Enchanted - Dahi

Enchanted

Em uma manhã gélida de inverno, a suave melodia do despertador ecoou no quarto, interrompendo o silêncio. Respirei fundo, espreguicei-me sob os cobertores e me levantei com determinação, pronto para encarar mais um dia. Encaminhei-me ao banheiro, onde a água quente do chuveiro dissipou o frio que ainda envolvia o ambiente, dando início à minha rotina matinal.

Vesti-me com uma combinação cuidadosamente escolhida de peças confortáveis, e meu cabelo, em um coque casual. Atravessei o corredor até a cozinha, onde peguei somente uma maçã e logo sai a caminho da escola.

Caminhando com passos serenos em direção à escola, decidi fazer uma breve parada no Starbucks. Enquanto aguardava minha vez na fila, meus pensamentos divagavam, mas logo fui despertado para a realidade ao ser atendido por ninguém menos que Davi Alencar. Seus traços impressionantes eram uma mera fachada para a personalidade complexa que escondia. Embora as garotas se encantassem por sua aparência, era evidente que sua atitude rude, arrogante e desagradável desafiava a lógica.

Com o meu pedido em mãos , segui em direção à escola. Ao chegar lá, deparei-me com a cena reconfortante de meu namorado e minhas duas amigas aguardando por mim, formando um pequeno grupo.

O primeiro desafio do dia era história, onde eu não me destacava, sendo a matéria que mais me causava dificuldades. Após 50 minutos de tortura intensa , finalmente o sinal tocou e junto com o barulho a porta se abre, revelando a presença de alguém que irradiava uma beleza extraordinária.

A figura, vestindo roupas escuras e com um capuz que ocultava parcialmente seu rosto, ainda assim permitia vislumbrar sua pele alva, olhos profundos como a noite, sobrancelhas distintas e lábios encantadores, tingidos com um tom de paixão. Fiquei ali, hipnotizado, enquanto ele se aproximava a passos lentos até parar bem diante de mim.

-O mesmo de sempre, japinha? - sua voz ecoou, e aquele brilho momentâneo que eu sentia pareceu se desvanecer como fumaça ao vento.

-Não me chame assim! - consegui articular, minhas bochechas corando enquanto desviava o olhar.

Um sorriso sutil curvou os lábios de Davi, ele se acomodou na cadeira em frente à minha, solidificando a impressão de que este ano não seria nada tranquilo. Enquanto isso, do outro lado da sala, Matheus, meu namorado, lançou-me um olhar curioso, uma expressão que não passou despercebida por mim.

As aulas seguintes foram um verdadeiro tormento. Davi não poupava esforços para ser insuportável, lançando piadas maliciosas na minha direção sempre que tinha a chance. Cada comentário ácido parecia uma flecha, atingindo-me emocionalmente e causando uma tensão que Matheus não conseguia mais ignorar. O sinal que anunciava a hora do intervalo soou como um alívio.

Antes de conseguir dar um passo através da porta, uma puxada violenta em meus pulsos me fez colidir com um peitoral forte . Meu olhar se ergueu para encontrar Matheus, meu namorado, cujos lábios ansiosos e intensos não me deram tempo para formular qualquer pergunta. Um beijo apaixonado e enérgico irrompeu entre nós, como se ele estivesse reivindicando sua propriedade sobre mim com fervor.

Minha mente estava prestes a se perder no calor do momento, mas antes que pudesse fechar completamente os olhos e me entregar ao beijo, um lampejo capturou minha atenção. Davi, com uma expressão furiosa, passou por nós em passos rápidos.

Nascer em uma família extremamente rica tinha suas vantagens, mas também vinha com seus desafios. Embora a abundância material estivesse presente, havia uma lacuna emocional entre mim e meus pais, que pareciam se interessar pouco por mim, a menos que eu cometesse algum erro.

Foi devido a uma escolha infeliz que me encontrei em uma situação onde agora precisava acordar cedo todas as manhãs para trabalhar no negócio do meu pai e além disso, tive que trocar de escola.

Enquanto atendia os clientes hoje, a familiaridade das cantadas e abordagens indesejadas não tardou a surgir. A liberdade de escolher minhas companhias para a noite não era mais uma diversão inofensiva, mas tinha se transformado em uma rotina cansativa.

Porém, entre esses encontros desinteressantes, a porta se abriu e alguém entrou, alguém que trouxe um sorriso genuíno aos meus lábios. Um suave aroma de morango envolveu o ambiente sempre que ele se aproximava, e seu olhar tímido, mas profundamente sincero, fazia com que suas bochechas ficassem rubras.

Após entregar o seu pedido e passar por um momento agitado, observei ele sair pela porta, levando consigo toda a vivacidade do meu dia.
Continuei atendendo até a hora de conhecer a nova escola. Meu motorista estava esperando do lado de fora. Peguei meu casaco preto, entrei no carro e seguimos para a escola.

Ao chegar lá, tive que esperar até o final da primeira aula, pois havia chegado um pouco atrasado. Enquanto esperava, sentado, observei atentamente o ambiente escolar. O sinal finalmente tocou, e levantei-me, dirigindo-me diretamente à porta da sala.

Ao entrar na sala, fui imediatamente envolvido por um aroma familiar, que me trazia tranquilidade e conforto. Caminhei na direção da fonte desse aroma, encontrando um olhar brilhante nos olhos do seu dono. Parei em sua frente e fiz algumas brincadeiras, sentando-me em seguida no meu lugar.

A aula ocorreu de forma envolvente, e percebi que tinha todas as razões para gostar daquela escola. Aproveitei todas as oportunidades para soltar piadas direcionadas ao japinha, observando seu rosto corar e sua expressão mostrar sinais de raiva.

Após algum tempo, o sinal tocou e observei Hitoshi sair disparado da sala. Sem hesitar muito, decidi segui-lo, ansioso para continuar com a minhas brincadeiras. No entanto, antes que eu pudesse me aproximar, notei um garoto alto de pele escura se aproximando rapidamente dele. Com força, ele puxou o japonês para si, fazendo-o colidir no seu peitoral. Fiquei intrigado com essa cena, mas o que vi a seguir transformou meu sorriso em uma expressão furiosa.

Passei rapidamente por eles e segui em direção à cantina. Minha mente estava cheia de perguntas e confusões sobre aquele comportamento inesperado. O tumulto de emoções dentro de mim só crescia enquanto eu tentava processar a cena que presenciara.