A dor que ele sentia - Jackson Wang (+18)

Black

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Sim, ele sentia, podia sentir a dor daquele dia. Nunca esquecera a agonia daquele momento, e a cada passo, esses sentimentos surgiam de novo: a dor, a solidão. Por mais que tentasse escapar, a solidão o encontrava sempre. As noites insones eram frequentes, os medos tornaram-se amigos constantes. Apesar da dor que o dilacerava, ele lutava para continuar adiante. No entanto, a distância entre ele e quem amava, em centímetros, em quilômetros, o transformou, fez dele o monstro que ele é agora. Mesmo que desejasse, já não conseguia ser livre; a paz que um dia foi partiu, e ele não compreendia mais o que significava ser feliz. As noites eram vazias de amor, os dias, dolorosos. Agora, vislumbrava um futuro sem amor. E a única saída que via era viver uma vida mergulhada na dor.

As lembranças, os gritos, os sussurros, as balas de prata acertando vidas, o medo. Aquele dia, 01 de outubro de 2014, nunca sairia da memória de Jackson Wang. Sim, ele mesmo. Talvez porque tenha sido culpa dele. Ele que quis ir atrás. Não! Não, não foi ele. Não foi culpa dele. Foi culpa dela. Culpa deles por não deixarem ele amar.

(Vocês, porém, devem estar confusos, é um fato. Porém, entenderão ao ler com atenção...)

Jackson Wang agora era apenas... Apenas uma pessoa, ou talvez nem isso. Não sabia mais dizer o que era. Ele sentiu a vida escapar após o disparo daquela arma. Após aquela maldita arma atingir a pessoa errada. Agora, as lágrimas eram frequentes, elas deveriam estar ali, deveria ter sido ele no lugar. Ele desejava que fosse Sthefany, sua doce e amada esposa, a que estivesse viva, não no chão frio daquele lugar. Não era assim que uma dama, uma mulher tão doce, deveria partir. Jackson a viu partir em seus braços, por culpa dele.

Ele deveria ter segurado com mais força aquela maldita arma, mas não... Ele quis ir além do que podia. Queria salvar todos, e não conseguiu salvar aquele a quem mais amava.

E nada, nada poderia trazê-la de volta. Quando ela morreu, ele também morreu. Não fisicamente, mas emocionalmente. Sem ela, sem Sthefany, o mundo era sombrio para ele.

Agora, ele não via motivo para buscar a felicidade. Aqueles que se aproximavam acabavam se perdendo de alguma forma, então, manter distância era sua escolha, e nada o faria mudar de ideia. Tinha apenas uma garrafa de cerveja em um bar escondido no beco da cidade, além das lembranças sombrias para mantê-lo sóbrio.

O Bar Trap Rum era o refúgio de Jackson, seu porto seguro, onde ele se encontrava. O Senhor Pippe era o único com quem Jackson se abria, afinal, muitas vezes era Pipper quem encontrava Wang chorando, caído na calçada, implorando para que Sthefany voltasse para seus braços. Agora, Jackson era conhecido e temido por toda a cidade, embora isso não importasse para ele; ser assim era indiferente, pois foi por causa disso que ele perdeu sua amada.

Agora, ele apenas bebia e cuidava de uma gangue, sem sequer considerar a possibilidade de deixar tudo para trás.

Ele não se importava, já que continuaria a ser assim para sempre, esse monstro que se tornou.

Talvez Jackson não consiga imaginar o que o futuro lhe reserva.