Me And The Devil ( Em Andamento)

26| Um poço sem fundo

Ian havia me deixado em casa, após termos feito aquilo em seu carro.
Não consegui falar muito coisa depois dele ter me feito tocar os céus e voltado.

E ele, claro, não me incomodou. Apenas sorriu de um forma dominadora, afastou uma mecha do meu cabelo e beijou o topo da minha cabeça.

Lembro que ele havia dito algo como, " até mais " indicando que nos veríamos novamente. 

Muitas coisas haviam acontecido durante o tempo em que ele estava me tocando.  Nunca havia me sentido tão completa. Era uma sensação  que eu nunca havia sentido antes, e não tinha nada a ver com o fato dele estar com seus dedos enterrando em mim, mas sim com algo muito mais sensível.

Era como se uma teia muito forte tivesse me ligado à ele e, por alguns segundos, senti o que ele sentia. Isso havia me feito ficar em completo silêncio durante o restante do caminho, juntando com o quanto era sobrenatural o querer do meu corpo pelo dele.

Não  era normal.

Mas não tive muito tempo para se quer pensar nisso, pois as imagens de Ian  me excitando eram mais fortes do que eu, atrapalhando meu trabalho.

No entanto, hoje não era dia de trabalho... hoje era dia de Alice e eu sairmos da rotina. Pelo menos duas vezes no mês nós fazíamos isso juntas. Fosse manicure, cabelo,  depilação a laser, massagem e compras.

Mesmo que os últimos acontecimentos tivessem nos distanciado, eu ainda chamei e ela, graças aos céus, aceitou. Talcez, um dia na companhia uma da outra pudesse nos fazer voltar ao que éramos antes de meses atrás.

Aliás, era o nosso spa day, e nada acabaria com esse curto momento em que esquecemos de quem realmente somos ou de nossos problemas, e aproveitamos o que as boas lojas da cidade podem nos proporcionar.

ㅡ Marie! ㅡ me chama, estralando os dedos, fazendo com que eu a olhe.ㅡ Hello! Terra chamando Marie!

Pisco algumas vezes, notando a manicure rir.

ㅡ Desculpe, sobre o que falava? ㅡ pergunto, ignorando o barulho da televisão e das mulheres conversando sem parar.

Alice me olha com tédio,  mas logo sorri.

ㅡ Eu quero saber em quem você estava pensando.ㅡ me dá um sorriso malicioso.ㅡ Não pense que não percebi que chegou atrasada ontem.

Ergo as duas sobrancelhas, a fitando.
Alice parecia não ter dormido bem, suas olheiras estavam mais fundas e, embora estivesse sorrindo, ele não chegava aos seus olhos. Sem sombra de dúvidas, havia algo que ela não tinha mencionado durante as nossas conversas do dia.

ㅡ Estranho, normalmente é Cora quem nota.ㅡ afasto os pensamentos tendenciosos, mas o sorriso de Alice falha, e ela desvia o olhar para as próprias unhas quase prontas. Eu conhecia aquela expressão o suficiente para questionar se tinha algo de errado. ㅡ O que foi? Brigou com a vó?

Ela nega.

ㅡ Não, apenas me estressei. ㅡ suspira.ㅡ ela não quis tomar remédio  para uma dor de cabeça aí...ㅡ parece pensar, ainda sem me olhar.ㅡ acabamos discutindo e ela não saiu mais do quarto.

Cora? Tomar remédio?
Eu realmente tinha estranhado o comportamento da minha avó de não estar plantada na janela, como sempre faz quando eu me atraso, esperando eu voltar. E de não ter saído pela manhã, ou o restante da noite.

Talvez o chá não tivesse o efeito de curar a dor, e sim de fazê-la dormir para não ter que sentir. Ou só não tinha funcionado e ela havia preferido dormir.