, respirar um ar limpo e diferente, colocar os meus pensamentos em ordem.

Ela balança a cabeça em negação, mexendo entre o cenho e suas sobrancelhas, pensativa, até que torna a me olhar nos olhos, apoiando sua mão na cama.

Odiosa fascinação [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora