Henrique POV
Eu realmente não sabia mais o que fazer com tudo o que sentia, era confuso demais para mim.
Não queria afastar Helena, mas tinha medo de tê-la por perto, de feri-la ou vê-la morrer, afinal, quem iria querer ver a pessoa que se ama morrendo em sua frente?
Não queria que Helena possuisse o mesmo destino que minha mãe, sabia o quanto meu pai ficara abalado com tudo aquilo, deixando de comer muitas vezes e até mesmo se esquecendo de mim para chorar e se lastimar.
Não queria ter o mesmo destino, não era o caminho que eu havia trilhado para mim, certamente não era.
Dizem que o amor supera barreiras, supera tudo, até mesmo o destino, mas não estão certos, não importa quanto amor possuimos dentro de nós, não será o bastante se o destino não estiver ao nosso favor.
Nasci para o mar, assim como Helena nasceu para ser feliz, ter uma família linda, pessoas que a amam, um lar, já eu cresci cercado por mágoas e dor, perdi minha mãe cedo demais, mais cedo do que qualquer um iria desejar, perdi uma irmã, que pouco sabia falar ou andar, apenas um bebê e o mundo foi tão cruel a ponto de tirá-la sem dó de seu corpo diminuto, vivi observando meu pai cair pouco a pouco, desmoronando tão rápido quanto uma pilha de cartas de baralho.
Minha vida mudou assim que meu pai encontrou um barco em um porto da Espanha, era um barco pequeno e velho, destruido e com muitos problemas, porém ele se esforçou de tal forma que o recuperou e eu o segui, hipnotizado por aquela força de vontade que surgira do nada e que fora tão arrebatadora.
Arranjamos nossas coisas e partimos, não tinhamos mais casa em terra firme, o mar e o barco eram nossas casas, e não havia como voltar atrás.
Alguns militantes se juntaram a nós, começamos a saquear, todos os navios possiveis eram saqueados, assim como alguns vilarejos, com o dinheiro aperfeiçoamos o návio até chegar ao estado atual.
Devo dizer que foi uma longa jornada, repleta de lutas, sangue e dor, vi muitos companheiros morrerem em minha frente, porém tinhamos que seguir o nosso caminho.
No começo foi difícil saber que a morte rondava tão próxima, mas aos poucos me habituei a sua presença constante e parei de temê-la.
Vi famílias inteiras serem massacradas, crianças sendo mortas, mulheres estupradas, entretanto aquela era a minha vida, e de certa forma eu era culpado por algumas mortes.
Não digo que não me arrependo nem um pouco, a verdade é que sempre me arrependi de tudo que fazia, mas era orgulhoso demais, ainda sou, e sempre lidei com isso da minha forma, sendo frio e ignorante, depois de tanto anos desaprendi a amar.
Mas Helena surgiu com sua bondade, seus cabelos cor de fogo, seus olhos claros, sua voz macia e suave, seu sorriso contagiante e aos poucos a grossa camada de gelo que envolvia meu coração foi derretendo, mas eu não sabia que aquela fina camada de gelo mantia meu coração inteiro.
Fui tirado de meus pensamentos quando vi Helena e Chad juntos, aquilo realmente partiu meu coração, dividiu-o em dois, por pouco não ouvi o "clac" de seu rompimento.
Meu coração falhou algumas batidas e passou a bater de forma arritmica, comprimia-se em meu peito com força e me senti sem ar em alguns momentos.
Meu rosto ardeu em brasas e raiva, senti uma dor aguda me atingir, algo que nunca havia sentido antes, era uma perda, como se uma parte de mim fosse arrancada violentamente.
Era culpa minha, e eu sabia disso, fora eu que dissera para os dois ficarem juntos, não podia voltar atrás em minhas palavras, mas certamente o arrependimento estava escancarado para mim.
Nos cumprimentamos e segui meu caminho, podia sentir meus olhos arderem, todavia segurei as lágrimas o máximo que pude, não podia demonstrar minha fraqueza.
Não podia chorar, não devia, não tinha esse direito de chorar por um amor que deixei escapar por entre meus dedos tão facilmente como se fosse àgua.
