Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3

Chapter 441 "Se a rosa tivesse outro nome, ainda sim teria o mesmo perfume"*

Capítulo 441 “Se a rosa tivesse outro nome, ainda sim teria o mesmo perfume”*

Quando se aproximou da porta entreaberta, ouviu a voz de Xing Ye.

Qing Song sorriu para si mesmo e correu para a cozinha, encheu uma cumbuca de ensopado de peixe com gengibre e colocou uma colher de madeira dentro.

Ele queria tanto que Xing Ye se alimentasse, quem sabe ele não se sentiria tão abatido com a barriga cheia?

O garoto de doze anos levou a cumbuca repleta de ensopado com cuidado para não respingar e quando tornou a se aproximar da porta, ouviu a voz de Xing Ye alterada como nunca havia presenciado!

Qing Song arregalou o olhar e parou em frente a porta entreaberta.

— Devolva meu alforje! Solte agora mesmo!... Shu Rong!

Da fresta, viu seu pai e Xing Ye brigando pela posse do alforje.

Essa era uma cena inédita, porque mesmo nos tempos em que Shu Rong tratou Xing Ye mal logo no início, o rapaz nunca ergueu a voz, nunca se quer contestou ou soou minimamente desrespeitoso.

Os dois estavam com certeza brigando! Tudo aconteceu na velocidade de um raio bem diante de seus olhos.

Sem dispensar um olhar para seu pai, Xing Ye desistiu do alforje e ia sair pela janela à revelia.

Num movimento fulminante, afim de impedir que ele saísse sem mais, os dois se engalfinharam numa troca de golpes, até que Shu Rong imobilizou Xing Ye contra a parede.

Por que eles estavam se encarando tão zangados um com o outro? O coração de Qing Song batia alucinadamente, seus pés se encolheram em suas sandálias, seu corpo sem conseguir se mexer.

Até que, ofegante como se estivesse prestes a realmente chorar, Shu Rong soltou-lhe parte do corpo, afrouxando o golpe e finalmente conseguiu que o rapaz lesse sua linguagem de sinais.

“Eu sou seu pai! Não se atreva a sair por essa janela!... Shui... Ela te deu o nome que eu escolhi.”

O som da cumbuca se chocando contra o chão fez a atenção dos dois adultos que brigavam olharem em simultâneo para a porta entreaberta.

Qing Song estava em choque, o ensopado cobria o assoalho, a cumbuca virada com a borda para baixo, a colher tinha escorregado para longe.

E como os três estavam emudecidos, Shu Rong fez um sinal para Qing Song se aproximar, o garoto nem sabia bem porquê, mas estava chorando.

Ele apenas deu uma corrida trêmula atravessando o cômodo e abraçando os dois adultos, agarrando-se aos dois em meio a tremenda confusão que aquela revelação tinha lhe causado.

Huan Shui fez um carinho na cabeça de Qing Song e fitou mais uma vez seu pai... SEU PAI.

O pescador, que não esperava ter que contar a verdade, ainda estava estarrecido com a situação, sem conseguir sorrir de imediato.

Mas, como ele poderia deixar o filho que ele desejou ter a vida toda ao seu lado, em seus braços, simplesmente partir para não voltar mais, pular sua janela sem saber da verdade?

Pela primeira vez, Shu Rong mirou-se fixo em Huan Shui após revelar o que ele desejava, abraçando-o pelo ombro, enquanto estalava um beijo em sua testa.

Huan Shui ainda afagava o cabelo de Qing Song preso num rabo de cavalo, sentindo o quão forte Shu Rong o abraçava, pressentia que era impossível lutar para ir embora.

O jovem deus segurou em seu pai e refugiando-se nele, os três não puderam evitar as próprias lágrimas.

**************