CAPÍTULO VINTE E SEIS

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—Argos—

Não surpreende as coisas terem saído do controle tão rápido. Não surpreende estarem no território mais instável e perigoso possível. Pelos Deuses, não surpreende Malessa ter levado ninguém menos que um maldito Predador para lutar ao seu lado.

     Mas o que realmente surpreende o vampiro é a facilidade com que os seus Caçadores — irmãos e irmãs — o traíram. Traíram o Complexo. Homens e mulheres com quem treinou e criou laços além do profissionalismo. E tudo perdido para a ganância de ter mais. Mais riquezas, mais poder, mais aceitação.

     Tudo o que podia fazer agora era torcer para que Val e Malessa estivessem seguras. Ele confia o suficiente em ambas para terem sobrevivido. E só os Deuses sabem o quanto Argos quer por as mãos em Drogo.

Ele o mataria. Lenta e violentamente.

     — Está com aquela cara de Caçador assassino de novo. — Asena murmura baixo, ainda querem passar despercebidos por quanto tempo for possível.

     Apesar de Argos ter escutado falatórios exagerados entre Arlo e Zander, ele ouviu o bastante da conversa para julgar ser necessária para acalmar os nervos do Príncipe, ou ele e seu zero controle sobre seu novo e recém ascendido Dom, iria meter todos em problemas logo logo. E Argos já estava cheio de problemas até o talo.

     — Você tá vendo coisas. — o vampiro murmura de volta, quando Kenai segue por outra trilha alternativa, seguindo as informações de Ewrys sobre quais caminhos evitar.

     Não deveriam estar tão longe, se Kenai encontrou esse esconderijo em tão pouco tempo. Argos só espera que seus pensamentos não o matem até lá.

     Asena, teimosa como sempre, sai da fila indiana e começa a caminhar lado a lado com o Líder. Ela sempre faz isso...

     — Não, eu conheço bem as suas caras, Argos. — ela começa com a ladainha de sempre. — Tem a "Não Me Toque, Sou Um Caçador", a "Não Toque Nos Meus Filhos", e a que eu menos gosto: "Vou Te Estripar E Dar Seus Restos Aos Cachorros".

     O Caçador franze as sobrancelhas, não deixando transparecer nada além do que a Terrível Asena já detectou. Ela sempre fazia isso... Era irritante.

     — Não tenho essas caras. — ele resmunga e ela bufa de forma desdenhosa.

     — Esqueci de alguma? — ela finge pensar, então estala os dedos. — Ah... Também tem a cara de "Se Tocar Nos Meus Cabelos, Perde As Mãos".

     Argos grunhe baixinho. Ele sabia exatamente o que Asena queria, e decidiu que não cederia a distração momentânea que ela estava oferecendo. Ele não a merece.

     — Como pode estar tão relaxada depois dos nossos companheiros terem passado uma rasteira das grandes em nós hoje? — ele não se contém, as vezes era difícil entender como a cabeça da bruxa funcionava.

     Asena desvia de um tronco relativamente grosso e teve que se agarrar ao ombro de Argos para aterrissar ao pular com a destreza que só uma Caçadora tem para não fazer barulho algum. Ele esperou por sua resposta ansiosamente, porque queria mesmo saber como ela conseguia.

~ɪᴍᴘéʀɪᴏ ᴅᴇ ᴅᴇᴜꜱᴇꜱ ᴇ ᴍᴏɴꜱᴛʀᴏꜱ~Onde histórias criam vida. Descubra agora