"Trabalho em equipe torna o sonho realidade."- Margaret Carty
[Valentina]
Três dias tinham se passado e os dias de verão que aquele acampamento um dia teve pareciam bem distantes, substituídos por nuvens escuras de chuvas e brisas geladas. Pelo jeito alguém ainda estava bravo por eu não ter gostado de ser aprisionada, mas fazer o quê.
Nem consegui dormir naquela noite, estava com raiva demais para isso. Não entendi o porquê de Nico e Hazel também não terem descansado, ficaram andando para lá e para cá pelo corredor a madrugada toda falando mil atrocidades aos deuses, tirando Hades. Pareciam tão irritados quanto eu.
As refeições foram uma pior do que a outra. Ninguém fazia questão de disfarçar quando me encarava, e se estavam tentando estavam fazendo um péssimo trabalho. Rayna teve que voltar para o acampamento romano, pelo que Hazel me disse ela era uma das líderes e não podia passar tanto tempo fora. Já ela resolveu ficar mais um pouco, para observar e relatar qualquer coisa importante.
Naquela mesa, ela e Nico eram minhas únicas companhias.
- Temos que dar um jeito nisso. - O mais velho resmungava, revirando o seu café no prato
- O que?
- Como assim "o que"? - Agora me encarava indignado - Essa situação, é claro. Estão literalmente te prendendo aqui e isso é muito injusto.
- Por que está tão incomodado? Você não está preso aqui comigo, pode sair e voltar quando quiser.
- Você é minha irmã, óbvio que vou me incomodar. E vou te ajudar a resolver isso.
- Nós vamos. - Hazel, que até então apenas comia de cabeça baixa sorriu para nós - Vamos ajudar você a recuperar sua liberdade. Como seus irmãos, é nossa obrigação.
Olhei bem para a cara deles, duvidava estar disfarçando bem meu desentendimento. Quer dizer, eles diziam aquelas coisas bonitas sobre serem meus irmãos e por isso me ajudariam a ter minha liberdade de volta mas mal nos conhecíamos. Descobrimos sermos filhos do mesmo pai a literalmente quatro dias, não conseguia vê-los como minha família mas eles já me tratavam como de fato uma irmã.
Me senti meio culpada por não retribuir o sentimento. Mas se demorou menos de uma semana para tanto amor fraterno vir deles, eu deveria presumir que realmente significava algo ou eles apenas agiam daquela forma por se sentirem abrigados, já que são "meus irmãos mais velhos"?
Eu definitivamente não tinha ideia de como retribuir aquilo de forma correta, então apenas dei um sorriso e agradeci.
Apesar de tudo, sentia algo em meu peito se aquecer. E não era ruim.
O acampamento não estava em nada diferente do de costume, campistas jogando vôlei na quadra, apostando no muro de escaladas, fazendo artes aleatórias na oficina, tentando sair do desafinado nas aulas de música, o treinamento com esgrima, a canoagem, passeios na praia, os campos de morango, os passeios, mesmo com tudo acontecendo e ninguém tendo respostas aquelas pessoas continuavam seu dia a dia normalmente, tentando levar da melhor forma possível. Quase os invejei.
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Meio Sangue- Missão de resgate
PertualanganDês que me lembro sempre quis que a minha vida fosse diferente. Longe das ruas, longe do perigo, longe da fome e principalmente longe da tristeza. Mas não foi isso que aconteceu. No lugar de uma vida perfeita (ou minimamente estável) o que eu conseg...