No dia seguinte, acordei normalmente com o barulho do despertador tocando. Tomei banho, me arrumei, tomei café da manhã e me dirigi à escola. Moro com minha mãe, mas ela trabalha durante o turno da noite em um hospital e, quando ela chega pela manhã, eu já não estou em casa. Além disso, ela faz ainda faxina em alguns apartamentos da zona sul algumas vezes por semana pra completar a renda. Queria poder ajuda-la e, por isso, até tenho procurado emprego, mas, sem sucesso até agora.
Ao chegar na escola, me deparo com todo aquele caos.
- Como podem ser tão barulhentos às sete da manhã? – Perguntei baixinho para mim mesmo.
Enquanto caminhava, avistei Robson próximo a cantina conversando com alguns amigos. Antes que eu pudesse desviar o olhar, ele olha pra mim de volta e dá um sorriso tímido. Eu ainda custava a acreditar que ontem mesmo havia engolido toda a porra daquele idiota. Não achem que estou cuspindo no prato que comi ou, nesse caso, na rola que mamei. Pra mim, só o usei para me satisfazer e se o satisfiz também, sorte dele. Ignorei-o e continuei caminhando até a sala de aula. Antes de entrar, recebi mensagens de Camila.
"Amg vc já chegou na escola? "
07h06
"Já. Pq? "
07h06
"Não vou hj. "
07h07
Não vai vir pq sua rapariga???
07h07
"Só vai ter aula chata hj nessa porra"
07h07
"Resolvi descansar um pouco"
07h08
"Vai me deixar sozinho nesse caralho de escola Camila? "
07h09
" Amg sem drama vai..."
07h10
( Emoji dando dedo)
07h11
Desliguei a tela do meu telefone e resolvi entrar na sala de aula, já procurando minha cadeira favorita. Ainda não tinha muitos alunos na sala. Alguns minutos depois, entra André do 2º ano A lá na sala. Ele parecia estar procurando alguém até me ver e se aproximar.
- E aí, Vitor, beleza? – Ele me cumprimentou com um sorriso simpático no rosto enquanto senta na cadeira em frente a minha.
- Oi, André. – Respondo sem muita vontade.
- Caramba, tá animado, hein? – Ele brincou e deu uma risadinha, o que me tirou ainda mais a paciência.
Não sou muito conhecido pela simpatia, na verdade, as pessoas costumam falar pela escola que sou "pavio curto". Não me importo nem um pouco com isso.
- Vem cá, você agora é dessa turma? – Perguntei agressivamente, o que não intimidou ou fez André tirar o sorriso do rosto.
Ele riu.
- Calma, cara. Só tô querendo te fazer uma pergunta. – Disse ele.
- Então pergunta logo que eu preciso olhar algumas anotações e...
- O que eu preciso fazer pra receber de você a mesma coisa que Robson recebeu? – Ele me interrompeu e meus olhos arregalaram.
Claro que ele fez a pergunta baixinho para que apenas eu ouvisse, mas no susto, levantei da cadeira e o puxei pela mão para que saíssemos da sala. André agora fazia um sorrisinho irônico.
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Virei garoto de programa na escola
AdventureMeu nome é Vitor, tenho 19 anos e estou atualmente cursando administração na faculdade. O que tenho a compartilhar com vocês é o que considero a maior loucura da minha vida: quando me tornei garoto de programa durante o ensino médio.