Capitulo 3 - Correr ou morrer?

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Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come

Os soldados retornaram, encontrando as meninas prontas para partir. A reação imediata delas foi fugir. Thamara agiu rápido, chutou o guarda à frente e começou a correr. Lara a seguiu, quase ficando para trás.

Corriam pelas ruas vazias, o vento frio da nevasca ardia seus olhos, seus cabelos sendo puxados com força ao vento, elas deram o máximo na corrida para não serem pegas. A adrenalina era tão fervente que não conseguiu ouvir nada, elas sabiam que os guardas estavam gritando, mas não conseguiam entender por estar longe o suficiente.

O inverno intenso e imprevisível exibia duas faces na cidade. No lado oeste, a neve delicada caía mais baixa. No entanto, na direção leste, a neve densa e pesada caía furiosamente, impulsionada por um vento forte e intenso. Era para o lado leste que Thalara estava indo.

Desconcertada, Thalara entrou na neve, percebendo rapidamente sua umidade. Um estalo de decepção ecoou de sua boca; suas roupas ficariam molhadas. Ela estava na área arborizada, pensando: "Eles não vão procurar na floresta". Escondendo-se atrás de uma árvore, ela se enterrou na neve para garantir que ninguém a encontrasse.

Thalara, imóvel, sentiu seu coração pulsar intensamente enquanto ouvia murmúrios abafados. "Essas pequenas partículas brancas são eficazes no isolamento acústico", refletiu, ao notar o som distorcido. Uma onda de medo a envolveu, acompanhada de uma sensação de falta de ar. Protegeu o nariz com a mão, prevenindo o contato da neve com suas narinas. Após alguns minutos, saiu para respirar.

Averiguou e não viu ninguém então começou a sair da floresta, com muita dificuldade, pois a neve estava pesada, conseguiu atravessar para a rua, sem perigo, voltou para a escuridão dos becos, quando do nada uma mão a puxar.

- Me larga desgraçado, maldito! – com a respiração frenética se debateu e acertou uma mão no olho daquele indivíduo.

-Ai! – reclamou – sou eu, sou eu! – e levantou as mãos em forma de redenção.

— Mara, me descul... onde você estava? — diz sem fôlego e deu um tapa na cabeça de sua irmã

— Ei, Ei — disse com a mão na cabeça e no olho — eu estava na sua frente, eu entrei pelo mesmo lugar de sempre, mas quando olhei para trás vi que não estava lá — disse por fim.

— eu acabei me perdendo, eu mudei a direção sem querer.

— mas que bom que está bem, vamos para casa e... Você pode trocar de roupa para uma seca e comer um pouco — Analisou Thalara de cima a baixo, olhou para trás, rodeou a irmã por inteira.

— Ai o que foi?

— Sabe, estive pensando aqui, lembro de te entregar uma mochila e de ver você colocando comida nela — esboçou um sorriso fraco e logo em seguida seu semblante se fechou — onde está?

Lara arregalou os olhos não lembra onde foi parar, como explicar isso para sua irmã, elas estavam sem nada para comer no esconderijo, a única dispensa estava naquela mochila, e ela a perdeu, sua irmã percebendo o que já imaginava diz

— não diga mais nada, já entendi tudo — com decepção.

Thalara acatou o pedido para evitar a morte e seguiram para o esconderijo pelos becos da cidade. Não podiam utilizar a rota principal, pois o esconderijo estava sob um orfanato em ruínas. Sua irmã propôs um caminho alternativo: ir até a última rua sem saída e entrar pelo duto do esgoto. detestava essa parte devido ao medo de ratos e baratas, afinal, o local era repugnante e infestado dessas pragas. Mesmo assim, elas seguiram, passando por um túnel amplo o suficiente para que não precisassem se abaixar, embora raspassem a cabeça no teto.

The Hidden Face of ThalaraOnde histórias criam vida. Descubra agora