Decidimos comer em algum lugar depois de sairmos da reserva. Prometi ao Adam que voltaria a andar de caiaque outra vez, até alcançar a maior distância, o que deixou Dylan satisfeito.
Paramos em um restaurante Sting-Ray, que Dylan garantiu que a comida era ótima.
Após olhar o menu, Dylan fez nossos pedidos e trouxeram dois drinks para começar nossa degustação.
— O que achou do dia de hoje? — Pergunta Dylan, olhando diretamente para mim.
— Está sendo divertido. Acho que estava precisando disso.
— Eu sei. Sendo assim, sou seu herói.
Reviro os olhos.
— Dylan sendo Dylan.
Ele sorri.
Pego meu celular depois de escutar duas notificações. Mensagens da minha mãe.
— Desculpe, é a minha mãe. Preciso ligar para ela.
— Claro, fique à vontade.
Saio da mesa e vou até lá fora. Ligo para minha mãe que atende rapidamente.
— Onde você está? Estou te ligando há horas.
— Desculpe, mãe. Dylan foi me buscar no hospital e me chamou para comermos fora. Esqueci de avisar. Desculpe.
— Tudo bem, eu só... fiquei assustada. Continue com o Dylan, melhor do que ficar sozinha em casa.
— Andei de caiaque, mãe. É muito divertido, e quero levá-la um dia.
— Caiaque? Não é meio perigoso?
— Tivemos um instrutor, ele é muito bom!
— Certo. Eu continuo no hospital, mas irei para casa em breve. Seu pai será transferido amanhã, nós o levaremos.
— Já?
— Sei que está começando a curtir este lugar, mas prometo que voltaremos em breve. E Dylan pode nos visitar, sempre.
— Não é por causa do Dylan...
— Seja pelo que for, nós voltaremos. Afinal de contas, a casa é sua, Saddie. Agora ela é sua responsabilidade. Você pode vender, alugar... faça o que quiser com ela.
— Não vou vender, com certeza.
— Falaremos sobre isso depois. Até mais, querida, divirta-se.
— Até mais, mãe.
Desligo o telefone e olho para a janela de vidro. Vejo Dylan, que está distraído com algo em sua mão. Tenho certeza de que sentirei falta dele, e não me sinto preparada para voltar para a minha casa agora. Justo agora, que meio que estou começando a aceitar o fato de que ele mexe comigo de uma maneira surpreendente.
Sento-me na cadeira e Dylan me analisa.
— Algum problema?
— Não, está tudo bem. É que não a avisei que sairia com você e ficou preocupada.
— Ah, sim.
— Vamos voltar para a cidade amanhã. Levaremos meu pai conosco.
— Entendo. — Ele coça a cabeça, olhando para a mesa. — Como se sente sabendo que voltará para casa?
— Está curioso por causa de Duke?
— Acho que sim, talvez.
— Ele, talvez, não me reconheça. Ou nem mesmo eu o reconheça. Mudamos muito em quatro anos.
— Está dizendo que o esqueceu?
Os olhos esperançosos de Dylan brilham.
— Não posso dizer isso. Gosto de Duke desde os meus nove anos, praticamente.
— É muito tempo. — Diz ele, desanimado.
— Olha, admito que... você mexe comigo. Então... Não sei o que acontecerá agora.
— Está admitindo que sente algo por mim?
— Talvez.
Dou um gole generoso na minha gin Tônica de frutas, tentando disfarçar minha cara de vergonha após a confissão.
— Eu deveria gravar isso! — Revela Dylan, completamente surpreso.
— Vamos mudar de assunto.
— Não vamos mudar de assunto, porque esperei muito para ouvir isso. Você é muito malvada. Desde quando?
— Dylan!
— O quê? Estou feliz. Não esperava você admitir tão cedo.
— É a primeira vez que confesso algo assim a alguém... Precisa ser paciente comigo.
— Toda a paciência do mundo, minha Deedee!
— Você com esse apelido esquisito.
— Não é esquisito, é fofo, eu já te disse.
Faço uma pausa breve para mudar de assunto.
— E o seu irmão? Quais são os planos dele?
— Não sei ainda. Nem conversamos muito desde que ele chegou. Ed terá apenas uma semana de folga e voltará para a Marinha.
— Você devia estar sentindo falta dele, não é?
Ele assente com a cabeça.
— Somos irmãos. Restou apenas nós dois... Isso fez com que nos uníssemos mais, principalmente no que diz respeito ao meu pai.
— O relacionamento de vocês parece ser caótico. Minha mãe me disse umas coisas que me deixou pensando.
— Quais coisas?
— Ela contou que sentia que seu pai sufocava um pouco a sua mãe, como todo o excesso de cuidado.
— Sua mãe está certa. — Ele apoia o queixo na mão enquanto olha para mim. — Eles brigavam bastante algumas vezes, e quando minha mãe adoeceu, ele ficou... como posso dizer, um pouco demais. Às vezes nem queria nos deixar vê-la no hospital.
— Minha mãe disse que ele tentou impedi-la também de visitá-la.
— Depois que ela se foi, ele se fechou por completo, ficando frio e distante. Nunca mais tentou se aproximar de mim e do Ed. Só a Emma conseguia alguma atenção dele, e... enfim. É isso.
— Já tentaram conversar com ele?
— Algumas vezes, mas é cansativo. Ele sempre se esquiva.
— E ele se casou de novo.
— A "nova" Sr. Griffin não é má pessoa, mas ela meio que reforça o afastamento da gente. É como se beneficiasse de alguma forma. Mas não consigo sentir que aquilo é uma relação de verdade, entende. Com certeza meu pai não a ama como amava minha mãe. Acho que por isso ela fez questão de reformar toda aquela casa, tentando afastar o fantasma dela.
— Você quer ir para Yale e conseguir aproximação com seu pai?
— Não exatamente. É que ele sempre me testa, insinuando que não sou capaz de certas coisas. Isso me irrita bastante.
— Sinto muito, Dylan, mas não acho que deve se esforçar tanto para vencer seu pai. Isso não levará a lugar nenhum, porque se tornará escravo tentando agradá-lo.
— Mas se eu juntar tudo o que fiz para reconquistá-lo, nunca vou passar a vida me questionando.
— Dylan, não somos aquilo que juntamos. Somos o que espalhamos. Você precisa espalhar alegria, sementinhas novas de recomeços pela vida. Não junte demais aquilo que não está te fazendo feliz.
— Mais um conselho de velha. — Ele ri.
— E lá se vai meu encanto por você. — Eu o ameaço.
— Então você está encantada por mim?
Meu rosto queima, como se estivesse em brasas acesas. E novamente Dylan me deixa sem palavras sendo tão direto.
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Má Companhia
Lãng mạnSaddie vive esperando pela volta do seu primeiro amor, que voltou para a Itália. Enquanto isso, ela lida com o drama dos pais e conhece o misterioso Dylan, que faz de tudo para conquistar o seu coração.