Capítulo 11

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Despeço-me dos amigos de Dylan, que acenam sorridentes para mim. É perceptível que se  preocupam com ele, e eu fico feliz que tenha alguém em quem se confortar quando as coisas ficam difíceis. Por tudo o que tenho visto nas 24 horas, Dylan não é aquela pessoa que se abre com facilidade.

Ele reprime muitos sentimentos antigos. Reprime a culpa pela morte da irmã, e espero, do fundo do meu coração que um dia ele se perdoe, e entenda que nada do que aconteceu foi culpa dele. Mas, até lá, ele vai conviver com isso, até perceber que não vale a pena absorver tudo o que pai diz, nem mesmo se esconder atrás da dor que o consome por anos.

— Seus amigos são legais. — Digo a ele, que sorri para mim.

— Eles gostaram de você. Acho que gostam mais de você agora, do que mim.

— Não diga besteiras. Eles realmente te adoram.

Ele suspira.

— Eu estava um pouco receoso de apresenta-los.

— Por quê?

— Porque são meio doidos.

Eu rio, porque sua expressão é realmente séria quando diz isso.

— Dylan, eles são... sinceros e muito divertidos.

— Mas inventaram aquelas loucuras sobre as garotas. Nem todas se jogam em cima de mim, exageraram total, juro.

— Certo.

— Eu falo sério.

— Se você diz, eu acredito. Mas saiba que, qualquer garota se sente sortuda com você, Dylan.

— Você se sente sortuda?

Meu rosto queima, e é difícil encará-lo quando sei que não consigo esconder quão nervosa estou.

— Você... é um bom amigo. — Digo sem pensar, mas me arrependo no mesmo instante.

Que diabos estou fazendo?

Há um pausa. Um silêncio que se torna constrangedor para mim.

— Temos mais uma parada. — Ele finalmente diz, quebrando a pausa.

— Última parada?

— Sim. — Força um sorriso.

Saímos então dali, vendo seus amigos se afastando pelos retrovisores e acenando para eles pelas nossas janelas. Confesso que vou sentir falta disso, dessa energia que não existe em Pocomoke City, embora seja uma cidade que atrai bastante turistas em temporadas de primavera e verão. Não tem essa energia libertadora que há em Cape Charles.

Passamos em um fastfood para comprar lanches, que segundo Dylan, faz parte do seus planos para a nossa última parada.

Paramos em frente a uma casa grande, mais afastada do centro das agitações da praia.

— Onde estamos?

— Uma das propriedades da minha família. Essa é a casa da minha mãe.

— Vocês tem outra propriedade aqui?

— Temos essas e outras ainda, em vários lugares. Meu pai é investidor no mercado imobiliário. Mas, essa casa, minha mãe comprou para Emma, um pouco antes de morrer. Pediu que Ed e eu cuidássemos dela até Emma se casar...

Sinto algo queimar na minha garganta. Sinto a dor de Dylan ao me contar isso tudo, enquanto ele olha para a casa, com o olhar nostálgico, mas tão cheio de culpa.

— Eu não conseguia mais vir aqui... Até hoje mais cedo. Resolvi trazê-la para conhecer.

— Fico lisonjeada, confesso.

Má CompanhiaOnde histórias criam vida. Descubra agora