Capítulo VI- Cores secundárias

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O ateliê estava repleto de tensão desde o momento em que Eleonor entrou, Harry tentava focar em sua tarefa mas não poderia negar um sentimento estranho em seu peito. Ele mexia cuidadosamente os pigmentos, tentando criar novas cores que pudessem ser utilizadas no próximo projeto de Louis. No entanto, sua mente estava inquieta, e ele mal conseguia concentrar-se nas tintas diante de si.

A visão da mulher desconhecida, Eleonor, havia mexido com ele de uma forma que ele não conseguia explicar. A reação raivosa de Louis apenas adicionou mais uma camada de confusão à situação. Harry lembrava claramente das palavras que Louis lhe dissera, que ele era solteiro. A presença de Eleonor contradizia essa afirmação, e ele não conseguia deixar de se questionar sobre a verdadeira natureza da relação entre eles.

Enquanto ele tentava misturar as tintas, os gritos vindos do escritório do artista começaram a ecoar pelos corredores do ateliê. Eram insultos e xingamentos, uma troca de palavras carregadas de raiva e amargura. Cada grito parecia cortar o ar, deixando Harry com um nó na garganta e um aperto no peito.

À medida que os gritos continuavam, Harry encontrou-se incapaz de se concentrar em qualquer coisa além da discussão que se desenrolava a poucos metros de distância. A tensão no ar era palpável, e ele sentia como se estivesse testemunhando uma cena de um filme, algo que não deveria estar acontecendo naquele ambiente.

Então, no meio da discussão acalorada, palavras perfuraram o ar e atingiram Harry como um soco no estômago.

— Você é o pai do filho que estou esperando.

O mundo ao redor de Harry pareceu congelar por um momento. A mulher estava grávida? De Louis? A sensação de choque e descrença tomou conta de Harry. Ele viu Eleonor sair correndo do escritório, como um furacão passando pelo ateliê, batendo a porta atrás de si. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, e o assistente se encontrou atordoado e sem reação.

Louis engravidou uma mulher? Ele mentiu dizendo que era solteiro? Espera aí, ele é hétero? O mundo que Harry conhecera parecia ter desmoronado diante de seus olhos. Ele estava sem chão, com milhões de perguntas e emoções girando em sua mente. O ateliê parecia diferente agora, carregado com uma energia densa que ele não sabia se estava pronto para enfrentar.

O artista finalmente saiu de seu escritório, ainda com a expressão conturbada. Ele acendeu mais um cigarro, a fumaça se elevando como uma cortina entre eles. A primeira ação do artista foi lançar um olhar na direção de Harry, como se percebesse a presença do assistente apenas naquele momento. A irritação parecia ter diminuído, substituída por um misto de exaustão e desconforto.

— Desculpe por você ter ouvido aquilo, Harry. Não era algo que deveria ter acontecido aqui. — Louis falou em um tom mais suave, ainda que carregado com uma mistura de emoções.

Harry gaguejou, lutando para encontrar as palavras certas. Ele estava tremendo, sua voz fraca quando finalmente conseguiu falar.

— E-eu... Louis, você... você gritou com uma mulher grávida. Quem...é ela?

O mais velho soltou uma baforada de fumaça e olhou diretamente nos olhos do mais novo. Havia uma tensão palpável entre eles, como se estivessem à beira de um precipício emocional.

— Eleonor. Esse é o nome dela. Uma história complicada, Harry, não é algo que eu queira discutir agora.

— Mas você disse... você disse que era solteiro. Como ela poderia estar grávida de você? Por que você mentiu?

Louis suspirou, passando uma mão cansada pelo cabelo.

— Eu sou solteiro, Harry. Eu e Eleonor... bem, tivemos algo no passado. Uma relação complicada, terminamos já tem um bom tempo. Eu não esperava ver ela aqui hoje.

The Birth of Venus || L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora