Sento-me na areia, protegendo meus olhos do sol com a mão. A praia está um pouco cheia, com alguns turistas tirando fotos e mergulhando. Não quero pensar na conversa que tive com meu pai, que tem sido, talvez, a mais longa que tivemos. Confesso que não quero pensar na possibilidade de perdê-lo para o maldito tumor. Sei que tenho me ressentido de tudo, e mantive uma certa distância entre nós, mas me deixará ainda pior se o pior do pior acontecer. Não dá para consertar nenhuma situação com a morte. Não dá para pensar em perdão com a morte. Você perdoa todos os absurdos possíveis depois dela.
Não sei como mãe ficará com as notícias, mas sei que as duas a chocarão igualmente. Acho que, no fundo, ela manteve um fio de esperança do meu pai se arrepender e querer voltar para casa. Eu a vi olhando o álbum de casamento secretamente em seu quarto algumas vezes, até chorando.
Não sei como ela reagirá quando souber que o ex-marido está com a mulher, com quem ele a traiu, mas tenho certeza de que ela o xingará e ficará muito mais magoada. Pode ser que sua reação seja outra, depois de descobrir que há um intruso no cérebro dele. Um intruso que pode matá-lo.
Alguém joga areia em mim com os pés. Olho para trás e vejo Dylan, sorrindo sarcasticamente para mim.
— O que faz aqui? — interpelo.
— Não posso vir à praia?
Dou de ombros.
Ele se senta ao meu, colocando os braços nos joelhos dobrados.
— Veio aqui, pensar de novo?
— Pois é. — Suspiro fundo. — Parece que meu pai também casou de novo e se esqueceu de me contar. Mas o mais ridículo é que ele se casou com uma das amantes. Não, preciso corrigir isso. Ele não se casou. Aparentemente eles juntaram. — Revelo, sentindo um nó na garganta.
— Você está bem?
— Não sei. É muita coisa para absorver.
Olho para Dylan e percebo que ele é realmente muito bonito. Seus olhos são ainda mais azuis do que eu me lembrava. Seu queixo é perfeito, até o nariz é bonito. Sua boca é atraente, tira a atenção de qualquer garota. Resumindo, ele é todo perfeito.
— E na sua casa, como está?
— Não quero falar disso.
— Tudo bem.
— Não é questão de... não confiar, sabe. É um assunto que só me chateia. E acredite, não falo sobre isso com ninguém.
— Então sou a única! — Digo, me gabando.
— Pelo visto, você tem o dom de tirar o pior das pessoas.
— Cala a boca!
— Você é uma péssima companhia, Saddie. — Sibila.
— Digo o mesmo de você.
Ele ri. E é um riso que mostra seus dentes completamente brancos. Não me lembro de ter visto dentes tão brancos assim. E ele fica sensual rindo, o que é inacreditável.
— Você namora?
Eu me espanto por perguntar isso. Parece que minha boca agiu mais rápido do que meu cérebro, mas é tarde demais para desfazê-la quando vejo Dylan me encarando. Sinto minha meu rosto todo se queimar, e não é por causa do sol.
— Está me flertando? — Pergunta ele, sorrindo sem parar. Não sei para me zoar ou se gabando. — Não tenho namorada, Saddie. Mas sou homem, e homens... nem sempre gostam de ficar sozinhos.
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Má Companhia
RomanceSaddie vive esperando pela volta do seu primeiro amor, que voltou para a Itália. Enquanto isso, ela lida com o drama dos pais e conhece o misterioso Dylan, que faz de tudo para conquistar o seu coração.