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As paredes de tinta amarelo-claro descascando já tinham infiltrações em alguns pontos por conta da central de ar; no inverno as janelas de vidro velho fosco molhavam por dentro; e as cortinas antes cinza pareciam agora meio brancas, desbotadas pelo tempo, deixando passar toda a claridade do sol logo às seis da manhã; o apartamento em si era um cubículo apertado, detonado e mal situado, com capacidade máxima para uma pessoa bem ferrada, com nenhum dinheiro na conta e igualmente nula perspectiva num futuro otimista; a cama de solteiro era estreita e o colchão meio duro...
"Ti-ti... titio Hobi..." Como uma espécie de mecanismo natural desenvolvido pela prática, relógio biológico, sexto sentido, o que quer que fosse, Hoseok sempre despertaria ao menor ruído de chamado naquela voz pequenina e doce. Não importava o quão exaurido estivesse das 12 horas ininterruptas de trabalho, corpo dolorido e a mente cheia acometida por vezes por insônia tanto quanto pesada em exaustão, ele sempre a ouviria o chamar.
"Tô aqui, pequenina! O tio Hobi tá aqui, vem." E, no exato instante que, coçando os olhos com os dedos ossudos e ásperos para espantar de vez o sono ao mesmo tempo que erguia-se sentado no colchão velho; na parcial luz acesa vinda da cozinha pela porta deixada há muito e permanentemente aberta, surgia a pequena e apressada figura de Hope.
"O que foi, pequenina... hum? Teve outro sonho ruim?""Uhum..." Já tendo escalado sua cama com as pernas muito curtas vestidas no pijama de trevos da sorte e feito de seus braços esguios e quentes pelas mangas compridas da camisa preta surrada o próprio leito, mesmo sem saber de fato o que eram sonhos ruins, ela assentia fraquinho com a cabeça, sonolenta; o rostinho bochechudo meio coberto pelo emaranhado caótico dos curtos cabelos negros, amassado contra seu peito; os bracinhos miúdos por cima dos seus ombros do qual uma mão gordinha não tardou em achar uma de suas orelhas mornas de lóbulo preso; um segundo antes de ajeitar na boca a chupeta amarela antes pendendo da correntinha plástica presa à gola da blusa. "Cantar, tio Hobi... a do passarinho... a do passarinho!"
Hope tinha só dois anos e um mês. Ela não entendia nada de inglês como entendia ainda pouco da maioria de todas as coisas.
Só que, como sabia que não teria mais a mamãe e o papai para cuidarem dela, lhe dar comidinha, dar banho e colocar para dormir, brincar consigo e seus muitos brinquedos quebrados e dar beijinhos de amor (Hope só entendia que essa palavrinha era o mesmo que a mamãe e o papai a abraçando e beijando, e quando faziam igual juntos); ela entendeu, porque o tio Hobi disse, que sua música favorita, aquela que ele cantava à noite quando ela não queria dormir, estava dodói ou acordava chorando com a fralda cheia de xixi e a caminha molhada, falava de um passarinho. E porque Hope sabia que passarinho eram aqueles piu-piu bonitos que voam no céu, e gostava muito de vê-los (queria um e o tio Hobi disse que lhe daria um um dia quando fosse maior!), ela amava aquela música. Dormia sempre quando ele cantava.
Ajeitando-se contra a cabeceira da cama para melhor acomodá-la em seus braços, sem outra resposta que não a melhor possível, Hoseok começou cantar.
Adaptando um pouco a letra, como vez e outra improvisava para combinar com o momento e circunstâncias." Agora fique tranquila, minha pequena Hope
Não chore, vai ficar tudo bem
Fique calma, o tio Hobi está aqui
Pra te abraçar a noite toda
Eu sei que o papai e a mamãe não estão aqui
E não entendemos o por quê
Temos medo de como nos sentimos
E isso pode parecer meio louco, linda menina
Mas eu prometo
Vai ficar tudo bem "...
Park Jimin tinha sido o melhor amigo de Jung Hoseok desde o colégio.
O que eles tinham juntos era aquele tipo de amizade espontânea de acontecimento repentino e continuamente crescente, de sentimentos mútuos, compreensão genuína, e tão leve quanto sólida.
As divergências eram raras e as brigas bobas facilmente esquecíveis, numeráveis nos dedos de uma mão; eles se compreendiam como se fossem mera extensão um do outro, combinavam em quase tudo e estavam sempre juntos; nem mesmo a faculdade, ambos em cursos distintos e horários opostos, conseguiu separá-los.
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Be Alright ("Sweet dreams, Sweetie") - {jihope}
FanfictionTodas as noites, há quase um ano, quando os dois sentem medo, Hoseok canta para uma criança órfã. Ele canta sobre estar sempre lá para abraçá-la à noite, que fará tudo para vê-la sorrir, que lhe dará o mundo e que tudo vai ficar bem... Ao perder o...