Capítulo 7

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Sento-me na areia, protegendo meus olhos do sol com a mão. A praia está um pouco cheia, com alguns turistas tirando fotos e mergulhando. Não quero pensar na conversa que tive com meu pai, que tem sido, talvez, a mais longa que tivemos. Confesso que não quero pensar na possibilidade de perdê-lo para o maldito tumor. Sei que tenho me ressentido de tudo, e mantive uma certa distância entre nós, mas me deixará ainda pior se o pior do pior acontecer. Não dá para consertar nenhuma situação com a morte. Não dá para pensar em perdão com a morte. Você perdoa todos os absurdos possíveis depois dela.

Não sei como mãe ficará com as notícias, mas sei que as duas a chocarão igualmente. Acho que, no fundo, ela manteve um fio de esperança do meu pai se arrepender e querer voltar para casa. Eu a vi olhando o álbum de casamento secretamente em seu quarto algumas vezes, até chorando.

Não sei como ela reagirá quando souber que o ex-marido está com a mulher, com quem ele a traiu, mas tenho certeza de que ela o xingará e ficará muito mais magoada. Pode ser que sua reação seja outra, depois de descobrir que há um intruso no cérebro dele. Um intruso que pode matá-lo.

Alguém joga areia em mim com os pés. Olho para trás e vejo Dylan, sorrindo sarcasticamente para mim.

— O que faz aqui? — interpelo.

— Não posso vir à praia?

Dou de ombros.

Ele se senta ao meu, colocando os braços nos joelhos dobrados.

— Veio aqui, pensar de novo?

— Pois é. — Suspiro fundo. — Parece que meu pai também casou de novo e se esqueceu de me contar. Mas o mais ridículo é que ele se casou com uma das amantes. Não, preciso corrigir isso. Ele não se casou. Aparentemente eles juntaram. — Revelo, sentindo um nó na garganta.

— Você está bem?

— Não sei. É muita coisa para absorver.

Olho para Dylan e percebo que ele é realmente muito bonito. Seus olhos são ainda mais azuis do que eu me lembrava. Seu queixo é perfeito, até o nariz é bonito. Sua boca é atraente, tira a atenção de qualquer garota. Resumindo, ele é todo perfeito.

— E na sua casa, como está?

— Não quero falar disso.

— Tudo bem.

— Não é questão de... não confiar, sabe. É um assunto que só me chateia. E acredite, não falo sobre isso com ninguém.

— Então sou a única! — Digo, me gabando.

— Pelo visto, você tem o dom de tirar o pior das pessoas.

— Cala a boca!

— Você é uma péssima companhia, Saddie. — Sibila.

— Digo o mesmo de você.

Ele ri. E é um riso que mostra seus dentes completamente brancos. Não me lembro de ter visto dentes tão brancos assim. E ele fica sensual rindo, o que é inacreditável.

— Você namora?

Eu me espanto por perguntar isso. Parece que minha boca agiu mais rápido do que meu cérebro, mas é tarde demais para desfazê-la quando vejo Dylan me encarando. Sinto minha meu rosto todo se queimar, e não é por causa do sol.

— Está me flertando? — Pergunta ele, sorrindo sem parar. Não sei para me zoar ou se gabando. — Não tenho namorada, Saddie. Mas sou homem, e homens... nem sempre gostam de ficar sozinhos.

Má CompanhiaOnde histórias criam vida. Descubra agora