Um bando de crianças vão rumo a uma missão suicida não autorizada

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"Então você pode me guardar
No bolso do seu jeans rasgado,
Me abraçando perto
até os nossos olhos se
encontrarem.
Você nunca estará sozinha.
Espere por minha volta para casa"


Photograph // Ed Sheeran





[Valentina]

Diferente de semanas atrás, agora o céu não parecia mais carregar uma furiosa tempestade, mas mesmo assim não chegava nem perto dos dias ensolarados que aquele acampamento um dia já teve.

Tive que me segurar para não acabar rindo na cara dele.

Idiota.

Depois de tudo, eu só queria passar um tempo sozinha, sem tentativas assustadoras para me matar, sem deuses me sentenciado, sem aparições, sem olhares indiscretos, sem pesadelos horríveis. Apenas eu, a brisa gelada e o silêncio.

Dês que Hermes trouxe aquele recado de Zeus, todos tem prestado muito mais atenção em mim. Odiava aquilo. Quíron tinha dado a ordem de que eu não saísse daquelas terras, e que se eu tentasse os demais campistas, ninfas, sátiros ou harpias teriam permissão de me impedir como fosse necessário. Ele parecia não gostar daquilo quase tanto quanto eu, mas eram ordens e tinha que cumprir.

Era meio sufocante, por isso, em qualquer oportunidade eu me afastava o máximo que podia. Naquele momento eu me encontrava encostada no pinheiro no topo da colina Meio-Sangue. Em paz.

Um trovão foi escutado, ao longe. Pelo visto alguém não queria que eu relaxasse um pouco.

- Qual é! - Me dirigi ao céu, sem medo de olha-lo feio como merecia - Estou no limite das terras! Não estou fora! Vai encher outro!

Outro trovão, desta vem um pouco mais alto.

- Babaca. - murmurei.

- Valen! - Quíron me chamava aos pés da colina - Conhece as regras! Vamos, facilite as coisas, sim?

Bufei. Bem a contragosto desci de lá e me juntei a ele.

- Sabe que fazer esse tipo de coisa é arriscado. - Ele começou. Caminhávamos juntos de volta - As exigências foram claras, imagino.

- Foram. Até demais.

- Então. Sabe que é pelo seu bem, não é? Se não...

- Sim, sim. "Pelo meu bem", já disse isso pelo menos umas trinta vezes dês da minha sentença. E se eu não me comportar Zeus fará questão de lançar um raio mortal na minha cabeça. É, não tem como esquecer.

- Seu pai está apenas protegendo você. - Ele soou triste, talvez até mesmo culpado. Não tinha coragem de me olhar nos olhos. - Foi o melhor que ele pôde fazer.

- Será que dá para parar de chama-lo assim? Eu nem conheço aquele cara e aposto que ele também nem me conhece. Lembrou que eu existo por que fiz amizade com o filho dele e foi conveniente em me reclamar logo em público, se me conhecesse saberia que odeio com todas as minhas forças chamar atenção. Aquilo foi péssimo! E agora estou sendo mantida como prisioneira por causa que o irmãozinho dele resolveu que me odeia. "Pelo seu bem" uma ova! Prender alguém nunca será uma boa maneira de resolver as coisas! Eles tem milhares de anos, pensei que pelo menos isso eles saberiam!

Ele observava minha raiva, como se tentasse decidir se era ou não uma ameaça ou algo assim. O restante do caminho não disse mais nada.

Aquilo estava se tornando cada vez pior, aposto que mais um pouco e eu teria surtado.

Eu tinha voltado a dormir como antes, tinha me forçado a isso para conseguir o que eu queria. Pela primeira vez iria olhar nos olhos daquela coisa.

O Vinni ainda estava ali, exatamente como quando sonhei pela última vez. Me obriguei a não olhar para ele.

Meio Sangue- Missão de resgateOnde histórias criam vida. Descubra agora