Talvez eu devesse ter lutado mais, ter pensado em outra alternativa, ter feito algo que pudesse retardar essa escolha, mas só iriamos nos machucar mais.
Suspirei pesadamente quando abri a porta de meu quarto, eu sinceramente não estava em condições para comer ou sair de lá, a cama parecia-me tão atrativa e me joguei sobre ela, cai no sono logo depois.
Só fui acordar horas mais tarde quando o barco balançou com força e eu rolei até o chão com o forte movimento, ouvi um tiro de canhão e mais uma vez o barco balançou com força enquanto eu tentava me levantar para ver o que ocorria.
Meus pés falharam algumas vezes enquanto andava até a porta, era difícil manter o equilíbrio quando o barco não parava de balançar.
Praticamente me arrastava pelas paredes até chegar à proa, muitos homens corriam por ali com suas espadas e armas de fogo em mãos, coloquei minha mão sobre a bainha de minha espada e a retirei indo em direção ao amontoado de homens brigando entre si.
Vi ao longe Chad e Helena lutando lado a lado contra dois homens imensos, pareciam montanhas de tão grandes.
Minhas mãos forçaram a espada para frente atingindo um homem no estomago e sua boca se abriu assim como seus olhos se arregalaram em desespero e dor, puxei a lâmina lentamente vendo o sangue escorrer pelo buraco e no aço frio da espada.
Escutei passos atrás de mim e me virei rapidamente, minha espada se chocou com outra e senti algo queimar meu braço assim que uma dor aguda atingiu meus ouvidos devido a explosão de pólvora.
Segurei a espada com minha mão livre enquanto a outra pressionava-se contra o local ferido pelo tiro, conseguia sentir o liquido quente escorrer por meus dedos e pingar contra o chão, mas aquilo não iria me parar agora.
Vi Helena ser jogada contra o chão e empurrei o homem a minha frente para ajudá-la, porém Chad foi mais rápido e ergueu Helena em seus braços e com a mão livre retirou uma pistola de seu cinto atirando no homem a sua frente.
O cheiro de polvora invadiu minhas narinas e o barulho de passos vindo em minha direção me fez girar e encontrar um homem franzino, com as mãos segurando firmemente em sua espada.
Forcei-me contra ele, a lâmina se aproximando cada vez mais de seu pescoço, entretanto foi interceptada por outra espada, a espada do homem franzino.
-Pelo jeito teu "amigo" está te deixando para trás - comentou o homem com um sorriso cinico em seus lábios e aquilo me deixou mais irritado - se eu fosse tu tomaria mais cuidado com os amigos que escolho.
-Calado - forcei-me mais contra ele, mas não pareceu ter efeito nenhum, como se mesmo utilizando toda a força que possuia não fosse o suficiente para movê-lo.
-Teria vergonha de ter um amigo falso como o teu - zombou o homem empurrando sua espada em minha direção me afastando - creio que não iria perdoar uma traição.
-Do que está falando, imbecil? - avancei contra ele, a ponta afiada da espada seguindo para seu coração.
-Da traição que teu amigo está planejando - minha espada foi jogada para longe com um golpe forte da espada do homem.
-Não diga o que não sabe - rosnei avançando com meus punhos cerrados, se não tinha mais espada iria usar meu corpo para derrotá-lo.
-Eu não sei? Talvez seja você que não sabe onde pisa - com um chute no estomago ele me derrubou no chão, não podia imaginar que um homem como aquele pudesse ser tão forte apesar de parecer um ninguém - você está sendo um imbecil.
Senti um chute contra minhas costelas e um soco em minha cara, logo comecei a perder a conciência e não ouvi ou vi mais nada.
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Hey amoras!!!
Sei que demorei e eu sinto muito por isso, estou realmente sem tempo para escrever e ler e tudo o mais.
E sinceramente estou perdendo um pouco minha motivação para continuar, mas nao pretendo parar por vocês que estão lendo.
Deixem suas notas, comentários etc
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Seja meu anjo
RandomUma jovem ruiva se vê longe de casa, rodeada por homens estranhos, em um grande navio pirata, quanto tempo a pureza de seu coração e corpo vão conseguir aguentar a crueldade que seus olhos irão presenciar? Com a pureza de um anjo a jovem ruiva terá...