Capítulo 21

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Olho para a minha pequena mala cheia de roupas e para a minha mochila com diversos livros que tomei a liberdade de levar para a casa. É a primeira vez que me sinto tão estranha sabendo que voltarei à cidade. Voltar para Duke e minha velha vida pacata na cidade mais pacata ainda. Pocomoke não é uma cidade ruim, mas de fato é um dos lugares mais pacatos que conheço, mesmo não conhecendo tantos lugares como gostaria.

— Vou passar a noite no hospital. Não gosto da idade do seu pai ficar sozinho lá. — Revela minha mãe, com o olhar mais preocupado.

— Mãe, sei que está preocupada com o papai, mas não acha que pode estar confundindo as coisas? Vocês estão divorciados e brigam mais que cão e gato.

— Mas a situação é diferente, Saddie. Ele não tem mais ninguém. Seu tio Mick continua na América do Sul explorando as florestas e não consegue receber minhas ligações.

— Entendo, de verdade. Só estou preocupada de vocês estarem... sei lá.

— Não estamos voltando a ficar juntos, se é isso que te preocupa.

— Eu só acho toda essa situação bem estranha, mãe. Acho que me acostumei com vocês separados, deve ser isso.

— Independente de qualquer coisa, somos adultos. O que decidirmos, tenho certeza de que será pensando em você, está bem?

— Não pensem tanto em mim. Pense em vocês dois. Se existem resquícios de amor entre vocês, eu só consigo pensar que nunca deveriam ter se divorciado, embora as circunstâncias os levaram a isso.

— Nunca deixei de amar seu pai, Saddie, que isso fique claro. Eu fiquei muito magoada com ele, e continuo. Não consegui esquecer o que ele me fez, mas a situação é distinta, nada tem a ver com o que aconteceu. Eu jamais abandonaria seu pai num momento desse.

— Só acho que será bem estranho ir ao carro com vocês dois juntos. Será como voltar no tempo.

— É, eu imagino que sim. Mas se você se sentir desconfortável, posso colocá-la no ônibus, ou pedir que uma ambulância o leve.

— Não faça isso, seria mais constrangedor.

— Tem certeza?

— Absoluta.

Ela suspira.

— Então você e o Dylan se divertiram?

— Sim.

— Por que sinto que está com um brilho diferente no olhar?

— Mãe, não vou ter essa conversa com você!

— Não precisa ter vergonha de conversar sobre isso comigo, eu sou uma mãe legal, sabia?

— Eu nunca disse que não era. Só não falarei sobre isso com você, é estranho. Não basta o papai querer fazer o mesmo.

— Talvez porque gostamos do Dylan. Ele parece ser um bom rapaz.

— Mãe... sai do meu quarto!

Ela gargalha.

— Você ainda vai me pedir conselhos amorosos! — Ela diz, mostrando a língua.

— Que bonito, mãe...

Reviro os olhos enquanto fecho a porta atrás dela.

— Eu disse, sua mãe me adora! — Diz Dylan atrás de mim, me assustando.

— Como consegue aparecer sem fazer barulho? O que faz aqui?

— Como assim? É a sua última noite, então preciso te raptar pela última vez.

Má CompanhiaOnde histórias criam vida. Descubra agora