O Erro Mais Lindo Que Já Cometi

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Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust foi um escritor francês, mais conhecido pela sua obra À la recherche du temps perdu, publicada em sete partes entre as décadas de 10 e 20 do século passado.

Engfa conhecia bem esse homem de mente brilhante, apresentado por sua mãe quando esta a presenteou com uma de suas obras mais influentes em sua opinião: Du côté de chez Swann.

Além de influenciá-la no aprendizado de outras línguas, Marcel tinha citações que sempre cabiam a situações atuais, como se falasse diretamente à cada pessoa. Uma delas parecia ter sido pensada sob medida para a morena: "É espantoso como o ciúme, que passa o tempo a fazer pequenas suposições em falso, tem pouca imaginação quando se trata de descobrir a verdade."

A comandante, no canto esquerdo da sala, manteve-se em uma de suas posições costumeiras: coluna ereta, mãos cruzadas e postas na traseira de seu corpo e o olhar atento, porém imperturbável.

Se por fora ela aparentava não estar susceptível à padecer de qualquer emoção, por dentro ela rasgava-se em um misto de raiva e inveja. Sim, inveja. Inveja do Sr. Henderson, filho, que detinha toda a atenção de Charlotte no momento. Se não fosse por sua aparição repentina, provavelmente Engfa teria convencido a herdeira a ouví-la, a permitir uma explicação sobre o que houve entre elas no dia anterior. Mas não. Agora a morena estava toda aberta a sorrisos nos braços do homem que não passava de um imbecil com intenções ilusórias, flertando deliberadamente, sabe-se lá com quantas maldades na cabeça, e Waraha, por sua vez, tendo que "engolir" a cena. Era a paga pelo seu deslize, ou pelo o que imaginava que tivesse sido um engano.

- Soube que você estava doente, querida. - Keane dizia enquanto sentavam-se nas poltronas, uma em frente à outra - Vim verificar à quantas andava o seu estado de saúde.

- Oh, não precisava se preocupar. Estou bem melhor. Foi somente uma indisposição passageira, nada grave. - Charlotte suspirou, voltando a sua atenção para a agente especial - Poderia, por favor, deixar-nos à sós, comandante? Não vejo necessidade de sua vigilância nesse momento.

A morena entreabriu os lábios para responder, mas prendeu o ar antes que as palavras pudessem ser proferidas, pois o suposto cavalheiro presente adiantou-se na fala.

- Não se preocupe, Charlotte. - Ele buscou por uma das mãos da mulher, que repousava em sua coxa - Serei breve. Já que está bem, que tal uma partida de golfe para distrair?

- Golfe? - A morena indagou, não por surpresa, mas para reafirmar a si mesma ao que teria que se prestar fazer mais uma vez para manter as aparências.

- Sim. Você adora, não?

- Claro! Um dos meus hobby's preferidos. - A bufada discreta de insatisfação passou despercebida por Henderson, porém não pela morena. A filha do Sr. Alexander levantou-se, caminhando a passos lentos em direção à Fa. Um olhar encontrando no outro as intenções ocultas, soltando faíscas invisíveis, podiam conversar em silêncio como em tantas outras vezes fizeram, mas o contato visual foi interrompido abruptamente pela mais nova que passou a mirar um ponto qualquer do chão - Comandante, iremos ao East Potomac. É isso mesmo, não é, Keane? - O homem assentiu - Providencie nossa saída em instantes, por favor. Meu bem, irei me trocar. Prometo não demorar mais do que dez minutos.

- Fique à vontade, querida.

- Srta. Austin, com licença. - Waraha dirigiu-lhe a palavra - Prefere ser conduzida em qual veículo? - A morena alternou a atenção do homem para Engfa.

- Irei com o Sr. Henderson. Pode seguir atrás com o carro que quiser.

- Creio que isso não será possível. Devo relembrar de que necessito acompanhá-la de perto.

A Filha Do PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora