POR TODA MINHA VIDA | Charles Leclerc & Mason Mount

Capítulo Vinte - Por Toda Minha Vida

Camille

Houve certos momentos que eu quis desistir da vida. Fico feliz que de certa forma, apesar de nada saudável e muito menos me orgulhar disso, que eu posso contar esses momentos nos dedos. Duas vezes? Três? Sim, no máximo. Porém, apesar de não parecer, há uma pequena diferença entre querer desistir da vida e querer não existir em um determinado momento. Bom, nesse exato momento, eu bem que gostaria de não existir.

Não existir parecia uma boa saída para o enorme problema, se não, um dos maiores problemas que vou enfrentar em toda a minha vida a seguir. Até porque, a última coisa que eu queria nessa vida, na verdade, a última coisa que eu NÃO queria nessa vida, era meu pai descobrindo sobre meu envolvimento com Bono. E eu tinha certeza absoluta de que levaria esse segredo para meu túmulo.

Apesar de segundos, diria que haviam se passado uns cinco ou dez segundos, o silêncio é estremecedor, assustador e arrepiante. Todo mundo se olhava, enquanto eu permaneço no meu estado de inércia ainda sem acreditar que estou vivendo tudo isso.

— Ninguém vai falar nada? - meu pai volta a falar novamente, me causando um arrepio na minha espinha ao mesmo tempo que eu fecho os meus olhos temendo cada palavra que saia e sairia da sua boca. — Eu escuto esse rapaz... - ele aponta para Charles, com uma das piores expressões que eu já havia visto em toda a minha vida. — Que a minha filha se envolveu com o Bono... - ele balança a cabeça negativamente, como se o que ele fosse falar fosse hipoteticamente impossível para ele. Bem, de certa maneira é hipoteticamente impossível para o meu pai. — Minha filha se envolveu com o Bono. Isso é verdade?

Ninguém responde. Eu olho para o meu pai com os olhos arregalados, negando com a cabeça. Meu coração batendo forte. A vontade de abrir um enorme buraco e me enfiar dentro não sai nunca mais.

— Camille? - papai olha na minha direção. Seu olhar é indiferente e isso me mata por dentro. Eu poderia esperar e até mesmo suportar qualquer tipo de olhar do meu pai, menos a indiferença. A indiferença me mata por dentro, é pior do que qualquer outro olhar que existe. Qualquer um.

— E-eu... - eu começo a falar e olho na direção de Charles e em seguida, Bono. Ambos paralisados. Ambos sem reação. Ambos em inércia.

— Ela não... - Charles começa a falar, recebendo um olhar mortal e furioso do meu pai.

— Você se chama Camille, por acaso? Eu não perguntei a você, Charles. Você é um...

— Charles! - eu caminho rapidamente na sua direção, apoiando as minhas duas mão em seu peito. — Vá embora. Por favor. - eu peço, olhando no fundo dos seus olhos, praticamente implorando.

Ele nega com a cabeça, parecendo inconformado de alguma forma. Seus olhos beiravam a um arrependimento, um arrependimento verdadeiro e genuíno. Ali, eu constatei que ele não tinha intenção alguma de causar o que ele havia causado. E de certa forma, eu também me sentia parte da culpa pelo o que eu estou passando nesse momento. Eu que fugi de Charles, depois de fazer o que eu fiz. Eu o deixei confuso. Eu o deixei sem explicações. Ele só estava tentando entender, enquanto eu, só estava tentando organizar a bagunça que é a minha vida.

— Não, eu... - ele fecha os olhos, respirando fundo. — Eu não...

— Charles, por favor. Por favor.

Nos encaramos por milésimos de segundos, se comunicando somente pelo olhar. Percebi que ele entendeu meu suplico. Apenas se limitou a assentir com a cabeça, olhando mais uma vez para meu pai e Bono, antes de voltar a me encarar novamente.