Taehyung Corte Real é o segundo no comando da máfia Sérvia Triglav, cada um de seus passos foi traçado para que fosse o braço direito que o Chefe precisava, mas em um momento sua vida mudou, debaixo de todas as camadas de sorrisos e tiradas engraçad...
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Não consigo mais, não consigo mentir, não consigo não sentir, não consigo ser indiferente, ela não merece essa versão, mas será que irá continuar amando o meu verdadeiro eu?
— Quando tinha quinze anos eu fui sequestrado — falo decidido a começar apenas pela parte onde acreditei amar Kalina. — Sou Taehyung Corte Real, segundo no comando da máfia sérvia Triglav. — Ela não parece surpresa. — Passei um ano no inferno, meu irmão foi violent*do de todas as formas físicas que possa imaginar e eu, mesmo querendo ter ficado em seu lugar, não fui deixado de lado, minha mente foi levada para muito longe, muito mesmo, tão longe que por muitas vezes não acredito viver a realidade.
Fecho meus olhos, porque de alguma forma não quero ver ódio nos seus.
— Por um ano tudo que vivi foi o pior do ser humano, eles me transformaram em um monstro, um além do que já seria de qualquer forma. Eu já havia iniciado o processo de treinamento da máfia, claro que por si só não seria fácil, mas nem se compara a tudo que vivi. Preciso confessar que muito do que aconteceu eu não me recordo, mas ainda tenho sensações estranhas e preciso entender ou buscar entender que não estou na sala de espelhos fragmentados como por vezes acredito. Até que fui resgatado, meu corpo saiu de lá, mas minha mente ainda é escrava do meu algoz. — Sinto sua mão pousar em meu rosto.
— Abra seus olhos, mi regalo. — Sua forma de me falar me dói, como uma dor latente. Por que receber amor me machuca? — Taehyung, olhe para mim.
Abro meus olhos encontrando suas esferas negras que me enxergam, elas veem além do que demonstro.
— Existiu alguém, ela era meu ponto de realidade e foi nisso que me agarrei enquanto estive no inferno, todos que se aproximavam de mim eram assassinados, meu subconsciente os tinha como inimigos, mas ela não, aquela pequena garotinha se tornou um bálsamo. Quando fui resgatado acreditou-se que por tê-la eu estava focado em tudo ao meu redor, estava ali, por isso não reagi, não assassinei ninguém e reconheci minha família. — Sua mão não sai do meu rosto e seus dedos alisam minha pele com delicadeza.
— Não precisa sofrer, Taehyung, não precisa passar por isso se te machuca.
— Preciso, Jennie, precisa conhecer um pouco do homem que diz amar, que sente, que ama, porque eu senti.
— Foi por isso que chorou? Por que sentiu?
— Também, mas por clamar que não fosse mentira, que pela primeira vez o amor de alguém por mim fosse real e não uma ilusão da minha mente fodida. — Puxo-a para mais perto de mim entrelaçando nossas pernas, o desejo de ter todo meu corpo colado no dela é algo quase visceral.Fico em silêncio com as lembranças do quanto foi difícil tudo que ouvi de Kalina antes de ela me deixar, antes de se libertar e se tornar livre. — Os anos se passaram, eu me tornei aquele que sorria para engolir meus monstros que rasgavam meu interior para sair, eles ansiavam por aparecer, mas jamais permitiria, então eu me afundava em sexo, drogas e muito álcool. Por vezes eu sumi informando que estava analisando algumas coisas para a Triglav, meu irmão estava fora, o peso das suas responsabilidades recaíram sobre mim e a carga estava pesada demais. Em muitas dessas fugas eu a vi, foi como ter algo que parecia me pertencer, algo que fosse real ainda que sua imagem tivesse ligada ao inferno em que vivi.
