Meu pai era policial e minha mãe dona de casa. Um dia ele não voltou da sua ronda e ligaram para a minha mãe avisando que ele estava no hospital. Ele tinha levado um tiro no joelho e posteriormente teve que se aposentar por invalidez.
Os tempos eram difíceis e não podíamos contar apenas com a aposentadoria dele. Minha mãe até tentou ajudar com a renda da casa costurando pra fora, mas isso não impediu eles de ter uma dívida de vinte mil dólares em empréstimos do banco.
James me contou que ele conversava bastante com meu pai, esse que sempre entrava no bar depois de trabalhar em seus bicos. Já que ele não podia ter um emprego de carteira assinada, sendo aposentado. Sempre pedia a mesma bebida e ficava com ela até o fim da noite, quando seu trocado acabava e ele tinha que voltar para casa.
Que meu pai era um alcoólatra eu já sabia, então disse para ele me contar um novidade.
James falou que nunca mais viu meu pai depois que em um dia no bar, Gordon Hansen e ele conversaram naquela mesma mesa ao lado da nossa. Olhei pra lá por reflexo e imaginei meu pai sentado ali. James me contou que ele não ouviu a conversa dos dois, mas que ele sabia quem era Gordon na época e oque ele fazia.
Além do mais, antes deles irem para a mesa, James conversava com Gordon sobre um esquema para ganhar dinheiro fácil. Mário ouviu a conversa e pediu emprego para Hansen. Não foi difícil descobrir que Mário era um policial, por isso de primeira o comparsa de Marco foi logo mandando o meu pai ir à merda. No entanto, analisando o desespero do pobre coitado, Gordon chamou Mário para conversar no fundo do bar. Depois disso eles saíram juntos e foi a última vez que James viu o meu pai.
- Gordon, esse sim continuou frequentando o meu bar. Um dia eu perguntei do seu pai pra ele e ele apenas respondeu que estava dando certo. Seja lá oque ele queria dizer com isso. - James diz curvado e com os dedos das mãos cruzados em cima da mesa.
- Mais alguma coisa? - o homem a minha frente levantou a cabeça, procurando por algo que lhe tenha escapado da mente. Até que sua feição se suaviza.
- Seu pai...
- Oque tem ele? - me inclino na sua direção.
- Ele já comentou sobre você aqui no bar, mais de uma vez...- ele sorriu modestamente - disse que você era uma boa garota e que ainda daria muito orgulho pra ele. - eu me levantei com os olhos ardendo e o peguei pelo clarinho.
- Você tá inventando isso? -ele me olhou assustado.
- Não, eu juro por tudo que é mais sagrado que ele disse isso. Ele falava de você pra quem quisesse ouvir. Que você se saiu à mãe e o quanto tinha potencial para ser oque quisesse. - eu o soltei e tirei uma grana da minha carteira, soltando em cima da mesa.
- Vamos embora. Diga adeus à tudo a sua volta. Essa é a última vez que você vai por seus pés aqui. - disse e o puxei para andar na minha frente.
Passamos por Kourt e eu acenei em despedida pra ela, que estava sem entender nada do que acontecia. Fomos para o lado de fora e depois de andarmos um pouco ele parou e olhou pra mim.
- Não ganho nada depois de ter te contado tudo aquilo? - eu bufei e tirei mais umas notas de vinte da minha carteira, entregando pra ele.
- Se aparecer qualquer serviço eu te aviso. Me da seu contato. - ele ditou seu número e eu anotei no meu celular. Passei o meu pra ele também - não hesite em me ligar se souber de algo importante.
- Sim senhora. - dei um soco em seu ombro quando passei por ele, para ir em direção ao meu carro, mas antes de eu alcançar o veículo, girei nos meus calcanhares.
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Firebird - Nascida das Cinzas - Malila
FanficAdaptação Após ter seus pais mortos num incêndio criminoso, Marília vai em busca da sua sobrevivência e a de seu irmão. Ao longo do caminho, a vingança cresce dentro dela e sem alternativa, ela segue os passos de seu pai, para poder estar no páre...