Capítulo 12

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彡★ Capítulo 12:

Minha reação imediata foi levar minhas mãos até o buraco na sua garganta para impedir que mais sangue fluísse e não demorou para que eu ficasse completamente ensopada de vermelho. Olhei para a briga atrás de mim, O ifrit lutava sem dificuldade com mais ou menos sete homens, todos eles executando magias complexas a fim de eliminar o alvo, mas o alvo, não sofria nenhum dano, todos ocupados demais para cuidar do corpo do seu sultão que estava aparentemente morto. Sem me importar com o fluxo interminável de sangue que me tingia, coloquei a orelha no peito do sultão, o coração batia, e o peito dele, apesar de muito fraco, subia e descia, 𝙚𝙡𝙚 𝙖𝙞𝙣𝙙𝙖 𝙚𝙨𝙩𝙖́ 𝙫𝙞𝙫𝙤.

Meu pai, Omar, estava com o sultão quando eu fui para a biblioteca e de repente eu me desesperei, onde ele estava, onde ele devia estar? Olhei em volta mais uma vez e quase não reconheci a figura alta no centro da sala, com as duas mãos estendidas, vestes rasgadas, os cabelos tão negros quantos os meus, esvoaçantes como se houvesse um vento muito forte e principalmente a forma como ele estava parado como uma estátua. O Ifrit avançou em direção ao meu pai daquele mundo, mas ele bateu contra algo e acabou caindo para trás, ele tentou novamente, mas acabou esbarrando na mesma coisa que o deteve anteriormente. E só foi aí que notei que meu pai estava conjurando uma barreira, ele não havia abandonado o sultão, ele estava o protegendo, ele sabia que o sultão estava vivo, porém o seu estado mostra que ele não irá durar por muito mais tempo. Fiquei perplexa olhando para aquela cena, incrível como sua vida pode virar um caos em apenas alguns minutos, por um momento tudo estava bem e do nada, um monstro gigante aparece estripando todo mundo.

-M-mãe... - o sultão Xariar balbuciou e eu imediatamente olhei para o seu rosto.

Não entendi o que ele estava falando, ele acabara de chamar a "mãe"? Talvez isso fosse um pedido desesperado de alguém que estava morrendo, as últimas palavras do seu leito de morte, mas ele olhava fixamente para mim. E então eu notei, para ele eu era a "mãe".

Sua voz parecia algo como uma lixa, ele com suas poucas forças, levantou a mão e acariciou o meu rosto com as pontas dos dedos.

- Você voltou para mim. - e então sorriu, como se fosse uma criança pequena, seus olhos giraram nas orbitas e ele parou de se mexer, apagou.

Fiquei desesperada, a respiração dele ficava cada vez mais curta e demorada, levei uma das minhas mãos ensanguentadas para detrás da sua cabeça e a levantei com cuidado para apoiá-la no meu colo, depois segurei uma de suas mãos.

-Vamos lá cara, você é forte. - murmurei, e então pressionei um pouco mais a minha mão no seu pescoço. Sherazade saberia fazer magia de cura? Eu sabia que isso existia, mas será que Sherazade sabia fazer? Esse tipo de coisa tinha consequências desastrosas quando executada de forma errada, em Torthaí já aconteceu algo semelhante, quando um charlatão tentou enganar um agiota lhe prometendo curar sua perna deficiente, bem, as coisas não terminaram bem pros dois. O agiota ganhou duas pernas deficientes e o charlatão... de qualquer forma, Omar havia dito que Zade era uma maga muito boa ... bom, era tudo ou nada, fechei os olhos com força, e revistei toda a parte do meu cérebro a procura de algo, Sherazade devia saber, mas quanto mais eu procurava, menos informação útil para esse momento eu achava.

-Sherazade, mulher! Vamos! - exclamei para mim mesma, já me desesperando.

Vasculhei ainda mais, memórias, livros já lidos, até achar algo, meu corpo vibrou de empolgação, com certeza era isso, comecei a sussurrar em uma língua estranha, não sabia se estava dando certo, não me atrevia a abrir meus olhos, apenas o cheiro do sangue chegava até mim, eu queria que aquilo acabasse logo. Repeti aquelas frases não sei quantas vezes, pareciam horas em que eu estava ali, minhas coxas estavam dormentes por causa do peso da cabeça e parte do tronco do sultão sobre elas, minha mão apertava a dele com tanta força que eu não a sentia mais. Por que eu quis salvá-lo? ele não significava nada para mim, mas quando eu vi aquela cena, eu tive que ajudar, não podia deixá-lo ali para morrer. Terminei de recitar as frases, estava zonza e meu corpo inteiro parecia uma pedra, porém quando abri os olhos consegui ver grande parte da garganta do sultão restaurada, sobrando apenas uma cicatriz pálida e grosseira em cima da sua pele oliva, que em comparação com o corte anterior, parecia tranquilo deixá-lo assim, sorri com isso, vi que consegui salvá-lo, foi a última coisa que eu fiz antes de apagar.

O feiticeiro e o deserto.Onde histórias criam vida. Descubra agora