DORMINDO COM A BESTA

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Enquanto Caetano tentava cobrir os olhos com a mão, Antony se aproximou dele, se ajoelhando ao lado do sofá.

Antony: Você está chorando de novo! Não consigo mais ouvir! Meu Deus! Não é surpresa que você está sempre cansado. Estou te ouvindo chorar a mais de meia hora! Quem diabos chora sem lágrimas?

Antony não estava bravo com ele, mas estava bravo. Ainda assim, jugando pela sua fala.

Antony: Se você dormir novamente, aposto que vai chorar de novo.

Caetano: Com certeza vou, talvez o motivo seja que eu não consiga chorar na vida real, eu me mato de chorar nos meus sonhos.

Antony colocou as mãos no rosto dele e começou a olhá-lo ansiosamente.

Caetano: Eu amo o seu perfume. O cheiro é maravilhoso.

Antony: O seu também, eu senti nas suas roupas molhadas. Se mexa!

Depois de dar essa ordem, ele apontou com o dedo para onde Caetano devia se mexer.

Caetano: Para onde? Para onde eu tenho que ir? e você...

Antony: Lembra do que você me disse hoje?

Caetano: O que eu te disse?

Antony: Que você chora enquanto dorme desde que começou a dormir sozinho.

Caetano olhou para ele de novo, já que não conseguia acreditar no que ele estava insinuando.

Antony: Hoje à noite você não vai dormir sozinho.

Ele abriu a cama, trouxe mais um cobertor e travesseiro e deitou ao lado dele. Havia espaço o suficiente na cama para os dois, e Antony nem estava encostando nele, nem Caetano conseguia ouvir ele respirar. Ainda assim, era demais para ele, cinco minutos depois, ele murmurou.

Caetano: Não consigo fazer isso...

Antony: O quê? Qual é o problema agora?

Caetano: Ah, nada, é só que...só não consigo dormir
perto de você, desculpa.

Antony: Por que não? Finja que eu não estou aqui. Eu não te toco, você não me escuta.

Caetano: Mas eu sei que você está aqui, desculpa, mas só não consigo fazer isso. Por favor, me entenda. Até recentemente, eu dividia a cama com o meu marido, e agora outro homem está deitado do meu lado.

Enquanto Caetano dizia isso com as costas viradas para Antony, ele apertava a ponta do travesseiro.

Antony: Então finja que eu sou ele e você vai cair no sono.

Apesar de Caetano não acreditar que mais nada que ele dissesse pudesse chocá-lo, essas palavras provaram que ele estava errado.

Caetano: Você é um...

Caetano não sabia do quê chamar ele, então só ficou em silêncio.

Caetano: A propósito, está quente demais aqui. Você esquentou demais o lugar.

Antony: Sim, eu concordo.

Caetano: Não acredito que você concordou!

Ele tirou o cobertor do seu corpo e se aproximou da beirada da cama.

Antony: Você tem medo que eu faça alguma coisa com você? Não se preocupe, não estou interessado em viúvos.

Caetano: Então, de que tipo de homem gosta? Não gosta dos magros, viúvos... você sequer gosta de homens?

Antony: Homens não são a minha prioridade no momento.

Caetano: No momento? Então isso quer dizer que você não está num relacionamento, certo?

Antony: Não, não estou. Já faz muito tempo.

Caetano: Quanto tempo?

Antony: Um pouco menos de dois anos.

Caetano: É muito tempo. Não vou fazer mais perguntas sobre isso.

Antony: Ok. E agora feche os olhos e pense em...não sei, sobre o homem de quem você gosta, aí vai dormir.

Caetano: Eu não gosto de ninguém.

Antony: Por quanto tempo você vai ficar de luto pelo seu marido?

Com aquelas palavras Caetano teve que se virar. Ele podia ver bem o rosto dele, graças à luz que vinha do corredor.

Caetano: Por que uma pergunta tão estúpida? Quanto tempo eu vou ficar de luto pela morte do homem que eu amava? Pra sempre! Eu casei com ele com a intenção de ficar com ele pra sempre e eu o perdi. Você tem ideia de como é perder alguém que ama?

Antony: Ele se foi e você está se destruindo, você é jovem. Você tem a vida toda pela frente, precisa seguir em frente.

Caetano: É cedo demais para pensar em outros homens, como você está sugerindo.

Os dois estavam deitados olhando para cima, dessa vez com seus corpos se tocando. A perna de Antony encostou na dele.

Antony: Sim, tem razão. É cedo demais, não estou afim de conversas assim a essa hora. Durma, Caetano!

Caetano: Eu estava dormindo até você me acordar.

Caetano revirou os olhos e Antony deu a ele um apelido em retorno.

Antony: Pérola, o que eu devo fazer para você relaxar?

Ele queria ajudá-lo a se sentir mais confortável, a intenção de Antony era só afugentar os pesadelos dele, mas Caetano protestou.

Caetano: Só fique aqui.

Ele deitou de lado e fechou os olhos, ainda assim, Caetano não conseguia acalmar seu coração batendo loucamente. Um homem, calor, fogo, segurança...e então, quando ele estava saindo da realidade, uma forte mão masculina envolveu a cintura dele e o puxou contra uma parede de fortes músculos. Caetano não se moveu e nem falou nada, ele até parou de respirar e fingiu que estava dormindo. Ainda assim, não conseguia esconder a verdade de si mesmo, e a verdade é que isso estava melhor do que nunca, e que ele precisava de mais do que nunca poderia ter.

Continua...

O toque da Besta (Romance Gay +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora