No limite da sanidade

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Ela abriu os olhos e estranhou completamente aquele local. Simplesmente não o reconhecia e nem se lembrava de como havia chegado ali. Na verdade, lembranças não era algo fácil de encontrar em sua mente perturbada. Nem seu nome lhe ocorria. Resolveu tomar como seu o que estava escrito na pulseira de plástico presa em seu pulso: Iris.

Pulseira de plástico? O espanto com a descoberta fez com que uma forte dor de cabeça a tomasse de assalto, mas resistindo a ela sentou-se na cama apenas para constatar o que já havia imaginado. Uma bata branca de bolinhas azuis era a única coisa sobre seu lingerie gasto.

Jogou para o lado o lençol puído e sentiu o frio se espalhar pelo seu corpo ao tocar o chão com os pés descalços. Havia outra cama no pequeno quarto de paredes brancas e janela gradeada, mas ninguém a ocupava.

Abriu a porta agradecida por estar destrancada e começou a andar pelo longo corredor tentando encontrar alguém que lhe explicasse onde estava, como havia chegado ali ou mesmo porque não conseguia se lembrar de nada.

Enquanto passava ao lado das portas, não resistia à tentação de olhar pelas pequenas janelinhas de vidro blindado transparente. Em cada quarto parecia ser sempre a mesma mulher, mas cada uma se comportava de maneira diferente. Agressiva, inquieta ou alienada. Andando pelo quarto ou amarrada à cama.

A paciente do quarto 42, no entanto, chamou sua atenção. O mesmo corpo esguio vestido com uma bata branca de bolinhas azuis que as outras, com os cabelos castanho escuros compridos ocultando parte de seu rosto.

Abraçada aos próprios joelhos seu corpo balançava lentamente para frente e para trás fazendo a pulseira de plástico arranhar sua pele sensível. A compreensão foi como um balde de água fria seguida pelo calor do desespero que a arrebatou.

Instantaneamente ela começou a esmurrar a porta tentando chamar a atenção da mulher, mas era completamente ignorada. A aflição tomou conta dela, pois no momento que encontrou aquela fisionomia, reconheceu-a e percebeu que não eram paredes de concreto que a prendia naquele lugar.

Irisera o que sobrava de sanidade dentro de uma mente perturbada que em pouco temponão seria mais capaz de se comportar de maneira racional. Cansada de lutar, amulher estava finalmente se entregando aos braços da loucura.

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(08/03/2021) Atualizei esse conto depois de alguns anos de publicação, porém sem alterar seu conteúdo. Espero que gostem!

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