capítulo 2

233 22 0
                                    

Taehyung 🔱

Ainda sinto meu coração se rasgando quando atravesso a porta daquele lugar que foi por algum tempo tudo que tínhamos, Kalina não existe mais, ela decidiu assim, e ainda que me doa preciso fazer com que seja apenas uma lembrança do homem que tentei...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ainda sinto meu coração se rasgando quando atravesso a porta daquele lugar que foi por algum tempo tudo que tínhamos, Kalina não
existe mais, ela decidiu assim, e ainda que me doa preciso fazer com que seja apenas uma lembrança do homem que tentei ser para quem não desejava me ter.

— Preciso ir ao cemitério — informo apenas ganhando um acenar de cabeça do Anjo das Sombras.

Percorremos as ruas de Belgrado e enquanto a cidade passa pelos meus olhos, encosto minha cabeça no vidro, sorrio sem graça, porque se algum dos nossos inimigos me verem assim, com toda certeza desejariam
me atacar, estou vulnerável e com cara de derrotado.

— Chegamos. — O carro para e desço sem nada dizer.

No momento em que saio vejo que todos eles estão aqui.

— Como sabiam? — questiono sem entender.

— Apenas sabíamos — tio Dimitri diz e decido não seguir com a conversa.

Meu pai, meus tios e meu irmão caminham longe de mim, pelas laterais, como se me protegessem de algo num momento em que todos sabem o quanto estou displicente. Sei que eles têm a ciência de que não estou prestando atenção em nada ao meu redor e saber que estão aqui por mim fecha mais uma fresta aberta estancando o sangue que escorre da minha alma que sangra.

Sigo pelos caminhos estreitos, sinto como se estivesse sendo observado, olho em volta e encontro apenas eles, engulo a sensação e
continuo. Ouço apenas o canto dos pássaros, parecem que eles sabem que demônios passeiam por aqui e começam a se alvoroçarem. Caminho tentando respirar até que paro em frente ao seu túmulo que se encontra ao lado do da sua mãe, após alguns dias conseguimos localizar seus restos
mortais e decidi que se ambas desejavam ser livres que descansassem juntas.

— Oi — digo ajustando meus óculos. — Engraçado que achei que esse dia nunca chegaria, que me despedir seria a última coisa que faria, não estava preparado para isso e você sabia, hoje consigo entender seus motivos e vim aqui apenas te dizer os meus antes de ir embora sem jamais olhar para
trás. — Sorrio amargo. — Lisa tinha razão, aquela peste sempre tem, nunca te perguntei se queria estar comigo, nunca te dei uma escolha, sempre acreditei que o que eu sentia era recíproco e olhe onde chegamos? Fiz com você o mesmo que aquele demônio. — Coloco as mãos na cintura abaixando a cabeça negando e sorrindo sem graça. — A quem quero enganar? Sou um demônio, um demônio que não soube te deixar ir, que
sugou sua vitalidade, a vitalidade dos seus ossos enquanto definhava e como um maldito obsessor não via, não queria ver. — Respiro fundo tentando não cair. — Eu não te ouvi, não posso dizer que era amor, ninguém
ama como eu fiz, prendendo e subjugando, eu precisava me segurar em algo e você estava lá, a segurei tão forte que a matei. No final das contas não existia vida nem para mim, nem para você, estou morto não por sua morte, mas pela certeza de que não saí vivo daquele inferno, e apesar de hoje ser
quem sou, não desejo nada além de existir. Seguirei em frente, porque não tenho sua coragem de apenas me despedir de todos que se importam, até para morrer é preciso coragem e eu não a tenho como teve. — Olho para o lado e vejo o desespero no olhar de jungkook, ele quer vir até mim, tiro meus
óculos e lhe mostro que não é o momento de ele ser o meu irmão mais velho, não agora, então um toque do meu pai em seu ombro o mantém no lugar. — Eu queria ter tido a sensibilidade para ver que estava te matando aos poucos e não te salvando como teimei em acreditar. — Volto a falar. — Que belo amor eu sentia, éramos dois fodidos de merda. — Busco o ar que me falta, estou chorando sinto as lágrimas correrem pelo meu rosto. — Isso
é um adeus, Kalina, não voltarei mais aqui, lutarei para não me recordar mais de você, não pensarei em momentos inventados pela minha mente fodida, nunca existiu um nós e lamento muito que não tenha sido o amor
que sei que necessitava. Gostaria de acreditar em outras vidas, mas para mim tudo isso é balela, porém, se existir, espero que seja feliz, sem mim, que encontre um lugar para fazer morada, já que meu coração e minha vida foram apenas o seu inferno, o lugar que te fez percorrer, exausta, rastejando em busca de uma saída e a única liberdade que teve foi através da morte.

Taennie - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora