[Violeta]
Olha eu realmente não devia ter saído de casa! Ai minha cabeça como dói! Quantos caralhos eu bebi ontem!? Coloquei uma das mãos na cabeça e fiz pressão, mas eu me sentia dormente. Parece que vou explodir de tanta ressaca!!! E ainda por cima minhas vistas estão tão embaçadas que acho que tô vendo coisas.
Olhei em volta e percebi o rapaz do bar, que deu risada de mim, não, não pode ser, tô delirando. Me apareceu alguns flashes em mente, num deles eu bebi um líquido que queimava a garganta e depois um gosto amargo e horrível, eu caindo debaixo da chuva, alguém falando comigo. Não sei porquê da situação e não me recordo. Parece até que fui atropelada enquanto dormia, tanto que meu corpo doía, não dava pra me mexer sem sentir cada milímetro do meu corpo gritando pra dormir de novo.[Léo]
Já amanheceu e eu não consegui dormir nada depois daquela ligação. Violeta é uma menina tão doce e sonhadora, parecia que vivia num conto de fadas, mas é a melhor garota doce e sensível que já conheci, ela também sabe muito das coisas do coração, me impressiona, e o quanto de coisa que já passamos juntos. Nesses últimos quase 3 anos da minha vida ela foi como um raio de sol, mas também uma tempestade. Ôh menina para ter personalidade e um gênio que parece quase controlador, mas em parte muito atraente.
Mas ela me preocupa, toda vez que ouço sua voz eu fico preocupado, é como se ela dissesse que quer ir embora da minha vida, mas de uma forma que me chama pra ir junto, só não tenho certeza se ela quer me levar ao precipício ou ao paraíso. Eu realmente estou preocupado.— Miguel! – Escutei Érika chamar.
Dormimos os quatro no colchão no meio da sala assistindo ao filme, e eles levantaram antes de mim pelo visto.
— Bom dia pra vocês também! – falei me anunciando ao entrar e indo até a geladeira pra pegar água. Érika estava comendo torrada e umas coisas estranhas que ela gosta de comer pela manhã. — Cara, eu tô preocupado! Preciso falar com a Violeta, saber dela. Não aguento de preocupação, ela tem um dom de me deixar desnorteado, não sei se faz de propósito. – falei me sentando no banquinho da ilha da cozinha.
Com o celular nas mãos fui procurar pelo contato dela e vi inúmeras ligações dela a madrugada inteira. Inclusive uma atendida agora de manhã. Me alarmei.
— Quem atendeu a última ligação dela!? – perguntei, estava surpreso.
Érika me olhou sério. Algo aconteceu, eu senti.
— Érika me fala!
— Olha Léo, houve uma parada séria com ela. Não era exatamente ela na chamada, não entendi muito do que aconteceu porque eu tava atordoada ainda de sono, enfim... escutei meio por alto e... não entendi, mas anotei um endereço, tá aqui! – ela me entregou um papel.
Levantei muito rápido dali no mesmo instante. Peguei o papel com endereço, chaves do carro e coloquei no bolso da minha calça jeans. Coloquei meu tênis, lavei o rosto, escovei os dentes na pressa, dei uma última olhada no espelho passando a mão no cabelo, passei por Miguel saindo do banheiro. Peguei uma torrada e saí correndo até a garagem. Eu não sabia dizer o que sentia, mas a adrenalina percorria pelo meu corpo junto ao desespero que tomava conta, nem sei dizer se saberia dirigir ou prestar atenção no trânsito. Essa hora da manhã tem muito movimento dos que estão indo trabalhar. Saí com o carro da garagem e nem me importei em fechar.
— Ô Violeta! Porquê você faz isso comigo!?
Essa garota ainda me deixa louco. Não sei mais o que faço.
[Violeta]
— Bom dia mocinha!
Vi uma moça de branco entrando, minhas vistas ainda estão embaçadas, seria uma enfermeira ou um anjo? Nossa, acho que enlouqueci de vez.
— O-o-oi. – tentei dizer, mas presumi que não saiu nem sinal de voz, tentei limpar a garganta, sem sucesso.
Acho que ela viu minha confusão e sorriu gentilmente.
