Capitolo cinquantesimo: Estou perto de achar vocês

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Estava no fim de tarde; as luzes passavam rapidamente e os barulhos dos motores eram altos.

— O que está acontecendo? – Perguntou Cecília, esfregando os olhos. Seu corpo movia de um lado para o outro com brutalidade e foi então que uma alta risada soou.

Cecília percebeu estar dentro de um carro e alguém dirigia com velocidade.

Uma hora antes...

Não dava para saber quem estava do lado de quem, naquela bagunça.

Ítalo carregava Cecília em seus braços para a saída do lugar, quando deu de frente com Katherine na entrada do simples hotel a beira da estrada.

— Se você não me ajudar como prometeu, eu a largo aqui! – Disse Ítalo entre dentes, vendo um carro aparecer e frear bruscamente.

— Vamos, você só terá mais essa chance para se redimir! – Disse Katherine, correndo até o carro e ao fingir dirigir, entregou a chave para Ítalo, o fazendo a encarar assustado.

— "Motherfucker, cosa stai facendo"? – Perguntou Ítalo, entre dentes, a olhando com fúria nos olhos. Katherine sorriu e segurou forte a cabeça de Ítalo, o dando um selar.

Ítalo a encarou assustado, pois, sabia que a Italiana não tinha controle nenhum sobre suas ações, mas aquilo foi a primeira vez.

Katherine tirou uma arma de dentro do coturno e a engatilhou.

— Salvando a nossa vida, para nos vermos livres dessa merda! – Respondeu ela, caminhando em direção ao prédio, mas antes de entrar, se virou para Ítalo e gesticulou com a mão, mandando que ele saísse e em seguida, alguns homens apareceram para a ajudar.

Katherine entrou no hotel e ao ver alguns homens indo apressados na direção deles, ela apontou a arma sem nenhuma dificuldade ou peso na consciência e deu um grito que saiu do mais profundo de sua alma.

— "Ci hai fregato, Muori!" – Disse ela, explicando que eles haviam ferrado com tudo e por isso, morreriam.

Em seguida, ela entrou no quarto onde Roseta estava, mas ao empurrar a porta, apenas um de seus capachos estava lá e sorrindo diabolicamente.

— Katherine, que saudade eu estava de você! – Disse Lucio, apenas um conhecido dela.

Naquele instante, a morena olhou em volta e riu.

— Vejo que existem muitos tolos que ainda a segue fielmente! – Respondeu Katherine, rindo com ironia. Ela revirou os olhos e fez menção de sair, deixando que os outros homens que a acompanhava, cuidasse disso, mas antes que ela desse um passo, o homem a chamou.

— Ei, cachorrinha do Scopelli! – Gritou ele, fazendo com que ela voltasse e completamente irritada.

— O que disse? – Perguntou Katherine, olhando-o friamente. — Você ao menos sabe com quem está mexendo?

— Uma "Barzini" da "Cosa Nostra". Acha mesmo que ninguém notaria uma cadela solta que não aceita ordens? – Disse ele, rindo com humor, voltado a encara-la. — Eu não tenho medo de você, Katherine e o único que te quer por perto é Scopelli. Muitos acham que sua hora já passou!

— Engano seu! – Disse uma voz grave, atrás do homem, causando arrepios. E de repente, o barulho da Colt 1911- calibre 45, engatilhando, fez com que o homem se tremesse.

Ele se virou lentamente, tendo a vista de um homem alto e completamente tomado pelo ódio, apontando-o uma arma.

— Hu-Hugo...- chamou o homem, com a voz trêmula, sentindo-se suas pernas amolecerem feito duas gelatinas.

— Boo! – Respondeu Hugo, encostando o cano da sua preciosa arma banhada a ouro, bem na testa de Lucio. — Vejo que muitos com quem dei meu suor para tirar da miséria, se voltaram contra mim. O homem riu ao ouvir Hugo falar com tanta raiva.

— O mundo é dos espertos! Nós sempre corremos para onde nos oferecem mais. – Disse ele, sorrindo assustadoramente.

— Então admite estar do lado da pessoa que tentou tirar tudo de mim? Admite ter ajudado a torturar minha esposa, quando foi eu quem ajudei a salvar a sua família dos porcos?

Quando Hugo disse aquilo, o homem pareceu se perder em memórias por um mísero segundo.

Hugo havia ajudado muitas pessoas naquela Sicília.

Ele gostava de agir do lado certo; por alguns era temido por não ter piedade e por outros, era como o próprio Robin Wood. Lucio foi um dos favorecidos.

Ele era o tipo de homem que se metia em apostas em jogatinas, mas em uma dessas, Hugo o encontrou e o deu uma segunda chance. Só porque a esposa dele estava grávida e prestes a ganhar seu bebê.

Porém, o homem não respeitou a ordem de Hugo, que o mandou ficar longe dessas coisas e cuidar de sua família; em menos de dois meses, ele estava novamente em apostas sérias de roletas da sorte.

E com uma dívida alta, ele pediu para eu os homens de Hugo não o avisasse sobre sua desobediência e mentiu que iria os pagar. Ele apostou novamente e com o dinheiro que ganhou, dava para pagar toda a dívida, mas e Lucio não se contentou e tentou mais uma vez.

Ele perdeu tudo e foram até a casa dele o cobrar, tirando a vida do filho e esposa.

Lucio se revoltou e culpou Hugo, mas tinha um detalhe na história, não foi Hugo quem mandou aqueles homens.

E sem saber, Lucio o traiu.

O homem o encarou com ódio no olhar e o respondeu de forma ousada.

— Você tirou a minha, mais do que justo que eu faça o mesmo com você! – Disse Lucio, entre dentes.

Hugo sorriu.

— Eu não fiz isso com a sua família, mas farei com você. Isso é pela minha família e pela sua, com quem você não foi Homem o suficiente para honrar. – Disse Hugo o olhando nos olhos e então, o gatilho foi apertado.

E novamente, ele sentiu aquele enjoo tomar conta dele.

Era como se todas as almas com quem Hugo havia brincado, voltassem para o atormentar. Ele estava pagando por terra mesmo, tudo o que fez com outras vidas.

Não importava o quanto Hugo tentava ser bom, sua mão já estava suja de sangue e sua mente carregada de culpa. E mesmo que ele pensasse que era necessário, pois ele estava tentando se vingar pela sua família que ainda estava em perigo, a culpa ainda o perseguia.

— Don, corre! Precisamos ir atrás deles, estão em perigo! – Gritou Katherine, fazendo com que Hugo a lançasse os olhos gélidos e vermelhos de ódio.

— Onde está a madre? – Perguntou Hugo, entre dentes, fazendo com que Katherine olhasse em volta.

Assim que ela balançou a cabeça em negação, Enrico passou pela porta com a feição pálida e um olhar assustador.

— Don, dois carros saíram atrás deles. Precisamos ser rápidos.

Hugo o encarou em seguida e sentiu o desespero tomar conta de sua mente. Cada vez que ele dava um passo em direção a sua amada, se tornava mais longe do que parecia.

Hugo estava no seu limite!

Ele respirou fundo e com seu semblante assustador, olhou para eles na porta e limpou a boca com o dorso da mão, em sinal do descontrole de sua ira.

— Encontre-os e os matem antes!

DESCEDENTES DA MÁFIA- A NOIVA DO CHEFE.Onde histórias criam vida. Descubra agora