Venus as a boy

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Sanji ainda era um universitário, o trabalho no Baratie era apenas um estágio, porém pensava em seguir carreira por lá enquanto ainda não vivesse na França. Apesar de odiar Zeff (chef e patrão), ele era bastante útil no Baratie. "Eu sou mesmo o melhor cozinheiro dessa jirigonça!" — Quase sempre pensava dessa forma, não era nem um pouco modesto e sabia que Zeff se aproveitava dele quando lhe pagava com um salário mínimo. No entanto, havia sua vida na universidade. Ele precisava reconciliar os horários para que continuasse nos dois ambientes. Costumava estudar a tarde e por isso resolveu trabalhar de manhã e de noite no Baratie. Havia algumas vezes que tinha aulas pelas manhãs, mas depois de se explicar tanto para o velhote de merda, ele era liberado. E agora também havia a obrigação de levar o marimo idiota pra escola. Tal escola não fazia parte do caminho nem de sua casa e nem do Baratie era, portanto, obrigado a pegar trem quando quisesse se encontrar com Zoro.

A cozinha do Baratie estava uma confusão como sempre. O garçom Usopp berrava pedidos que estavam atrasados enquanto o garçom Luffy pregava um papel num varal improvisado, um papel era correspondente a um pedido de uma mesa e tais papéis não paravam de se acumular. O cozinheiro Karne colocou fogo em si mesmo quando jogou vinho na frigideira e o cozinheiro Patty estava ensaiando sua fala "ser gentil com os clientes" no espelho do banheiro. Sentado num barril de vinho, Zoro observava todos da cozinha, principalmente o sobrancelha enrolada que sempre sorria enquanto fazia um prato. Estava totalmente submerso naquele mundo que gostava tanto e por isso não notava a bagunça. A faca afiada era usada por suas mãos habilidosas e usava também seu uniforme de cozinheiro com um chapéu pendido para um lado. Suas mangas estavam sempre suspendidas e o branco do avental não tinha uma mancha sequer. Segurava o cigarro apagado entre os lábios, como força do hábito.

Sanji percebeu Zoro lhe encarando e fez um sinal com a mão para chamá-lo até onde estava. O menor ficou confuso, mas se levantou e se aproximou daquele pervertido que estava terminando um prato doce quando jogou a cobertura de chocolate por cima. Assim que terminou, arrastou a sobremesa pelo balcão na sua direção. — Pra você. — Disse sorrindo e piscando o olho visível.

Zoro encarou o prato minuciosamente enfeitado. — Não gosto de doces.

— Quê?! — Cuspiu na cara do esverdeado por exclamar bem alto. Não tinha como alguém não gostar de Petit Gateau, pensou. — Como assim?! Até quem não gosta de doces, gosta de Petit Gateau! — Pegou uma colher da pia, injuriado, depois um pedaço da sobremesa e levou até a boca do esverdeado. — Experimente!

Zoro encarou o loiro com os olhos estreitos. — Não precisa disso. — Tomou a colher dele enquanto pensava que não era nenhum bebê pra dar na boquinha. Provou a sobremesa e teve uma surpresa. — Realmente, esse é diferente. — Admitiu, provando mais e com cuidado como se fosse um avaliador do masterchef, programa que lhe dava sono.

— Viu?! — Sanji estufou o peito, orgulhoso. Zoro achou engraçado o seu nariz arrebitado.

O turno da noite terminara e Sanji foi para o vestiário tirar sua roupa de cozinheiro para o seu bom e velho paletó. Acendeu um cigarro quando já estava com as roupas trocadas e viu, na saída, Zoro conversando com Usopp e Luffy até eles darem tchau para seguirem o caminho de suas respectivas casas.

— Por que não conversa assim com os seus colegas de classe? — O loiro parou ao lado do marimo. Suas mãos estavam dentro dos bolsos da calça e tinha o cigarro aceso em seus lábios. Seu olhar era indiferente.

— Eles não são interessantes. — Zoro respondeu claramente incomodado.

— Seei... Bem, vou te levar pra sua casa.

— Sobre isso... Eu posso dormir na sua casa essa noite? — Esse foi um pedido inusitado.

— O que quer lá? Não tem nada de interessante onde moro.

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