- Vocês têm certeza que estão bem o suficiente pra voltarem? – o pai de Seth perguntou.
- A gente não tem muita escolha - Seth respondeu. – O chefe da Sam é um cara incrivelmente compreensível, mas eu não posso me gabar da mesma sorte. Foi quase uma catástrofe contar pro meu superior que a gente passou por um assalto que deu errado e que a gente se feriu no processo...
John suspirou, mas não discutiu. Ele sabe como são as "incríveis" responsabilidades do ser humano assalariado.
- Então me deixa ir dirigindo. Eu vou me sentir melhor se vocês não se forçarem desse tanto. A viagem é longa e vocês ainda não estão recuperados a ponto de ser uma boa ideia irem sozinhos.
- Não p... – parei de falar quando o homem me olhou feio. – Obrigada, a gente aceita a ajuda? – arrisquei, me corrigindo, mas também soando sarcástica.
Ele riu.
- Bem melhor – aprovou. – Só preciso que vocês me deem alguns instantes pra eu ajeitar algumas coisas pra levar.
Confirmei. É mais do que óbvio que ele não vai voltar ainda hoje pra cá e que vai pelo menos dormir lá, então...
Sentamos no sofá e esperamos que o homem arrumasse o que precisava arrumar e que retornasse. Enquanto isso, tudo o que a gente fez foi jogar conversa fora.
A nossa semana de folga passou de forma estressante por causa do trauma e pela minha incrível limitação de não poder fazer absolutamente nada.
Nossa única forma de distração era Lucy – que fez um ótimo serviço, diga-se de passagem -, que se desdobrou em mil pra poder ficar com a gente o maior tempo possível.
John e dona Mia também fizeram o possível pra nos distrair durante esse período, mas eu preciso confessar que eu me sinto aliviada de poder voltar. Não por causa deles, claro, mas sim por causa que todo aquele tédio provavelmente vai diminuir, mesmo que só um pouco.
- Prontos? – o pai de Seth perguntou com um sorriso, quando viu o filho deitado com a cabeça apoiada nas minhas pernas.
Sorrimos para ele e nos levantamos, seguindo-o para o carro.
Ele ligou o som do carro, botando numa rádio qualquer que só tocava música que é pelo menos dez anos mais velha do que eu...
Deitei a cabeça do Seth no meu ombro enquanto cantarolava baixinho para ele algumas partes de músicas que eram bem clichêzinho de casal apaixonado, e ele parecia muito contente quando eu fazia isso.
- Eu ainda me surpreendo com o seu conhecimento aleatório para músicas – murmurou, parecendo sonolento. – Acho que nem meu pai conhece todas que tocaram.
Ri.
- Eu sou uma entusiasta. E eu não preciso ouvir a canção mais do que quatro ou cinco vezes pra decorar a letra, então facilita bastante a minha vida – sorri.
- Então esse é o seu segredo pra conhecer tanta música... – fiz um gesto de desdém com as mãos.
- Depende do ponto de vista... Eu realmente curto, então eu escuto muita coisa com muita frequência. Inclusive é um hábito estudar ou fazer exercícios ouvindo música...
- Seu pequeno vício – riu um pouco.
Sorri de canto, mas não falei nada.
- Mas é raro você ouvir algo perto de mim... Por quê? – levantou a cabeça para me fitar. Se for levar em consideração o que eu falei, é realmente algo pra se pensar...
- Geralmente eu dou preferência pra você – Seth sorriu malicioso. – Pera, você me entendeu! – senti meu rosto esquentar um pouco. – O que eu quis dizer é que, enquanto eu estou ouvindo música, é o meu mundinho. Se eu fizer isso perto de alguém, bom... Vai continuar sendo como se eu estivesse sozinha – dei de ombros. – Então pra isso não acontecer, eu prefiro não ouvir nada enquanto você tá perto.
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Transições
RomanceSam é uma garota com um passado complicado e marcado por traumas familiares e pessoais, que foi obrigada a virar as costas para toda uma vida e começar tudo de novo ao precisar se mudar para um lugar completamente novo. Movida pela paixão por esport...