Não procurei entender o que os meus olhos estavam vendo. Não tinha tempo ou paciência para aquilo. Eu preciso chegar mais perto.
Não resistindo, saí correndo pelo lado direito da sala e em meio à pouca luz do cenário, abracei o corpo que me aguardava.
- Eu esperei tanto por isso filho - a voz grave e mansa dele chegou até meus ouvidos. Era o papai.
Tentei me mover um pouco para contemplar seu rosto, mas ele continuou a me segurar e eu entendi que aquele momento devia durar o quanto pudesse, não havia pressa. O calor da temperatura já não me preocupou, a sede já não tinha mais importância. Apenas esse abraço era o que eu precisava me concentrar. Meu porto seguro do qual eu achava que nunca mais habitaria.
- Eu também... Eu... - ele me puxou para ainda mais perto. Meus olhos começaram a ficar enxarcados e eu devia chorar, sei disso, mas não consigo, não agora. Minhas lágrimas estavam começando a se misturar com algumas risadas minhas e dele.
Nos separamos por um instante e como uma criança boba ao ver um doce, eu estava fixo no rosto do papai.
Os cabelos loiros deles caíam até os ombros, a barba rala era completa e marcada por uma mancha de pelos brancos próximo ao queixo e os olhos amarelos continuavam ali. Ele estava vivo e eu ainda não podia acreditar.
- Mas como ? Eu achei que..
Ele segurou meus ombros e senti que devia ouví-lo. Mesmo que todo o meu corpo estivesse em êxtase.
Papai estava usando uma calça escura, um par de botas marrons, um casaco bege e um tipo de cachecol, era parecido com os mantos que os rebeldes da tempestade estavam usando.
Ele cheirava a areia do deserto.
- Léo, preciso que respire, está bem ? - ele sorriu para mim.
- Tudo bem, posso tentar, mas...
- LÉO.. - Seu tom de voz mudou, não estava irritado, mas levemente impaciente.
Me retrai um pouco, talvez eu esteja passando dos limites.
- Vamos ter tempo para por tudo em dia. Não precisa ter pressa, estamos seguros aqui e fazem cinco anos que não nos vimos.... só quero que fique calmo - Ele andou até o fundo da sala e acendeu mais uma lâmpada -. Olha só para você, está praticamente um homem.
" Um homem", então eu consegui me tornar aquilo que eu sempre quiz ser ? A promessa que eu tinha feito para ele havia se cumprido ? De um garoto passei à um adulto.
- Eu segui os seus passos pai. Tentei protegê-las ao máximo, porém a minha vida se transformou num verdadeiro inferno nos últimos... meses e a Victória..... - Me atrapalhei nas palavras.
- Já sei de tudo Léo, sei o quanto você sofreu e toda a dor que carregou e sinceramente.... - ele ergueu meu rosto um pouco mais para cima - estou muito orgulhoso de você.
- Não está bravo por eu ter sido capturado e ter deixado a mamãe com estranhos e ainda ter perdido a Victória para as mãos desses monstros do império ? - falei, limpando parte das lágrimas que ainda insistiam em cair.
- Bravo ? Não, não. Eu me sinto feliz pois sei que mesmo tendo sido capturado fisicamente, você não deixou que Paradius te prendesse aqui dentro - sua mão tocou no meu peito esquerdo. - Sua mãe está segura com os outros rebeldes e a Victoria se foi, mas tenho a completa certeza de que você se esforçou para garantir que nunca faltasse um prato de comida para ela, um cobertor ou um remedio que fosse. Há uma paz na minha mente e você à está causando.
Havia tanto os que falar para ele. Eu devia perguntar sobre o que ele tinha vivido ao lado da capitã? Por que tinha rompido relações com a tia Luiza? Como está vivo esse tempo todo ?... por onde eu deveria começar.
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TEMPORADA DE CAÇA
AcciónPlagio é crime. Previsto no artigo 184 do código penal, fica proibido a violação dos direitos autorais. No ano 2035, a 3ª Guerra Mundial estorou e nos conflitos foram usados diversas armas nucleares acarretando em inúmeras nações dizimadas e terri...