Capítulo 21

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Dobrei em um dos corredores de lojas e me deparei com a praça de alimentação do shopping, que estava lotada por estar próximo do horário do almoço. Vasculhei o local com os olhos procurando pelo homem que eu só reconheceria das vezes que o vi de longe e da foto que eu tinha da mural que meu pai fez. 

As ações e os feitos de Marco eram sempre impactantes, mas não impedia de algumas pessoas pensassem que ele era uma lenda urbana. Tudo isso porque ele raramente dava as caras e ficava muito pouco na cidade. Oque eu sabia que era um dos motivos das discussões de Maraisa com o pai. As coisas que ele fazia chegavam até mim por fofocas frequentemente.

O avistei em uma das muitas mesas do lugar e caminhei entre elas até alcançar a que ele estava sentado de costas pra mim. Olhou quando eu surgi ao seu lado e assistiu cada movimento que eu fazia, enquanto eu arrastava uma cadeira disposta em sua frente e me sentava. Cruzei meus braços e olhei pra ele, analisando cada aspecto de suas feições envelhecidas pelo tempo.

Ele fazia o mesmo comigo, mas a diferença era que ele tinha um sorriso no rosto, eu não.

- Como você cresceu bem Marília. - sua voz me tirava do sério facilmente - Da última vez que te vi, você nem chegava nos meus ombros. E seus olhos...posso ver algo diferente neles.

- Você não mudou nada continua velho. Consigo traçar as estradas do país inteiro no seu rosto. - ele sorri negando com a cabeça.

- É eu mereço essa hostilidade vinda de você. - bati com as mãos na mesa, chamando a atenção das pessoas sentadas ao nosso redor.

- Você merece apodrecer no fundo de um rio, virando comida pra peixe. - sussurrei.

- Acalme-se Marília. - eu me afastei dele - ainda nem comecei a nossa conversa. E olha que eu tenho muita coisa pra discutir com você.

- A única coisa que eu quero saber é o que Maraisa tem haver com tudo isso.

- Como assim? ela é a chave dos nossos problemas.

- A única solução para o meu problema insiste em um de nós morto, e eu prefiro que seja você.

- Se me matar sabe que ela nunca vai te perdoar. - eu tranquei minha mandíbula e perdi a minha voz - eu sei que você gosta dela Marília.

- Eu não só gosto dela, eu a amo. Com isso dito, fique sabendo que eu não vou desistir de Maraisa, cou sem a sua permissão.  

- Aí é que está...eu quero te dar a minha permissão Marília. - o olhei totalmente confusa - eu quero deixar nossas diferenças no passado. - gesticulou com suas mãos - veja, eu nunca tive nada contra você, meu prolema foi com seu pai.

- Você tá achando que tá falando com quem? - me aproximei da mesa - você tentou matar toda a minha família, eu roubei e revendi suas mercadorias e você me diz que não tem nada contra mim? Que está tudo bem entre nós?

- Aquela mixaria? não era nem dez porcento do meu lucro mensal. Então sem ressentimentos.

- Não foi isso que eu soube. Não precisa me enganar dizendo que eu não arrombei seu caixa por meses.

- Marília, o tráfico não é meu único meio de renda. Você sabe que precisamos nos reinventar pra sobreviver nessa cidade, na vida em um todo.

- Certo, eu não vim aqui para receber conselhos financeiros de você. Eu pago alguém pra isso. Diga oque você quer de uma vez.

- Eu quero unir nossas forças e conquistar NY.

- Eu já disse, não faço acordos com você. Não sou o B. 

Firebird - Nascida das Cinzas - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora