O Sol não Anda de Bicicleta

Sempre fui apaixonado pela lua

O verão é sempre mágico quando se está no ensino fundamental. As férias começam, seus amigos te chamam para brincar na rua todo santo dia e a energia acumulada durante meses letivos naqueles corpos pequenos infantis finalmente é dissipada de uma vez, transformada em felicidade genuína e ácido lático.

Todavia, no fim do fundamental, o verão só começa a ficar insuportavelmente quente. Aos 14 anos, nono ano do ensino fundamental e mais de 1,80m, Choi Soobin era um recém adolescente meio desajeitado. As coisas estavam começando a mudar, e seus amigos não o chamavam mais para brincar lá fora. Não que ele estivesse reclamando, quer dizer, por que ele brincaria de pega-pega quando está quase entrando no ensino médio? Claro que não sentia falta disso.

Bem, mas talvez, sem aquilo, o verão ficasse um pouco monótono.

O ano era 2005, e apenas seu amigo rico Yeonjun ostentava um PS2 em casa e, infelizmente, Soobin não podia ir toda santa hora jogar lá.

Os dias estavam ficando extremamente entediantes, principalmente quando as HQs inéditas já haviam sido devoradas. Por isso, naquela tarde, Soobin decidiu sair para espairecer um pouco, até a pracinha três quadras ao norte da sua casa.

A brisa soprou imediatamente. Tão feroz, quase o fez esquecer do quanto aquela temporada estava mais quente que o normal. O vento batendo contra seu corpo amenizou todo o seu humor amarrado, e ele sentiu vontade de tomar sorvete na mesma hora.

Havia um trailer que vendia sorvete instalado no meio da pracinha, Soobin chegou em passos rápidos para saciar sua vontade, pedindo duas bolas, uma de chocolate e outra de flocos. O atendente carinhosamente o presenteou com uma camada extra de cobertura de caramelo e ele sorriu instantaneamente com o sabor refrescante. Sentou-se num dos banquinhos pintados de azul piscina, na tranquilidade da sombra de uma árvore de copa cheinha e verde, observando o movimento.

Crianças, para lá e para cá. Repentinamente, ele não fazia mais parte daquele mundo. Já era grande demais para brincar no parquinho que nem um grupo de garotos e garotas que estavam quase gritando suas gargantas fora de tanta animação no gira gira. Também era alto demais para competir junto com os meninos jogando basquete na quadra, tanto que seria quase um crime a vantagem que teria. Por mais que eles parecessem ter por volta de 12 anos, poucos anos a menos que Soobin.

Justo quando sua atenção se voltou para a quadra, a bola laranja saiu voando e pousando bem próximo de si, e os garotos gritaram "hyung, por favor, joga a bola de volta!". Então já era bem óbvio que ele definitivamente era um hyung? Soobin só suspirou e jogou a bola.

O único grupinho da sua idade naquela praça era o pessoal do skate, mas aquela com certeza não era sua praia. Ele gostava de alguma coisa menos radical, mais tranquila, como bicicleta. Apenas deu um "tchauzinho" ao ver Taehyun, um dos seus amigos próximos no bairro, fazendo suas habituais manobras radicais no skate com sua turma de esquisitos de calças folgadas. Era frustrante como Taehyun tinha um hobby consolidado para as férias, assim como Yeonjun com seu PS2 e Huening Kai com as aulas de piano. Soobin era o único perdido.

Mas por falar em bicicleta?

No momento em que terminou seu sorvete, seus olhos se depararam com uma cena incomum. Um garoto de mais ou menos a sua idade tentava andar de bicicleta na parte mais plana e deserta da praça, no entanto, falhava miseravelmente. Seus cabelos eram negros com uma longa franja que recaía sobre seu rosto delicadamente, e era esguio como um macarrãozinho.

Soobin nunca havia visto ele.

E quem não sabia andar de bicicleta aos 14 anos?

O pobre garoto caiu repetidamente no chão num intervalo de 2 minutos, e aquilo começou a ficar triste. Soobin era exageradamente tímido, do tipo que não conseguia falar com as pessoas a não ser que fosse estritamente necessário. Todavia, alguma coisa o fez ir até a cena trágica.