Capítulo 2 "A operação"

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Era uma noite quente em Lay, no final do jantar fui caminhar. Observei ao longe a mansão dos Frank's, iluminada pelos grandes candeeiros na entrada. Decidi atravessar os grandes portões e explicar ao senhor Frank que o pai falecera portanto nunca mais iria trabalhar. Bati na porta 3 vezes e imediatamente uma empregada abriu, retirei o chapéu cumprimentando-a delicadamente e contei-lhe que precisava de falar com o Sr.Frank e ela indicou-me o caminho para o escritório deste. Um escritório enorme preenchido de grandes estantes atapulhadas de livros e capas. Sentei-me numa das cadeiras verdes com aparência confortável que o Sr.Frank disponha para visitas e servi-me de um licor oferecido pela empregada.

Conversamos durante algumas horas e o Sr.Frank convidou-me para jantar quando o meu calendário permitisse de modo a falarmos de negócios , pois quero investir uma parte do meu dinheiro. Já era bastante tarde e dirigi-me para casa da minha tia Alice. Já todos se encontravam a sonhar, entrei sem fazer um único barulho e rapidamente adormeci. Exausto, depois de um longo dia. Já tinha saudades do sol de Lay a acordar-me pela manhã. Tomei um duche e decidi ir a casa do meu pai. Esta que a iria reconstruir tornando-a grande e bonita. Iria possuir um grande jardim e uma piscina para refrescar nos dias mais quentes que Lay oferece e que agrada tanto aos turistas.

A manhã rapidamente terminou e fui almoçar a um restaurante no centro de Lay. O meu pai tinha o hábito de frequentar aquele mesmo restaurante. Quando completei a minha nona primavera o pai foi comigo lá jantar, passamos momentos incríveis alí. Onde o meu pai imitava a vida de uma simples batata frita e me proporcionava inúmeras gargalhadas. Na minha opinião as coisas mais significativas encontram-se nas coisas mais simples que a vida oferece. Por isso é que é de uma importância enorme aproveitar o hoje como se não existisse amanhã. Encontrei-me com o Hugo, o meu colega de secretária na escola que frequentei fora de Lay. É um rapaz inteligente, simpático e sempre disposto a ajudar. Prolongamos a conversa por uma hora e depois despedimo-nos.

Já sentia a saudade a apertar no peito pois em menos de 24 horas já me estou a dirigir para Hunter, onde tenho uma vida repleta de complicações e stress. Jantei em família no sábado o tempo estava agradável. O meu primo Carlos convidou-me para um jogo de futebol e eu aceitei. Diverti-me imenso nessa noite. Recordei alguns momentos na minha infância em que a minha maior preocupação era não estragar a bola de futebol. A minha mãe ensinou-me a remendar as calças que estragava alegremente enquanto jogava com os meus amigos na rua.

O meu pai por vezes jogava comigo nas manhãs de domingo. Não há uma hora em que todos os minutos sejam preenchidos de saudade. Deitei-me depois de realizar umas revisões para as consultas e operações desta semana. Na manhã de domingo voltei a colocar as minhas coisas na mala e dirigi-me para o carro. Despedi-me da minha família e de Lay.

Cheguei a Hunter com o coração partido mas com a ansiedade desperta pois na próxima sexta irei voltar a Lay. A semana foi longa e o cansaço enorme. Na semana seguinte era a operação de Vitória Frank. Tinha saudades da Sofia, será que ela se encontra bem? No meio da semana liguei para a casa do Sr.Frank de modo a confirmar o jantar de sexta e não foi o Sr.Frank que atendeu. A voz doce surgiu pelo telemóvel, o meu coração acelerou tão rapidamente que por momentos me surgiu a ideia que ele me ia sair pelo peito fora correndo a toda a velocidade para ela. Respondi depois do choque que a voz dela teve em mim e ela informou-me que o meu pai estava ausente e para tentar mais tarde.

Ela estava viva. O resto da semana encheu-se de cor e de alegria. Na sexta no final do almoço fui para Lay. Vesti-me conforme a situação e dirigi-me para a casa da família Frank. Ela abriu a porta com um sorriso que rapidamente se transformou numa expressão de espanto. Era ela. Estava lindíssima com um vestido vermelho e o cabelo apanhado. Cumprimentamo-nos e ficamos a falar durante uns minutos na sala de estar. Uma sala ampla com sofás castanhos, com quadros de grandes artistas pendurados nas paredes e com cortinas da cor do céu. O jantar foi demorado e a comida realizada pela minha tia Alice estava como sempre divinal.

Vitória Frank evidenciou que iria realizar uma operação de um risco enorme na semana seguinte e que se sentia ansiosa e simultaneamente com medo. Não quis contar que iria ser eu próprio a operá-la. No final do jantar, sentei-me num banco no alpendre da varanda da frente com Sofia  a conversar na companhia de um café. Informou-me que era secretária e vivia naquele momento com o seu namorado numa casa pequena no centro de Lay. As palavras proferidas soaram-me como balas no peito. O meu coração estava partido. Nunca mais teria hipóteses com ela e para além do mais ela estava feliz. Felicidade essa que era visível através do sorriso deslumbrante que apresentava. Nessa mesma noite dirigi-me para Hunter. Afoguei as mágoas num bar até de madrugada e quando a cidade acordou juntamente com a agitação deitei-me na cama e acordei já bastante tarde. Os dias seguintes foram dias repletos de consultas e operações. Até que chegou o dia 9. De 8 para 9 mal consegui dormir pois o meu corpo termia por todos os lados. Depois de uma longa manhã, a hora aproximava-se. Estava marcada para as 16:45 horas. As horas seguintes foram longas, na minha opinião os segundos duplicaram juntamente com os minutos. A família entrou no Hospital e ninguém possuía um sorriso. Estava uma tarde abafada em Hunter. A expressão da família a visualizar-me foi de puro espanto. Todos ficaram admirados principalmente quando tomaram conhecimento que iria ser eu a operar Vitória Frank. Depois de uma hora e 30 minutos de uma operação com puro sucesso recebi uns breves elogios do Sr.Frank. Sofia aproximou-se e apenas me agradeceu. O meu turno terminara e eu quando estava prestes a abandonar o hospital, vi o que os meus olhos não desejavam ver. Ele estava presente. Alto, magro, cabelo claro e olhos escuros. Agarrava a mão de Sofia com a sua respectiva mão direita enquanto a outra segurava algumas rosas provavelmente para Vitória Frank. Inesperadamente sem pensar despedi-me. Quando regressei ao meu pequeno apartamento no centro de Hunter arrumei a minha roupa numa mala e dirigi-me para o carro.

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