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                                                    RICARDO

Acordei no outro dia cheio de enxaqueca, com o rosto vermelho e as mãos geladas, talvez aqueles acontecimentos tenham me deixado traumas, mas enfim, não podemos controlar tudo que acontece.

Levantei da cama e fui direto pro banheiro, nem peguei a roupa para me trocar. Tomei um banho e sai do banheiro de toalha, fui pra cozinha ainda com a toalha na cintura, não pus uma roupa pois precisava abaixar aquele calor que a febre me deixou.

- Misericórdia, virou bagunça aqui é? - vejo Fabiane entrar na cozinha e me olhar.

- Vai cuidar de tua vida, miséria. - ponho o café em uma xícara, a qual tinha escrita "Feliz 25 anos de casamento: Geovane e Fabiano." Receio que foi de uma festa de casamento.

- Que isso no teu braço? - ela vê o curativo que minha tia havia feito no meu braço.

- caí no chão ontem e me ralei - meia verdade.

- Marré um menino besta mesmo. - dou um dedo pra ela e sento na cadeira. - o Marcos chega hoje né?

- É, tinha até esquecido, vou fazer um bolinho de macaxeira pra ele. - bebo o café quente com cuidado, queimando o meu lábio superior sem querer.

- quando eu voltar da escola eu trago. - ela pega o café com leite dela e sai pro seu quarto, essa menina só vive intocada dentro do quarto, misericórdia.

Volto pro meu quarto e visto uma roupa, saindo novamente

Havia mandando uma mensagem pra dona Laila que não iria hoje, sei que é mancada fazer isso no segundo dia de trabalho, mas ela aceitou de boa.

Caminho pela rua em pensamentos distantes, pensando na morte da bezerra, estava andando quase que no piloto automático, nem havia percebido que já estava quase na padaria.

Olho pra frente e vejo aquele beco fino o qual a maluca me puxou pra lá, eu senti uma presença ali dentro, já imaginei que era ela novamente, para atazanar minha vida. Rapidamente fui ali na força do ódio, já preparando todos meus xingamentos possíveis e olhei com o cão no olhar.

Eu não deveria... Eu não deveria ter feito isso.

Mas, quando eu me dei conta, não era ela. Era ele.

Eu o olhei com os olhos completamente arregalados, não consegui me mexer, apertei os punhos com força e senti meu corpo suar frio, minha boca ficou ressecada e engoli em seco. Não sabia se corria ou esperava algo acontecer para que me tirassem daquela situação.

Não pude ver seus olhos ou a cor da sua pele, ele usava uma balaclava/máscara.
Porém o capuz em sua cabeça fazia com que ficasse difícil de ver seu rosto, pois fazia sombra. de tudo isso, a única coisa que eu me impressionei foi ele usar casaco num calor do diabo.

Ele parecia me olhar, estava de frente como se soubesse que eu ia aparecer ali. Ele estava com as as duas mãos no bolso e completamente de preto, usava um casaco estilo moletom com uma calça jeans preta, usava um sapato social de bico redondo de amarrar.

Enquanto nos encaravamos, pude sentir que sua respiração começou a ficar pesada, estava respirando com força e devagar, tão forte que pude ouvir o barulho de sua garganta, como se estivesse rosnando. Seu peito subia e descia devagar, minhas mãos começaram a suar pela tensão e pude sentir a adrenalina preencher meu corpo. Ouço alguém me chamar e olho pro lado.

- RICARDO! Encontraram um monte de garoto morto lá na esquina menino! - Vejo Benedita me chamar.

- o que? quem? - olho pra ela curioso, seu chamado me fez sair do transe. Olho novamente para o beco e vejo que ele não estava mais lá.

O dono do morro e a luz da serra (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora