Eu não me lembro onde escrevi a idade da Mon, mas me lembro mais ou menos que foi 18. Não foi? Então, bate com a idade do aniversário dela agora que é uma idade importante para o japonês. O 18 também é, que é a festa antes do ano ruim que é 19. Então, se eu coloquei 17 antes, finjam que coloquei 18. Eu não vou conferir o que coloquei. E eu tive que pesquisar mais ainda quando descobri que o seijin-no-hi começou só em 1948, mas que haviam cerimônias da maturidade dos 20 anos desde a antiguidade. Eu tive que refazer o capítulo. Usei nesse o japaoemfoco.com japaoculturasturismo.com miyazakiajet.org e en.wikipedia.org... Ficou grandão e foi muita pesquisa.
Yakudoshi, o ano de azar. Meu pai sempre disse que era melhor eu me casar antes ou depois dos dezenove anos porque dezenove anos é a idade que a mulher pode pegar doenças mais fácil ou coisas do tipo. É uma idade ruim, de muito azar.
Dezenove, trinta e três e trinta e sete são as idades de azar de uma mulher. Trinta e três é a pior idade. Se eu já estou com medo do meu Yakudoshi de dezenove, imagina quando tiver trinta e três. Trinta e três é uma idade pior porque, em japonês, trinta e três se fala parecido com a palavra sanzan. E sanzan significa terrível, desastroso, algo duro de se viver. Mas as outras idades também possuem nomes ruins. Por isso são consideradas de azar, por causa dos nomes parecidos com coisas de azar.
Eu deveria ir ao templo para orar e afastar o azar, mas eu sou só uma camponesa pobre. Não tenho condições de ir à um templo. Só existe um templo em São Paulo. Aqui, não temos isso. Então, não vou poder fazer o yakubarai, a cerimônia que afasta o azar. Mas tem uma opção para quem não pode ir ao templo fazer o yakubarai.
No aniversário de dezoito anos, o ano anterior ao de dezenove, chamado de maeyaku, a família e amigos devem fazer uma festa. Festas afastam o azar e trazem boas coisas porque a comemoração com amigos e família é algo bom. Mas, no aniversário de dezenove, o yakudoshi, é a vez da pessoa retribuir a festa chamando os amigos e família. É ela quem dá a festa.
Esse ano eu tenho que fazer minha festa. Uma coisa muito importante é que, no Japão, não se tem festa todos os anos para comemorar o aniversário. São só algumas datas que são comemoradas.
A minha próxima data a ser comemorada vai ser a de vinte anos, um ano após os dezenove. É o que se chama de atoyaku, porque é quando se comemora a idade adulta, a maioridade. Mas se não entendeu, o atoyaku é o ano depois do yakudoshi, que é o dia da maioridade da mulher. Em português seria um ano após os dezenove anos, ano da maioridade, vinte anos. Entendeu? Espero que sim.
E sempre conta um ano depois e um ano antes do yakudoshi porque, no Japão, se conta a idade desde que o bebê está no ventre. Eles adicionam um ano à idade porque conta o tempo da gestação. Coisa de japonês. Mamma não vê a minha idade assim. E eu também me confundo às vezes porque meu pai pensa que eu sou um ano mais velha do que o costume daqui.
Esse tempo de um ano a mais da gravidez é chamado de kazoedoshi. E quem não fizer o ritual, vai ter sete anos de azar. Então, vai ter que fazer a festa por sete anos e ir no templo orar muito.
Vou fazer a festa, mesmo sendo uma bem humilde porque meu pai diz que é importante. Mamma não acredita nessas coisas. Mas eu não vou duvidar do Deus de mamma e nem dos deuses de otou-san. Você duvidaria? Não quero azar nenhum. Minha vida já está azarada porque eu vou me casar.
E outra coisa importante, as festas são feitas sempre um ano antes dos anos de azar e no ano de azar. O ano de azar da mulher caiu um ano antes do ano da maioridade. O ano da maioridade para homens e mulheres é vinte anos. Os anos de azar do homem são vinte e cinco, quarenta e dois e sessenta e um. Os da mulher são dezenove, trinta e três e trinta e sete. Os homens também precisam fazer festas. Meu pai já fez. Logo, Nop vai fazer a dele.
E tanto o ano anterior ao yakudoshi, quanto o ano do yakudoshi e o ano depois do yakudoshi são de extremo cuidado porque as desgraças podem surgir num desses três anos. São três anos de possível desgraça. Todo cuidado é pouco. Acho que minha desgraça já começou porque eu vou me casar sem amor.
E pensa só, a mulher tem seu ano de azar um ano antes de se tornar de maior e bem no ano dela se tornar de maior, ela ainda tem que continuar se cuidando contra o azar. Ser mulher é tão difícil. Até quando ela se torna maior, ainda vai ter azar. O azar é eterno.
Estou pensando em fazer algo simples em casa. Já avisei a Sam da festa e convidei ela. Ela disse que vai. Imagino que vai ser diferente a minha família estar com a patroa em casa. Ainda mais que minha casa é muito simples, né? É uma casa de camponeses.
E, para meu azar, é claro que Chin vai estar lá. Ele precisa porque é meu noivo. O que faz ele ser da família. Mas eu não considero ele da minha família. Não aqui no meu coração. Ele não é nada meu.
A felicidade de Sam estar lá é bem maior em meu coração. Se bem que eu não sinto felicidade nenhuma de saber que ele vai estar lá. Nem me sinto feliz de saber que vou me casar com ele. Por mim, ele nem existiria. Mas acho que estou sendo dura com ele porque ele não tem culpa.
Parte de mim pensa que eu deveria ser mais respeitosa com meu noivo. Porque ele é meu noivo e não tem volta. Eu vou ter que honrar minha família com ele por toda a vida. Não tem mais volta. Eu estou presa a isso. Isso que eu chamo de azar.
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Illicit Affairs (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)
Fiksi PenggemarApenas mais uma fic Monsam com nome de música da Taylor Swift. Mas essa aqui é de um caso ilícito. Aqui tem menção á história de verdade. Quem quiser aprender um pouco sobre cultura japonesa, história do Brasil, Japão e da 2 Grane Guerra, esteja à v...