— Você estava sedada, por isso vai demorar um pouco pra reagir melhor e entender o que houve. Você tomou uma chuva hein mocinha, sorte que um funcionário muito prestativo daquele local se importou de trazê-la aqui. No momento você não vai lembrar de nada pelo excesso de álcool que ingeriu, precisa se controlar. É um milagre estar viva. Logo mais volto pra falar com você, por enquanto não adianta falar muito. – senti ela me ajeitando na cama, me cobriu com uma coberta fina mas que me senti quentinha e confortável, também senti que soltou meus cabelos pra que eu relaxasse. Senti ela mexer no acesso da minha mão, soro eu acho. Depois só me lembro de apagar mais uma vez e ver um último sorriso daquela enfermeira tão delicada.
[Léo]
Agora que estou estacionando me toquei que o endereço era num hospital geral. Estacionei o carro e cada vez me sentia mais e mais preocupado. Ao entrar na recepção perguntei pelo seu nome e uma moça disse que ia ver se ela estava na emergência por não ter nenhum registro ainda do nome.
— Olha querido, tem sim uma moça com esse nome, ela está em observação e por enquanto não pode receber visitas, ainda estamos procurando saber quem é ela, o rapaz a conhece, pode dar alguma informação?
— Ah sim, ela é minha ex... Ah! É minha namorada. – falei confuso.
— Então, nós pensamos que fosse parente de sangue, você é o Léo, não é isso?
— Sim! – respondi com pressa.
— Vimos que você estava como contato de emergência do celular dela, por isso ligamos. Olha, aqui é o número de seu quarto e aqui está o andar do hospital. Antes de entrar no quarto procure saber se tem alguma enfermeira por perto que esteja cuidando dela. Não pode entrar sem a permissão de algum supervisor do andar ou enfermeiro.
— Tá ok, moça, muito obrigado! – agradeci e subi logo no elevador, tinha muita pressa de saber como ela estava. Preciso mesmo vê-la, se eu não tivesse brincado ela não estaria aqui neste lugar. Por culpa minha ela tá aqui. Faz tempo que não há vejo, sinto muita saudade, não nego.
Entrei no andar e passei numa outra atendente e perguntei pelo enfermeiro do quarto dela, logo uma enfermeira veio me perguntar quem sou.
— Moça, sou namorado dela, posso vê-la, por favor!? – quase implorei.
— Ah, você é o Léo. O estado dela é preocupante, acordou várias vezes e voltou a apagar e já se fazem horas que tá assim. Ela teve febre nessa madrugada porque tomou muita chuva no local onde estava. Era em frente a um bar, parecia ter desmaiado e um funcionário que havia falado com ela dentro do bar a viu caída e logo trouxe ela pra cá. Mas ele não conhecia muito dela, então simplesmente a deixou aqui e foi embora e até agora só temos informação do RG que estava em sua bolsa. Por sorte, você foi o contato de emergência do celular dela. Agora pouco ela acordou e está um pouco sem voz. Demos soro na veia, alguns outros remédios e mesmo assim ela parece muito mal pois ingeriu uma grande quantidade de álcool e alguns comprimidos que suponho que sejam anti depressivos. Você pode me dizer sobre ela?
Bufei, espantado e confuso. Foi como assistir uma cena cruel de suspense em que ela – a mocinha – se perde no subconsciente, e eu me sinto o vilão no qual causei tudo isso. Foi como assistir um momento de muita dor enquanto a enfermeira narrava a situação.
— Ela mora aqui na cidade sozinha, veio pra me conhecer e... a verdade é que eu falhei, é minha culpa que ela tá assim. – falei me sentindo muito mal só de pensar em tudo que a fiz passar.
— Não se culpe, o destino tem planos pra todos nós. – ela disse e com um sorriso simpático me confortou um pouco.
— Posso entrar pra vê-la? – perguntei.
— Pode, mas tente não acordá-la. Vou te dar uma etiqueta de acompanhante só para evitar problemas!

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CONTIGO - ALVES VIVI
RomanceNão acredito que exista outra vida, mas se existe, nela existe você. Léo & Violeta