Capítulo 3 "A viagem"

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Estaria a fugir aos problemas? Não sabia como enfrentá-los. Conduzi algumas horas, lutei contra o cansaço e passei a noite numa pousada a 200 quilómetros de Hunter. Estava uma noite vazia, a alegria fugiu para longe. Tomei um duche rápido e deitei-me nos lençóis limpos da cama do quarto. De manhã desci para o pequeno-almoço e arrumei a minha mala para o carro. A minha cabeça estava num universo paralelo e só regressei à terra quando me apercebi que o carro tinha ficado sem gasóleo precisamente num local deserto. A minha vida devia resumir-se a "Um individuo que transbordava sorte". Procurei o meu telemóvel mas foi em vão. Passado alguns minutos um carro da cor da estrada aproximou-se e parou quando percebeu o meu sinal de ajuda. Era uma mulher deslumbram-te que o conduzia. Saiu do carro e encheu a face com um sorriso enorme, os seus lábios preenchidos por batom vermelho e uma roupa que realçava o seu corpo. Estava estupefacto. A voz suave invadiu o calor das onze da manhã. Ofereceu de imediato ajuda, fomos no seu carro para o posto de abastecimento mais próximo. A música que tinha no carro enchia o ar de felicidade e de boa disposição. Fomos conversando ao longo do caminho, visto que percorremos 40 km até encontrarmos o posto de abastecimento. Um senhor de idade muito provavelmente com uma longa e divertida história de vida. Na pequena loja onde o Senhor atendia os clientes com toda a satisfação comprei um postal para enviar para a minha tia. Escrevi poucas palavras, somente o essencial: "Querida tia, vou viajar em torno do mundo para descobrir o que de magnífico a terra apresenta. Não te preocupes comigo estarei bem. Do teu sobrinho que te adora, João". Coloquei no correio numa aldeia próxima. A hora de almoçar alertava me a cada cinco minutos com barulhos estranhos oriundos da minha barriga. Clara, a mulher que me ajudou naquele dia em que as temperaturas altas se afirmaram, acompanhou me de volta ao carro. De modo a retribuir o seu simpático gesto convidei-a para almoçar, partilhamos bons momentos. Já não me lembrava do simples som da minha gargalhada. Ela despertou em mim a felicidade que estava adormecida na minha alma. Passamos a tarde juntos visitando alguns monumentos de uma cidade próxima. O dia anoiteceu e sentia algo de mim que desejava que ela me acompanhasse nesta louca viagem. Sem hesitação convidei-a a acompanhar-me, os olhos dela iluminaram-se e o seu sorriso enorme afirmou que sim. Continuámos a nossa viagem e entramos num país desconhecido, ó querida Holanda. Passamos a noite num hotel muito acolhedor onde nos divertimos bastante com a banda que actuou nessa mesma noite no salão de festas do hotel.

Deitei o meu corpo cansado na confortável cama do meu quarto, fechei os olhos e só conseguia visualizar a sua cara preenchida de alegria e satisfação com a vida que levava. Questionei-me tentando obter resposta para o porquê de eu não possuir essas fantásticas características. No dia seguinte acordei com os quentes raios de sol que o dia apresentava, naquele fresco dia na Holanda. Dirigimo-nos de volta ao carro onde até ao almoço conduzimos contemplando sempre as maravilhosas paisagens que a Holanda oferece. Os seus incríveis moinhos e a agitação das grandes cidades. Viajei pela europa durante algumas semanas e mais tarde quando dei por mim sem reconhecer onde me encontrava. Parei. E senti um enorme aperto no peito, a saudade de casa. Estava a milhares de quilómetros de Lay mas mesmo assim conseguia imaginar-me a passear numa das ruas bem movimentadas a sentir a agradável brisa, feliz. Imaginava-me feliz. O meu amor por Clara cada vez era mais profundo. Estava na altura de regressar a Lay. Na manhã seguinte, depois do típico pequeno-almoço acompanhado pelas notícias, notícias essas desagradáveis, colocamos as nossas malas no carro e partimos em direcção a Lay.

  Clara estava grávida. Uma menina. Tinha de transmitir esta notícia à minha tia Alice. Chegamos à sua grande casa e apresentei Clara imediatamente à família presente. Todos deram os parabéns e desejaram as felicidades. Depois de Clara se deitar, levantei-me uma vez que o sono não tencionava aparecer por aí. Desci as escadas e fui em direcção ao jardim, sentei-me na cadeira de baloiço e pus me a pensar em toda a agitação que ultrapassava a minha vida. Já alguma vez pensas-te se estás a esquecer-te dos objetivos principais da vida? Eu gostava de um dia me sentir concretizado, e apresentar sempre nos últimos anos da minha vida um sorriso de satisfação só por ter acordado. Não ter mais de lutar contra esta máquina de tempo gigante que a qualquer minuto de qualquer hora pode desfazer-se por completo.

    Na manhã seguinte, quando me direccionava para comprar pão para o pequeno almoço, encontrei Sofia. Apresentava-se com um vestido vermelho e um colar de pérolas brancas. Os nossos olhares cruzaram-se por instantes mas a agitação da rua impediu a continuação.

   

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⏰ Última atualização: Jun 10, 2015 ⏰

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