Clair de Lune 🍷 JIYOO

Capítulo 1 - Olhos em chamas

Oizinho! Tudo bem? Eu tive essa ideia depois de algumas fotos que saíram e eu tive que escrever algo. Sejam pacientes, pretendo postar 1 capítulo por semana, dependendo até 2. :) 

Não esqueça de salvar a fic e se quiser ser marcado no twitter só me avisar lá, o @ é yootonni.

Beijinhos, aproveitam. 

AVISO: terá menções de sangue, etc. 

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De alguma maneira, Minji sabia que as coisas seriam daquela forma.

Tudo havia mudado e, apesar de ainda persistir a pequena fibra de esperança que parte da sua vida pudesse retornar ao normal, ela não poderia ser tão ingênua a ponto de não perceber que nada nunca voltaria ao que era antes.

As primeiras evidências se mostraram logo nos primeiros dias após o acontecido. A comida tinha gosto repulsivo. Sua senhora dizia que seria comum, apesar de certa incerteza. "Assim que você se estabilizar, tudo vai ser muito melhor e mais belo.", ela justificava. Seus colegas também passaram pela mesma experiência, o que trazia certo alívio ao coração de Minji – até certo ponto.

Depois de alguns meses, a comida humana não era insuportável, mas também não se fazia necessária. Minji engolia sua preocupação – que ficava entalada em sua garganta, assim como o arroz com kimchi que tentava saborear todos os dias, como uma forma de se agarrar ao restante da humanidade dentro de si.

Ela sabia que era arriscado, mas Minji considerava que, se algo fosse dar errado, não seria com ela.

Ela não conseguia se estabilizar, a sede parecia insaciável e ela passava mais tempo presa no porão tentando ser controlada do que realmente experienciando tudo aquilo que a prometeram. Vez ou outra, seu globo ocular esquerdo se tingia de vermelho sangue. Um gosto metálico preenchia seu paladar, e aquele era o único sentido que funcionava durante as crises. Minji apagava para acordar na sua cama, algumas horas depois, agonizando em função de uma dor que parecia vir de todos os pontos das suas costas, como uma acupuntura infernal.

Talvez fosse o constante isolamento, mas Minji também percebia transformações em si que ultrapassaram a área física. A questão é que a mulher já não conseguia encontrar o seu Eu original.

Minji, que outrora fora extrovertida até demais, agora se via em isolação. Conseguia dar respostas rápidas, mas manter uma conversa inteira era um tanto quanto exaustivo. Apenas tratava com indiferença a todos, e esse comportamento a incomodava – sabia que não era apropriado – mas sentia-se como naqueles sonhos onde se observa a si mesma fora do seu próprio corpo, e nenhum esforço mental se fazia suficiente para superar sua frieza constante.

Viveu assim por alguns anos. Longos anos. 

Mais uma noite chegava e ela saia novamente em buscar de alguma coisa que a saciasse. Uma bebida, uma pessoa. Qualquer coisa que a aquecesse o suficiente para ela esquecer suas preocupações. 

Seoul era uma cidade brilhante, e muito bonita de se caminhar a noite. Minji conhecia aquela cidade como a palma de sua mão e sua coisa favorita era o quanto ninguém se prendia ao rosto dela, ou as roupas que ela usava. A selva de pedra se mostrava perfeita para alguém como ela.
Essa noite, Minji caminhava pelas ruas movimentadas com uma curiosidade inquieta. Ela adorava observar as pessoas que passavam, com suas vidas agitadas e cheias de histórias desconhecidas. 

Enquanto andava pelas vielas e becos pouco iluminados, algo chamou sua atenção. Um brilho sutil, como se uma luz tímida viesse de uma esquina escondida. Curiosa, ela decidiu seguir aquele chamado, desviando-se do caminho habitual até que se deparou com um bar que nunca tinha visto antes. A fachada do estabelecimento era despretensiosa, quase se camuflava com os outros prédios ao redor, mas Minji sentiu uma energia intrigante emanando dele. O lugar parecia fora do comum, o que era raro naquela cidade tão cheia de vida noturna.