CAPÍTULO: PILOTO

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Naquela noite, uma chuva implacável caía, inundando as ruas desertas e apagando as luzes das casas adormecidas, mergulhando a paisagem em uma escuridão envolvente.

Eu aguardava no ponto de ônibus, segurando com firmeza minhas malas. Uma volumosa bagagem de couro negro continha roupas e artigos de higiene, enquanto um estojo nas minhas costas abrigava minha preciosa guitarra.

Minha espera tinha um objetivo: uma van escura. A hora de sua chegada permanecia envolta em mistério, mas a van parecia ter adiantado-se em relação ao previsto.

Após alguns minutos, uma van estacionou diante de mim. O homem ao volante dirigiu um olhar significativo, indicando que eu deveria entrar.

Abri a robusta porta da van e acomodei meus pertences no banco, ingressando em seguida e fechando a porta metálica.

O trajeto se desenrolou em silêncio, o motorista seguindo com serenidade, suas palavras ausentes.

Com expressão neutra, fixei meu olhar pela janela, absorvendo a paisagem conforme ela se desdobrava.

Em meio a uma densa floresta, nossos passos nos afastaram gradualmente da cidade, imersos na natureza circundante.

Após quase duas horas de viagem, fui despertado pelo toque da buzina. Levantei-me rapidamente, observando ao redor com curiosidade.

Abri a porta da van e desembarquei, esticando-me enquanto me deparava com uma mansão antiga e imponente.

Sob a chuva incessante, as janelas cerradas conferiam à edificação um ar sinistro, aumentando sua aura de mistério.

Transferi meus pertences da van para o solo e deixei escapar um suspiro profundo. Uma mulher de idade avançada aproximou-se, trajando roupas simples de empregada e exibindo uma postura austera.

- Enfim, você chegou. Vamos. - Ela fez um gesto para que eu a seguisse. - A senhora já está dormindo. Espero que tenha lido as instruções que enviei.

- Sim, li todas elas. - Engoli em seco, recordando o fato de ter deixado o bloco de anotações ao relento na noite anterior, tendo lido apenas a primeira página antes de sucumbir ao sono.

A mulher conduziu-me através da casa, levando-me a um compartimento de estrutura japonesa tradicional.

- Seu papel é um pouco mais elevado do que o dos demais, já que você é a criada da senhora. - Ela explicou, apontando para o ambiente. - Este é o dormitório dos empregados.

- Peço desculpas... Quem é a senhora? - Indaguei, examinando o entorno com interesse.

- Você a encontrará amanhã pela manhã. Deverá acordar antes dela e repousar após o seu descanso. - A mulher parou, encarando-me de frente. - Qualquer tentativa de subtrair ou ocultar algo da senhora resultará em punição. O furto culmina em expulsão imediata. Fui clara?

- Tão clara quanto papel... - Respondi, sentindo uma ponta de apreensão.

- Seu alojamento está aqui. - Ela abriu um armário, revelando uma cama modesta. - Deixe suas pertences no compartimento superior. Mais instruções serão fornecidas amanhã.

Ela ajeitou sua vestimenta e dirigiu o olhar à imensa porta em frente à minha cama.

- A senhora repousa neste quarto, portanto, evite ruídos. - Acentuou a mulher, antes de sair do compartimento e fechar a porta atrás de si.

Suspirei, observando o local e murmurando: - Que presença sinistra...

De súbito, ruídos ecoaram pelo ambiente, agucei os ouvidos, pressionando-os contra a madeira para captar melhor os sons.

Passos apressados reverberaram antes de cessarem abruptamente.

Um estrondo ecoou, sobressaltando-me e levando-me a me encolher na cama, cobrindo-me inteiramente.

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⏰ Última atualização: Aug 16, 2023 ⏰

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