CONTO: capítulo 1

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Numa noite escura e enevoada do povoado de São Bento, interior do Brasil, a jovem Amanda terminava mais um dia de expediente no mercadinho que ela trabalhava. Ela olhou para o relógio em seu pulso, verificando as horas.

"Droga!", sussurrou baixinho ao ver que já era tarde da noite.

São Bento não é uma cidade muito populosa, mas é grande e rodeada de uma vasta floresta. É muito comum que os habitantes atravessem a floresta para cortar caminho e chegar em casa mais rápido. Amanda iria fazer isso pois estava apressada demais para seguir o caminho que normalmente ela segue para chegar em casa. Já estava tarde e ela ainda precisava terminar alguns trabalhos da faculdade. Não teria mal algum ao fazer isso, afinal, todo mundo fazia.

"Merda de emprego!", reclamou, enquanto colocava um cigarro na boca, acendendo-o.

A medida que Amanda penetrava mais a fundo na floresta, a escuridão parecia engoli-la, fazendo as árvores parecerem figuras sinistras prontas para se mover a qualquer momento. Passos se confundiam com sussurros, e galhos estalavam como ossos quebrando.

De repente, um ruído agudo rasgou o silêncio, fazendo Amanda parar bruscamente. Ela não era o tipo de pessoa que tinha medo facilmente, muito menos do tipo que acreditava nas histórias que os mais velhos moradores de São Bento contavam. Amanda se considerava cética. Pelo menos até antes de ver o que estava prestes a acontecer.

Sons de pássaros que pareciam agourá-la continuavam a aumentar, assim como o som de galhos sendo quebrados; parecia que alguém estava se aproximando.

Amanda começou a andar apressadamente, quase que correndo.

"É apenas um animal", repetia a si mesma enquanto andava apressada, olhando sempre para trás na tentativa de ver o que poderia ser aquilo. Mas logo ela avistou algo a alguns passos a frente.

Seus olhos se fixaram em uma figura escura à distância. Era uma sombra, mais densa e mais imponente do que qualquer coisa que ela já tinha visto. Ela podia sentir o medo se apoderando de suas entranhas. Seu corpo tremia, sua respiração falhava.

A sombra começou a se mover, deslizando entre as árvores, aproximando-se lentamente de Amanda. Ela tentou recuar, mas seus pés pareciam presos ao chão.

Com uma lufada de vento, a sombra envolveu Amanda, cobrindo-a em trevas. Ela sentiu um arrepio gélido percorrendo sua espinha, enquanto sussurros indistintos ecoavam em seus ouvidos. Um odor forte de enxofre adentrou as suas narinas, fazendo-a sentir um leve queimor.

De repente, a sombra se dissipou, deixando Amanda sozinha na escuridão. Ela olhou ao redor, sem acreditar no que tinha acabado de acontecer.

Amanda, ainda tremendo, continuou às pressas o trajeto até a sua casa. Depois daquele dia ela jamais seria a mesma. Ainda podia sentir o cheiro entranhado nas suas narinas, assim como a presença daquele ser perto dela.

A sombra na floresta (CONTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora