Capítulo 1

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As vezes a vida nos fazia despencar como se estivéssemos em um escorregador infinito com destino a uma piscina repleta de espinhos

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As vezes a vida nos fazia despencar como se estivéssemos em um escorregador infinito com destino a uma piscina repleta de espinhos.

Sinto as lágrimas escorrerem por meu rosto. Passo meus dedos nas bochechas, limpando-as com raiva.

— Não é o que está pensando.

— Claro que não. — Rio em escarnio, sentindo uma imensa vontade de socar a cara do idiota. — Poderia ao menos falar algo menos clichê.

— Me deixe pôr a roupa. — Ele segura um travesseiro em frente ao corpo nu. — Ai conversamos direito, Lise.

 — Não há nada a ser dito, se você se aproximar eu te dou um soco no meio deste nariz! 

Daniel faz uma careta, olhando para a garota na cama. Ela me olhava com um sorriso zombeteiro, quase rindo da situação toda. 

Suspiro, pegando minha bolsa e seguindo com passos firmes para fora do apartamento. Levo comigo o bolo – na qual comprei para comemorar a porra do nosso aniversário de um ano – tomando um cuidado extremo para não o bagunçar. Ele seria um ótimo consolo mais tarde.

Que maneira mais melancólica de se começar a faculdade, não acham? Daniel e eu estávamos juntos desde o ano passado, sendo mais velho, ele havia ingressado na faculdade na mesma época. Nosso relacionamento ia bem – eu achava – mas de uns tempos para cá ele vinha agindo estanho.

Sim! Eu deveria ter percebido os sinais. Não me orgulho da burrice feita, mas somos sempre cegos quando o assunto é amor. Enfim, Daniel sabia que eu ingressaria neste ano. Porém, pelo visto, não esperava a minha chegada uma semana antes. Gargalho como uma maníaca ao caminhar pela calçada bem iluminada. Que porra.

Meus pés já doíam quando enfim cheguei em meu dormitório. Tenho certeza de que estava com uma aparência horrível, ainda mais por ter derramado aquelas malditas lágrimas. Posso - e tenho prazer - em dizer que elas eram puramente de raiva. Admito que gostava de Daniel, mas era mais aquele tipo de amor juvenil em que nos acostumamos.

Sinto meu coração bater forte no peito. Tudo bem, eu estava chateada para caralho. Não vou ficar fazendo a forte aqui, minha farsa não duraria. Eu tinha planos com aquele canalha, queria até mesmo morar junto com o imbecil. Idiota, idiota. Soco o travesseiro, depositando minha raiva nele.

— Ele poderia ter terminado. — Resmungo sozinha. — Era mais fácil. Eu ficaria bem puta, mas pelo menos não teria saído traída.

A quanto tempo isso estava acontecendo? — Penso, sentindo a raiva florescer novamente. Eu devia estar com chifres quilométricos agora. Com certeza não foi a primeira vez, devo estar sendo corna por mais tempo do que posso imaginar.

Checo meu celular, sentindo a necessidade de verificar se ao menos ele havia tentado contato.

Zero mensagens. Zero chamadas. Zero e-mails.

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