Julia Blunk

Mãe

Já se passaram três dias, minha vida está ótima, não tem comi melhorar. Julia me ajuda muito com minha depressão e bipolaridade. Faz tempo que não penso em suicídio ou tenho visões entranhas e sonhos horripilantes.

Ela me ajuda muito, me ajuda como ninguém nunca me ajudou. Devo muito a ela, pelo seu esforco e compaixão. Ela me arrumou um emprego, sou fotógrafa de um blog famoso na internet, eles pagam bem, mas tem muito trabalho.

O celular vibra em meu bolso enquanto estou limpando meu guarda-roupa.

Consegui um emprego pra mim. Vou trabalhar em uma loja de bolos. - Julia

Meu coração disparou de alegria, fiquei tão feliz por ela. Vai conseguir comprar suas roupas e outras coisas.

Estou muito feliz por você! Parabéns, você merece.

O dia se passou como outro qualquer, sem nenhuma surpresa. Apenas eu vidrada em séries do Netflix, como sempre. Julia chega em casa cheia de sacolas de compras e me mostra cada coisa que ela comprou. Tudo barato, mas bonito. Camisetas simples, calças largas, roupas estilo grunge.

- Amanhã a gente pode ir a um brechó e comprar roupas pra você. Me desculpe, mas não da pra você ficar usando o mesmo moletom todos os dias.

- Eu sei, tudo bem, nós vamos. - eu respondi com um grande sorriso no rosto.

Minha vida estava ótima, ela me faz tão bem. Ela matou por mim, jurou por mim, amou por mim, tudo por mim.

Os dias se passam e meu encontro com Marco é essa noite. Mal posso esperar, não contei nada a Blunk, porém ela não vai se importar, ela me quer feliz.
Trabalhos e trabalhos, preciso tirar fotos, selecionar as boas, editar elas, ver que ficou ruim, apagar todas e começar o processo de novo e de novo, até uma foto ficar ótima ao seu ponto de vista, então manda pra sua chefe e ela diz por email "essa imagem não provoca as pessoas ou as fazer ler sobre o artigo. É apenas uma foto bonita. Quero uma perfeita pra amanhã até as 17:00."

Todo aquele trabalho e horas pra nada, nada. E então preciso ter outra ideia e preciso de horas vagas. Entretanto não vou desmarcar meus compromissos de hoje.

- Então... Como fico com esse uniforme? - Julia aparece na sala com seus trajes uniformizados.

- Ficou ótimo. Boa sorte lá. - eu digo e ela sai sem pressa.

Olho pro lado e vejo seu colchão de ar no chão. Tenho dinheiro guardado, muito dinheiro. Posso comprar um pequeno apartamento de dois quartos ou ela pode dormir comigo, na mesma cama. Muito a se pensar, mas estou sem tempo.

A correria passa e quando olho no relógio 18:56. Já? Preciso me trocar.

Tomo um rápido banho, uso então uma calça de couro sintética preta, camiseta preta, jaqueta jeans meio rasgada anos 90, um all star vermelho de cano médio que uso sempre. Uma maquiagem pesada, olhos bem escuros, mas os lábios rosados bem claros. Coloco minhas pulseiras de couro e já saindo de casa. Chego no The Grill 20:10 mais ou menos e ele me espera sentado em uma das cadeiras de fora. Ao me ver ele se levante e vem até mim.

Usa uma calça jeans surrada, a camisa xadrez que cabe perfeitamente e um coturno marrom com cara de novo.

- Oi, tudo bem? - ele me olha com um brilho nos olhos. - cheguei muito cedo.

- E eu me atrasei, tinha muita coisa pra fazer. - disse.

Vou até o bar e peço minha cerveja caseira. Sinto o amargo dela virar doce.

- Qual o seu sonho? - ele me pergunta rápido com um sorriso inocente no rosto que me faz engasgar com a bebida.

- Boa pergunta. Acho que ser feliz, poder me preocupar mais com os outros e tentar ver o lado ruim das pessoas.