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anna júlia, 2006.

enquanto andavam fabrício encarou a menina que sorria, quando ela virou o rosto e viu que ele estava encarando ela, a mesma corou e desviou o olhar.

decidiram que era melhor ir pelo caminho mais longo, para não ter riscos de encontrar os outros no caminho.

─ eu senti saudades de você. ─  fabrício fala e anna júlia sente seu coração acelerar. a garota olha para o mesmo e o devolve um sorriso triste.

caminharam por mais alguns minutos. não conversaram nada durante o caminho, mas não ficou um silêncio desconfortável. muito pelo contrário, era como se eles dois nunca tivessem se afastado.

e finalmente chegaram na casa de anna júlia. como antigamente entram pela porta dos fundos sem fazer nenhum barulho, não porque a mãe dela não gostasse dele, mas sim para releembrar os velhos tempos.

os velhos tempos em que ele ia na casa dela de noite e eles passavam horas no jardim falando sobre a escolinha.

o jardim era um lugar muito bonito, o favorito de júlia. tinha grama verde, agumas árvores e flores. também tinha ali um balanço.

se enconstaram na árvore. sua árvore.

─ juju, ainda tem nossas iniciais aqui. ─ fabrício falou se referindo a árvore que tinha a inicial de ambos dentro de um coração e embaixo escrito: "melhores amigos para sempre."

júlia riu e se sentou, fabrício fez o mesmo que a garota.

─ por que você se afastou? ─ olhou para a garota que encarava o nada.

ela não sabia como começar. não queria admitir seus sentimentos por ele, ainda era confuso para ela.

─ eu. ─ respirou fundo e continuou. ─ tive problemas em casa, foi bem na época que minha vó morreu. ─  ele se lembrava disso. sempre ia ajudar a garota quando estava chorando pela sua perda. ─ foi na época que o meu pai desenvolveu problemas com o alcoolismo e começou a virar noites bebendo.

um nó se formou na garganta de júlia e seu olhos encheram de lágrimas. fabrício, percebendo isso, a abraçou de lado e fez um cafuné na sua cabeça.

─ ele começou a ficar agressivo e quebrava as coisas dentro de casa. um dia, pouco tempo depois que você foi embora, meu pai chegou em casa e te viu saindo. ele me chamou de coisas horríveis e levantou a mão para mim. quase que ele me bateu, fabrício.
a mãe afastou ele de perto de mim, ela mandou eu subir e trancar a porta do quarto e aquela foi outra noite de discussões e tanto.

"no dia seguinte eu comecei a te ignorar, eu iria me culpar eternamente se eu meu pai fisesse alguma coisa com você e para te proteger eu me afastei. ele conseguiu um trabalho que precisa fazer várias viagens, ou seja, ele não está em casa na maior parte do tempo, o que é muito bom. mas nos dias que ele vem, faz da minha vida um inferno, eu rezo todos os dias para que minha mãe se separe dele, mas ela tem medo dele fazer coisa pior"

júlia terminou de falar com seu rosto vermelho de tantas lágrimas, o coração de fabrício se partiu em mil pedaços. em todos esses tempos ele havia pensando que ela tinha enjoado dele, quando, pelo contrário, ela estava o "protegendo."

fabrício abriu a boca diversas vezes, mas não sabia o que falar. apertou ainda mais o abraço.

ela tinha medo que se pai descobrisse que ela gostava de fabrício. tinha medo que seu pai descobrisse que ambos voltaram a se falar. ela tinha medo dele.

ele afastou a garota um pouco e falou:

─ eu to aqui por você agora. se depender de mim, esse velho nunca mais vai chegar perto de você. ─ ele falou extremamente sério, anaju nunca havia visto ele falar tão sério na vida. ─ você sabe que eu faço de tuo por você.

─ eu sei, fabrício. ─ lágrimas surgiram nos olhos da garota.

fabrício notou seus olhos marejados e a puxou para um outro abraço, repetindo, baixinho, várias vezes que tudo vai ficar bem.

passaram horas ali conversando de tudo, sobre o que tinha mudado nesses anos.

enquanto ambos estavam ali conversando, anita estava do outro lado da cidade com césar.

─ ai amigo, eu sei que nem vai doer.

anita estava certa de que aquilo era apenas um sonho ou melhor, um pesadelo.

decidiu fazer coisas que a anita de 15 anos jamais faria e uma delas era fazer furos na orelha.

─ admiro sua coragem anita.

quando chegou sua vez de furar a orelha, não estava com nem um pouco de medo ou ansiosa ou qualquer outra coisa.

faria 3 furos em cada orelha. ela se arrependeu profundamente disso quando fez o primeiro furo.

─ ai! ─ ela deu um grito. ─ porra, eu não sabia que ia doer tanto.

césar riu de ladinho vendo a amiga sofrer com os outros furos. após terminar de furar sua orelha ela queria registrar esse momento e pediu para alguém tirar uma foto sua com césar.

avisou que tinha que ir para casa, chegando lá ligou desesperadamente para anna júlia.

se desesperou ainda mais quando a mesma não atendia.

depois de longos minutos tentando e tentando desistiu e se jogou na cama, de bruços.

mais longos minutos se passaram e ela viu a porta de seu quarto abrir e de de cara com uma anna júlia sorridente.

─ oi.

─ porra anna júlia, esqueceu que tem celular foi? ─ ela perguntou fazendo a mais velha se assustar.

─ ai, não peguei no celular agora pela tarde.

anita encanrou ela.

─ você tá tão estranha. ─ júlia riu. ─  enfim, e furei a orelha e doeu! ─ ela exclamou quade gritando.

─ jura? eu achava que era isso que acontecia quando alguém furava a orelha. ─ a mais velha respondeu com sarcasmo.

─ júlia, você não ta entendendo o ponto. se isso é um sonho, não era para doer!

júlia refletiu também. na hora que estava com fabrício pareceu tudo muito real, o abraço dele, o cheiro. tudo.

─ ai anita deixa de paranoia. a gente vai dormir agora e ai vamos acordar desse pesadelo.

anita concordou receosa. mostrou a foto que havia tirado com o césar e disse que ia postar no floquinho. assim que entrou no site e postou a foto, ambas sentiram uma sensação muito estranha.

ao abrirem os olhos estavam de volta a sua aparência de 30 anos.

júlia sorriu para anita e disse que estava tudo bem e que havia sido apenas um sonho. mas foi interropida por duas pessoas entrando no quarto.

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⏰ Última atualização: Aug 20, 2023 ⏰

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