PRÓLOGO

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Era para ser uma noite de festa! Mas a cada passo dado sobre aquelas pedrinhas minúsculas e pontiagudas, Sakura entende que não há nada a festejar nesta situação

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Era para ser uma noite de festa! Mas a cada passo dado sobre aquelas pedrinhas minúsculas e pontiagudas, Sakura entende que não há nada a festejar nesta situação. A fuga lhe roubou o fôlego necessário para manter o mínimo de controle sobre sua respiração e agora seu peito arde com a falta de ar e pesa como uma âncora, afundando-a nas profundezas do desespero. Pelo caminho, seus dedos trombaram com pedras maiores, estavam vermelhos devido aos cortes, os galhos pequenos, secos e quebrados dilacerando pés tão delicados. Não era para ser assim... a frustração aos montes inundando o rosto da mulher de roupa rasgada e suja de terra, marcando a ferro sua face tão bonita com lágrimas escuras, resultado da terra impregnada em seu rosto.

Embora a dor fosse tão insuportável quanto o medo de ser alcançada, Sakura agarra o martelo com força, continua em marcha reta até o casarão da família Uchiha. Até o momento não se permitiu olhar para trás, mas um grito feminino desconhecido a pega de surpresa e assustada, ela perde o ritmo, o martelo quase cai de suas mãos empapadas de sangue, escorregadias. Não demora, entretanto, para recobrar os sentidos e esquecer qualquer som que não fosse o de seu coração batendo forte e audível demais. Arfando alto, gemendo de dor e com os nós dos dedos brancos, aperta com força aquele cabo de madeira talhada e manchada, pronta para qualquer um.

Os momentos de pânico não lhe deram tempo para raciocinar, apenas agir. Não pôde parar e entender a totalidade da tragédia que se desenrolava à sua frente, tampouco teve esse privilégio. Quando deu por si, o senso de auto defesa falou mais alto e agora que as grandes paredes provenciais aparecem logo a uma distância tão tangível, Sakura já formula o que precisa dizer, esclarecer, para que todos entendam que ela não está segura, ninguém está. Não há lua no céu e nenhuma iluminação pode ser vista da casa. Aquela altura, correr ou ficar, já não era uma escolha tão simples. Porque as luzes apagaram? Onde estão os membros daquela família maldita? Quem garante que os riscos que ela corre do lado de fora, já não a aguardam lá dentro, talvez com o presente surpresa de vários corpos jazidos ao chão?

Sua incerteza e vacilação custam caro, pois passadas rápidas são captadas pela sua audição e o coração mais uma vez, naquela noite, ameaça parar. É quem lhe ameaça a vida que se aproxima, Sakura sente o estômago querendo expulsar todo seu jantar, mas engole o início do líquido que seria expelido por sua boca, o gosto ácido invade o paladar e a desnorteia.

As pedrinhas redondas e medianas do início do jardim lhe dão o impulso que precisava para projetar o corpo para frente, o martelo mais uma vez quase é derrubado quando ela deu a volta nas árvores cortadas em formas de animais, tão charmosas de dia e agora estranhamente distorcidas por sua visão turva e prejudicada pela baixa iluminação. O ar fresco daquela noite de 17 de novembro de 1959 jamais seria esquecido, pois é ele que faz viajar o cheiro de sangue e medo, transmitindo seu horror a qualquer pessoa nas proximidades. Sendo esta a única explicação que encontrou para a porta da frente ser aberta de repente, revelando um Sasuke em primeiro momento confuso, mas logo mudando a expressão para desespero.

Maldito Seja TitioOnde histórias criam vida. Descubra agora